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por Vladimir Polízio

 

Cantiga da esperança


Nunca perder um instante sequer das oportunidades que a existência nos oferece é uma bênção que deve ser exercitada a todo instante.

Um sorriso e um semblante sereno e jovial pode ser estampado no rosto de qualquer um, desde que o coração esteja leve e aberto para a paz.

Os benfeitores insistem: “Sem amor no coração, não teremos olhos para a luz”; “As lágrimas são também uma chuva benéfica que refrigera o coração”. Ainda sobre os valores do sentimento, eles lembram: “Os anjos choram de júbilo nas regiões celestes, quando um coração sofredor se levanta do abismo...”.

Através da psicografia, Chico Xavier recebeu da poetisa Maria Dolores este belo poema que fala dos dissabores e alegrias da vida. 'Cantiga da esperança':

Alma querida,// Por mais que o mundo te atormente// A fé simples e boa,// Por mais te lance gelo na alma crente,// Na sombra que atraiçoa,

Alma sincera,// Escuta!...// Sofre, tolera, aprende, aperfeiçoa,// porque de esfera a esfera,// Ninguém consegue a palma da vitória,// Sem apoio na luta.

Espera, que a esperança é a luz do mundo// – Oculta maravilha –// Que, em toda a parte, se revela e brilha// Para a glória do amor.

A noite espera o dia, a flor o fruto,// O espinho a rosa, o mármore o buril,// O próprio solo bruto// Espera o lavrador// Armado de atenção, arado e zelo...

O verme espera o sol para aquecê-lo.// A fonte amiga que se desentranha// Do coração de pedra da montanha,// Enquanto serve, passa e se incorpora// Aos encargos do rio que a devora,// E espera descansar,// Quando chegue escondida// A paz da grande vida// Que há no seio do mar.

Seja o que for// Que venhas a sofrer,// Abraça o lema regenerador// Do perdão por dever.

Leva pacientemente o fardo que te leva,// Entre o rugir do vento e o praguejar da treva...

Abençoa em caminho// Os açoites da angústia em torvo redemoinho// Onde não passas, coração// E segue sem parar,// Amando, restaurando, redimindo...// Edificando, em suma,// Não te revoltes contra coisa alguma!...

Ao vir a tarde mansa,// Na doce quietação crepuscular,// Quando a graça do corpo tomba e finda,// Verás como foi alta, nobre e linda// A ventura de esperar.

E, enquanto a noite avança// Para dar-te as visões de uma alvorada nova,// Nas asas da esperança,// Bendirás a amargura, a dor e a prova,// Agradecendo à Terra a bênção de entendê-las.

Subirás, subirás// Para o ninho da luz nas estâncias da paz,// Que te aguarda, tecido em radiações de estrelas!...

Então, compreenderás// Que, além do mais Além –// No Coração da Altura –// Deus trabalha, Deus sonha, Deus procura,// Deus espera também!...

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita