Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Juvenal Galeno

 

Sextilhas

 
Quando a morte chega em casa,

A casa faz alarido,

Parece até que se arrasa

Sob as chamas de um incêndio;

O povo está reunido

Quando a morte chega em casa.

 

Ela vem buscar alguém,

De quem precisa por certo;

Não se importa com ninguém

Que chore ou que se lastime,

Esteja distante ou perto,

Ela vem buscar alguém.

 

A morte não quer saber

Se é preto como urubu,

Se aquele que vai morrer

É branco qual uma garça,

Se tem pratas no baú,

A morte não quer saber.

 

Não lhe pergunta qual é

A sua religião,

Se Sancho, Pedro ou José

É o seu nome de batismo,

Nem a sua profissão

Não lhe pergunta qual é.

 

Não quer saber se ele tem

Uma candeia com luz,

Se pratica o mal ou o bem,

Se tem mais fé com o demônio

Do que mesmo com Jesus,

Não quer saber se ele tem.

 

Nem procura examinar

Se tem filhos ou mulher;

Se esse alguém vai-se casar,

Se tem pai e se tem mãe,

Nada disso a morte quer,

Nem procura examinar.

 

Para a morte não existe

Anéis de grau de doutor,

Nem homem alegre ou triste,

Nem mulher bonita ou feia,

Saúde, beleza e dor,

Para a morte não existe.

 

Para o pobre, para o rico

Nunca tem contemplação;

Como o corvo bate o bico

Por cima de um peixe podre,

Ela vem de supetão

Para o pobre, para o rico…

 

O cristão ou o pecador

Ela conduz sem ruído,

Não perde tempo em clamor,

Em atenções e conversas,

Leva sem tempo perdido

O cristão ou o pecador.

 

O que segue vai com unção,

Rogando com fervor terno

Ao santo da devoção

Que o afaste do diabo

E dos horrores do inferno,

O que segue vai com unção.

 

Mas ele mesmo é quem faz

Os prantos ou gozos seus;

Na tempestade ou na paz,

Essa questão de ficar

Com Satanás ou com Deus,

É ele mesmo quem faz.


Do livro Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita