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por Jane Martins Vilela

 

Hora da luz


“Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras eram más. Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus.” – Jesus (João, 3:19-21)


Espíritos milenares, uma longa caminhada através das reencarnações nos guiou da obscuridade à luz, da ignorância para o conhecimento, do mal para o bem, do ódio para o amor. Um aprendizado constante, através dos milênios. A culpabilidade do Espírito se encontra na consciência que tem do mal que pratica e este pode, sim, na medida em que desperta, aceitar o amor e o bem, como sendo as luzes que hão de guiá-lo rumo à ascensão.

A ignorância cede lugar ao conhecimento e a claridade banha a humanidade, cansada de conflitos, desejosa de amor e paz. Temos tido o conhecimento de que muitas lideranças das regiões inferiores das sombras estão sendo convidadas ao amor, em centros espíritas do Brasil e do mundo todo. Pequenas fileiras abençoadas do Cristo na Terra, servindo ao propósito do amor e do bem. Os grandes líderes das trevas chegam às reuniões, e isso não é novidade, dadas as comunicações que vêm sendo feitas em toda a parte, num socorro divino, enfurecidos, dizendo que Jesus sempre lhes respeitou os domínios e que agora está invadindo tudo, libertando seus escravos e acabando com seus exércitos. Estão cansados do próprio mal. A evolução, imperiosa, vem bater às suas portas. Mas o medo é seu domínio, e devido ao medo que sujeitam aos seus e a todos, vendo-se culpáveis, estão com pavor do processo de reencarnação, em que haverão, dizem eles, de renascer em corpos disformes, com retardo mental grave, eles que usaram a inteligência para o mal. Estão presos na lei de Talião e não no amor libertador.

Com referência a isso, lembramos o livro Boa Nova, de Humberto de Campos, da psicografia de Chico Xavier. Nos escritos sobre o encontro com Nicodemos, quando Tiago responde a Jesus que o processo de redenção é baseado no olho por olho, dente por dente, Jesus o esclarece, como aqui reproduzimos:

“Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos. Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma determinação de amor. Acima do ‘não adulterarás’, do ‘não cobiçarás’, está o ‘amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento’. Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra? Contudo, não estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano. E, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados. Se nos prendemos à Lei de Talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento”.

Belíssimas e esclarecedoras as palavras de Jesus a Tiago. Verdadeiramente, o amor cobre uma multidão de pecados.

Os irmãozinhos que lideram as trevas e estão apavorados nas reuniões mediúnicas necessitam ser esclarecidos de que Deus é todo amor, toda a bondade e que sua justiça pode ser feita escolhendo o amor. A dor vem caso haja a permanência no mal, por rebeldia. Espíritos calcetas e rebeldes necessitam da dor como remédio. Tudo, no entanto, pode ser minimizado com o amor como solução.

Ainda temos muito o que aprender. E eles também. Muitos estão desesperados porque reencarnarão em corpos disformes, pelo que já fizeram. Não é bem assim. O amor, sendo escolha, as dores serão diminuídas.

Dias atrás, numa reunião mediúnica que frequentamos, um Espírito que se disse estar comandando as hostes do mal há mais de mil anos manifestou-se assim, com esse temor. Disse ao doutrinador que somente uma pessoa, ele, pela vivência cristã que lhe observou, seria capaz de demovê-lo da ideia do poder e do mal e levá-lo para Jesus. Mas estava apavorado. Disse ser de uma inteligência superior, morrendo de medo de reencarnar como um retardado mental, num corpo que lhe não daria possibilidade alguma, somente sofrimento e dor. Foi preciso que o doutrinador lhe acenasse com a esperança, dizendo-lhe que Jesus o chamava de volta para o aprisco e que o amor falaria muito mais alto. Que ele aprendesse a amar, a fazer o bem e não necessitaria de encarnação tão dolorosa, se ele a temia tanto, mas se ele a aceitasse, dada a sua inteligência. Foi convencendo o Espírito que, ao se entregar, disse: “Sinto muito sono. Finalmente conseguirei dormir, o que não consigo há mil anos! Perdão pelo que fiz a você e à sua família! Se pudesse ver o que eu fiz aos seus, nesses anos todos! Perdão! Finalmente, vou dormir um pouco!”.

Precisamos aprender muito, para não nos colocarmos na posição de Tiago, na conversa com Jesus. Iluminemos os nossos mais profundos sentimentos. A hora das trevas está findando e o amor será a luz que iluminará toda a Terra!


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita