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por Altamirando Carneiro

  

Aparições de Jesus após a sua morte


A maneira como os evangelistas Lucas e João relatam as aparições de Jesus após a sua morte, não deixa dúvidas de que o Mestre surgia, nessas ocasiões, com o seu corpo perispiritual. Ele apareceu a Maria Madalena no seu sepulcro. (João, 20: 11 a 18) e, naquele mesmo dia, apareceu a dois de seus discípulos em Emaús. (Lucas, 24: 13 a 35). Surgiu novamente quando Tomé, incrédulo, precisou tocá-lo para certificar-se de que era realmente o Mestre. (João, 20: 24 a 29). Mais uma vez mostrou-se na margem do mar de Tiberíades (João, 21: 1 a 8). Em outra ocasião, conduziu os discípulos para Betânia e, tendo lavado as mãos, os abençoou (Lucas, 24: 50 a 53).
Ninguém que estivesse encarnado apareceria e desapareceria subitamente. Quando alguém está encarnado é visto por todos e isso não acontecia com Jesus naquelas situações, quando uns o viam e outros não. O Mestre foi enxergado apenas pelos que ele quis que o vissem. O encarnado não teria condições de penetrar em recintos fechados, como Cristo o fazia. A linguagem dele carecia da vivacidade da conversação dos homens. Falava em tom breve e por sentenças. Sua presença causava, ao mesmo tempo, surpresa e medo.

Seus discípulos não lhe falavam com a mesma liberdade de antes, pois sentiam que ele não estava mais encarnado. Isso acontecia porque ignoravam o fenômeno das aparições. Não havia curiosidade em descobrir a origem desse fenômeno. O fato de verem e tocarem em Jesus bastava para acharem que se tratava de seu corpo ressuscitado.

As descobertas da ciência, longe ainda daqueles tempos, não davam ao homem da época a noção de que "os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o mesmo que a mão para o homem. Pelo pensamento eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou os dispersam. Organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinada. Mudam-lhes as propriedades como um químico muda as dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual". (A Gênese, de Allan Kardec, capítulo XIV, item 14.)

Essas transformações resultam de uma intenção ou podem ser produto de um pensamento inconsciente. Essa é a razão pela qual um Espírito se faz visível a um encarnado que possui a visão psíquica. Se mostra com a aparência que tinha quando vivo, na época em que o encarnado o conheceu, mesmo se depois o Espírito tenha tido outras encarnações. Se possuía um defeito físico, apresenta-se com ele, pois retrocedendo seu pensamento ao período do referido defeito, o perispírito lhe toma imediatamente as aparências que deixam de existir logo que o mesmo pensamento para de agir. Também o pensamento do Espírito cria, fluidicamente, objetos que ele estava habituado a usar.

O maior milagre  Na Revista Espírita, de Allan Kardec, há inúmeros relatos dessa natureza. São curas, aparições, possessões, dupla vista e outros semelhantes a tantos narrados nos Evangelhos. Portanto, seria uma aberração o fato de terem, nos nossos dias, uma causa natural e que tivessem uma causa sobrenatural, no passado.

O maior milagre de Jesus foi a revolução produzida pelos seus ensinamentos. "(...) Nada escreveu; entretanto, ajudado por alguns homens tão obscuros quanto ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão pela qual dizemos que o triunfo alcançado por sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecessem de nome." (A Gênese, capítulo 15, item 63.)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita