Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Tristeza e infância


Não basta saber, é preciso aplicar. Não basta querer, é preciso também agir
. Goethe


As emoções tomam parte na vida de todas as pessoas. A tristeza, então, ainda que malvista pela sociedade, é uma emoção natural tal qual a alegria, a ira e o medo. Estar triste cumpre uma função adaptativa e relevante para o equilíbrio emocional do ser humano. De fato, se soubermos manejar a tristeza, esta emoção nos auxiliará a superar muitos dos problemas que irão aparecer ao longo da vida.

A tristeza, já na infância, implica aprendizado importante, porque é emoção tão normal à criança como a alegria ou o vibrante estado de ânimo ou curiosidade. Toda criança necessita experimentar a tristeza, pois isso coopera com a construção de uma personalidade forte, empática e sensível ao mesmo tempo.

No dia a dia, uma criança pode sentir-se triste devido a acontecimentos diversos: uma mudança de casa, uma mudança de escola, uma viagem longa de um dos pais, a morte do animalzinho de estimação…

Em relação à tristeza, os pais ajudam a criança simplesmente permitindo que ela expresse seu pesar, sua necessidade de choro ou de um episódico recolhimento.

Sentir-se triste nunca é sinal de debilidade, mas um estado emocional que todos nós estamos sujeitos. Por isso, quando você perceber seu filho triste, procure compartilhar com ele o que você faz quando está triste, oferecendo, dessa maneira, subsídios para o enfrentamento da sua própria tristeza, escutando-o com respeito e  atenção, porque é muito significativo saber que temos tempo e espaço para nos colocar diante de nossos pais quando somos pequenos. 

Sobre a raiva, o medo, a tristeza, os pais nunca podem esquecer que é uma atitude violenta rir ou menosprezar os dramas das crianças, pois o sofrimento nos alcança desde a tenra idade.

Por fim, quando estamos diante de uma criança triste, simplesmente lançar mão do silêncio e de um abraço – um abraço é sempre terapêutico porque ajuda a criança a se sentir segura, reduzindo tensão, revigorando vontade e autoestima, que são elementos que impulsionam naturalmente a superação da tristeza – emoção básica e que cresce em nós sempre que perdemos algo, nos sentimentos sozinhos ou rejeitados.

Notinhas

Para muitos de nós, testemunhar nossos filhos pequenos chorarem, ou vê-los tendo uma explosão de raiva é difícil. Nós sentimos sua dor, mas também nos sentimos desconfortáveis e só queremos fazê-los parar. Essa é uma reação muito compreensível. Contudo, nossos filhos, e desde pequenos, precisam expressar seus sentimentos. Precisam aprender que não há nada de errado em sentir tristeza, raiva, medo. Pois sentimentos que são expressados não ficam reprimidos e essa é uma rica lição para as crianças aprenderem desde cedo na vida. Além disso, o contato com os sentimentos ajudará a criança a aprender a regular a intensidade deles. No futuro, serão pessoas mais capazes de fazer escolhas acertadas com relação ao que sentem.

Os filhos têm os pais como espelhos. Se os pais transmitirem mensagens de equilíbrio ou mesmo de busca por equilíbrio, é isso que será assimilado pelos pequenos. Quando a criança está triste, oriente-a a ter respirações profundas, acomode-a perto de você, sinta o seu coração e a ajude a se equilibrar oferecendo a si mesmo como referência.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita