Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Rodrigues de Abreu

 
De passagem…

 

Irmão, enquanto gemes,

Cresce a erva para curar-te as dores,

E enquanto dormes

A pedra te sustenta a habitação.

 

Enquanto te desfazes em revolta,

O verme permanece trabalhando,

Submisso ao Senhor,

No preparo do chão para que a vida não cesse.

 

Enquanto te confias

A impropérios da queixa,

Dispõe-se a gota d’água

A socorrer-te a sede.

 

Enquanto te enveredas

No labirinto imenso

Da palavra insincera ou do tempo perdido,

O minúsculo grão

Desenvolve-se, humilde,

Para atender-te a fome e ajudar-te o celeiro.

 

Ao redor de teus passos,

Tudo clama — “que fazes?”

Entretanto,

Guardas ouvidos surdos

E as tuas mãos inertes

Rogam, em vão, o amparo

Que deviam por si mesmas,

Enriquecendo o bem para a luz imortal.

 

Abre o teu coração

À glória da verdade e à fonte do amor

Que dimanam sem termo

Do Coração da Vida,

Para que o Sol Divino

Encontre no teu peito

O instrumento ideal de manifestação,

Porque a bênção do corpo

É qual a flor da erva,

Hoje brilhando ao céu, amanhã, semimorta…

 

E o Pai Justo e Bondoso

Que rege o grão de pó e as estrelas suspensas

Vela, agindo conosco,

Dentro e fora de nós,

Perguntando a nós todos,

Em cessando o minuto:

— “Meu filho, que fizeste?”

 

Da obra Nosso Livro, de autores diversos, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita