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por Silas Lourenço

 
Alguns aspectos da prece


A prece ou oração pode ser escrita, falada ou apenas em pensamento através dos quais nos dirigimos diretamente a Deus ou a seus prepostos. As preces possuem em geral três objetos. As que pedimos, as que agradecemos e as que louvamos. Como bem elucidou a Espiritualidade Superior em O Livro dos Espíritos, na questão 659. Realmente, o contato com a Divindade possui, em geral, estes três objetos.

E os nossos pedidos superam em muito os agradecimentos, pois comumente, depois de pedirmos, apenas nos “esquecemos” de agradecer. Ou, quando numa amnésia absurda desconsideramos qualquer interferência divina, ou espiritual, e atribuímos aos nossos esforços o mérito de qualquer obtenção. Ou ainda, numa ingratidão inominável, atribuímos ao acaso os resultados benéficos que nos atingem.

Houvesse um caderno no qual anotássemos a quantidade dos nossos pedidos ao Pai Celestial, deveria haver o mesmo número de agradecimentos. Nessa imaginada contabilidade certamente estaríamos “no vermelho”.

Não desconsiderando também que muitas pessoas a título de louvor se põem numa verdadeira bajulação enfadonha, esquecendo-se de que sendo o Nosso Pai Onisciente, saberá tudo o que se passa em nosso íntimo e, portanto, somente em nosso desfavor pesarão as palavras ditas nestas condições.

Devemos fazer outra consideração sobre os motivos de nos dirigirmos ao Pai Celestial, trata-se de que sendo as Leis imutáveis e irrevogáveis, nossos atos infracionais nos vinculam aos seus resultados.

Num exemplo raso sobre um fato corriqueiro da vida cotidiana, uma breve caminhada, a possibilidade de uma queda não poderá ser evitada pela alteração das Leis da Gravidade, sendo inúteis pedidos deste jaez. O certo é que somente com atenção, cuidado e respeito aos nossos limites físicos poderíamos evitar a possibilidade de uma queda, e isso sim, pode ser objeto de pedido ao Criador.

Moralmente não se pode supor que nossos pedidos serão ouvidos, caso sejam contrários às Leis Morais.

Certa feita, pela televisão, assistimos atônitos a alguns corruptos inescrupulosos orando e pedindo proteção para o crime que estavam cometendo. Um absurdo!

O não roubarás é moralmente reprovável há pelo menos quatro mil anos e o ser humano ainda imagina ser possível mascarar este ato nefando com palavras vazias de qualquer conteúdo moral. Lastimável!

Para o mínimo de eficácia, primeiramente se deve considerar os atributos da Divindade, e só então, com o máximo de humildade possível, nos pormos em prece. Imaginar que Deus é um pajem que nos atenderá em nossos caprichos, nossas birras, é infantilidade psicológica.

E quanto aos resultados? A humildade nos dará a resposta: submissão Cristã, ou seja, envidar todos os esforços para a obtenção do que se quer, e aceitar qualquer resultado advindo. Sempre ter em mente o provérbio popular: “O Homem propõe, e Deus dispõe”.

Estamos encarnados para evoluir, e a vida se desenrola em dificuldades e problemas, contamos com o auxílio de Deus através de seus prepostos e a prece nos põe em contato direto.

A fé nos dá a convicção absoluta de que nossos pedidos serão atendidos, com humildade revelamos nossas boas intenções e com esperança teremos a paciência de aguardar os resultados e a certeza de que sejam quais forem, serão sempre em nosso próprio benefício.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita