Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 12 - N° 573 - 24 de Junho de 2018

Divaldo Franco: “Não devolva o ódio a ninguém; seja você aquele que ama e tem paz”


Em seu périplo europeu, o orador falou aos espíritas de Helsinque, Finlândia, e da cidade de Oslo, Noruega


Em 27 de maio de 2018, domingo, muito cedo, Divaldo Franco já se encontrava no aeroporto de Viena, rumando para a Finlândia. Ao chegar à bela capital Helsinque, além do astro rei, o sol, Divaldo e alguns amigos foram recebidos pelo pequeno grupo do confrade Pekka Kaarakainen, que a todos aguardava alegremente. Após uma rápida refeição no próprio aeroporto, Divaldo foi conduzido ao hotel, pois já era aguardado por um grupo de estudantes do Espiritismo para um encontro informal.

Mal se acomodara, buscando um refazimento rápido, e porque Divaldo não se permite viver a hora vazia, se reuniu, no próprio hotel, para dividir sua vasta experiência com o grupo de finlandeses ávidos por conhecimentos.

O encontro com os finlandeses – Ali estavam pessoas notadamente buscando compreender estas ideias e os ideais espíritas, para eles, ainda muito novas. O amigo Dr. Juan Danilo deu início ao aguardado encontro, saudando aos presentes com o carinho e empatia que lhes são próprios e passou a narrar como foi que o Espiritismo surgiu em sua vida, discorrendo, também, sobre a implantação da Doutrina Espírita em Quito, no Equador, onde, à semelhança da Finlândia, o Espiritismo ainda é muito pouco conhecido. Relatou, igualmente, suas experiências com os Espíritos, através da mediunidade, passando em seguida a palavra a Divaldo Franco.

Traduzido o teor da narrativa ao idioma finlandês pelo querido amigo e anfitrião Pekka, Divaldo Franco, saudando os presentes, incentivou-os a prosseguirem estudando os postulados espíritas, pois afinal, disse ele, os fenômenos espíritas são de todas as épocas da humanidade.

Citando o filósofo Sócrates, adentrou-se pela necessidade do autoconhecimento, que se constitui no caminho para e felicidade, sendo possível encontrar as razões para tudo o que ocorre na vida. O ilustre orador discorreu e comentou sobre as bases, os alicerces da Doutrina Espírita, deixando muito claro os cuidados que se deve adotar a respeito da fidelidade à codificação, e sobre a responsabilidade e o compromisso que se deve ter ao realizar a divulgação do Espiritismo. Foi uma palestra eminentemente doutrinária, algo cirurgicamente elaborado, elucidando, certamente, muitas dúvidas e conceitos distorcidos trazidos pelos olhares atentos, como é natural.

O preclaro conferencista apresentou, ainda, várias vivências suas com relação à mediunidade, afinal são setenta anos de convivência com os Espíritos e muita experiência acumulada. A vida é um poema de alegria que oferece plenitude, e o Espiritismo dá ânimo para tornar o mundo melhor, afirmou Divaldo Franco.

Alicerçado em sua ampla experiência, Divaldo tornou o encontro leve e agradável, apesar do tema grave, e com seu bom humor provocou muitos risos, deixando todos muito à vontade, afinal Divaldo vem, há décadas, desbravando fronteiras pelo mundo afora, falando de Espiritismo onde nunca antes ninguém falou.

Na etapa final ainda respondeu diversas questões formuladas, sempre com jovialidade, esclarecendo a todos. Assim, encerrou o encontro, atendendo, uma vez mais, todos os que desejaram dar-lhe um abraço, fazer uma foto, ou entabular um rápido diálogo, tudo muito normal para um “jovem” de noventa e um anos de idade. Ele é mesmo um trator, o “Trator de Deus”, segundo Chico Xavier, o médium espírita do século XX.

A conferência em Helsinque – A segunda-feira, 28 de maio, foi intensa para Divaldo Franco na Finlândia, o qual, já no período da manhã, no hotel, concedeu uma longa entrevista respondendo várias perguntas anteriormente formuladas sobre a Doutrina Espírita, seguido por Juan Danilo, que também foi entrevistado.

Após ligeiro almoço, Divaldo Franco e os amigos que o acompanham seguiram para o local da conferência pública e, no final da tarde, lá estava o Arauto do Evangelho discorrendo sobre o Espiritismo para um auditório composto por cerca de duzentas pessoas, a maioria finlandeses, com a presença, também, de alguns brasileiros.

Contando com a tradução do amigo finlandês Pekka Kaarakainen para o idioma local, o Dr. Juan Danilo, como tem ocorrido neste roteiro pela Europa, iniciou as atividades relatando suas experiências na fundação do primeiro centro espírita do Equador, na cidade de Quito, onde residia até há alguns meses. Atualmente Juan reside em Salvador, na Mansão do Caminho, demonstrando, em seu relato, a atuação da Providência Divina que a tudo preside, utilizando-se de caminhos, nem sempre convencionais. O querido amigo apresentou as atividades que são desenvolvidas na Mansão do Caminho, junto à comunidade local, constituindo-se, essas atividades, em um trabalho de verdadeiro amor, iluminando consciências, levando também o pão para o corpo e o alimento para a alma.

Iniciando a sua conferência, Divaldo Franco afirmou que o ser humano penetrou no macrocosmo, nas micropartículas e alcançou a energia. Combateu e venceu epidemias, encurtou as distâncias, permitindo que se viva, hoje, em uma espécie de aldeia global. Porém, apesar de todas estas e outras conquistas, ainda não aprendeu a conviver bem entre si.

No momento cultural atual, afirmou, quando se fala sobre o amor, a impressão que se sente é a de se estar ultrapassado. O amor foi desfigurado pelo ser humano, transformando-o em um impulso das paixões carnais. No entanto, esclareceu, o amor é sempre muito atual, deixou de ter um sentido religioso para ser psicoterapêutico. Divaldo narrou experiências vividas ao longo de várias décadas na Mansão do Caminho, sensibilizando os ouvintes atentos. Nada mais apropriado para falar sobre o amor, do que exemplificar através das ações dessa obra que é toda voltada ao amor, afinal, a sua, é uma vida de amor ao próximo, como ensinou Jesus. O lúcido orador mergulhou nos ensinamentos de Jesus, o maior filósofo e psicoterapeuta da humanidade, demonstrando a excelência do amor. Hoje a psiquiatria e a psicologia recomendam a leitura do Evangelho como processo terapêutico.

Citando Charles Richet, Prêmio Nobel de Medicina, médico fisiologista francês, Divaldo Franco discorreu sobre a Metapsíquica, sobre a parapsicologia, adentrando-se na imortalidade da alma. Apresentando dados e fatos sobre o surgimento do Espiritismo, abordou amplamente a mediunidade, trazendo vivências suas, uma vez que desde os quatro anos de idade, não apenas vê os espíritos, mas os ouve e conversa com eles, fazendo com que a atenta plateia pudesse ter uma noção muito ampla da realidade da Doutrina Espírita, do seu significado na vida de todos.

O Espiritismo, afirmou Divaldo, vem repetir as lições de Jesus. E como estava discorrendo sobre o amor, destacou a importância do exercício da caridade, embora a Finlândia seja um país rico, existe a miséria moral e emocional, o alcoolismo, o suicídio, entre outros dramas que assolam as criaturas humanas. O homem moderno vive em uma hora em que a tecnologia apresenta muito conforto, porém, somente o amor concede o estado de felicidade. “Não devolva o ódio a ninguém; seja você aquele que ama e tem paz”, asseverou o nobre orador.

É por amor que os Espíritos auxiliam e amparam os indivíduos e orientam para proceder bem aqui na Terra, a fim de colher os bons frutos quando adentrar na vida além desta vida, na imortalidade.

Encerrando sua enriquecedora conferência, após ter respondido inúmeras questões formuladas pelos presentes sedentos de conhecimentos novos sobre o Espírito imortal, o peregrino do Cristo, agradeceu a presença amorosa e o carinho com que o receberam. Igualmente, solícito, atendeu aos inúmeros pedidos de autógrafos, fotos, despedidas, afirmando que pretende ainda retornar ao país, que visita pela terceira vez, pois que se depender dele, pretende ultrapassar o centenário na terra.

Muito aplaudido, e de pé, os finlandeses, que em geral são introvertidos, renderam suas homenagens, cativados pela simplicidade, a espontaneidade e a natural abordagem com que Divaldo Franco se expressa. Certamente notaram que o seu, é um discurso legítimo, porque vive conforme prega. Retornando ao hotel, logo se recolheu, tendo em vista que o próximo amanhecer já o encontrará no aeroporto, rumando para Oslo, na Noruega.

As atividades em Oslo – Na manhã de 29 de maio, terça-feira, Divaldo Franco e os que o acompanham nesta jornada doutrinária em terras europeias chegaram a Noruega, sendo recebidos na bela capital Oslo pelos amigos do Grupo de Estudos Espíritas Allan Kardec – (Gruppen for Spiritistiske Studier Allan Kardec - GEEAK-Norge). Todos foram surpreendidos por um belo dia ensolarado e por uma temperatura de 26ºC, que segundo os confrades, fazia cem anos que não se repetia nesta época do ano. Diretamente conduzido ao hotel, o incansável seareiro do Cristo, tratou de desfazer a mala e refazer-se um pouco da viagem e logo no meio da tarde, já estava se deslocando para a conferência que se realizou no centro de Oslo, bem ao lado do Castelo do Rei.

Ao chegar, Divaldo Franco e comitiva foram surpreendidos, pois quase não conseguiram entrar na sala.

Obedecendo às normas de segurança, e por haver cerca de cento e cinquenta pessoas superlotando a sala, infelizmente cerca de sessenta pessoas não puderam entrar, algumas oriundas de outros países, tiveram que retornar. Mesmo assim, algumas se mantiveram no corredor, empenhadas em, ao menos, ouvir a mensagem que Divaldo se fez portador.

Ao iniciar a conferência, Dr. Juan Danilo Rodríguez deu as boas-vindas, passando a discorrer sobre as facilidades atuais. Fazendo referência à vida futura, proposta do tema da tarde, explanou um pouco sobre o seu novo lar, a Mansão do Caminho, para dar uma ideia aos noruegueses atentos sobre o imenso trabalho de acolhimento, educação e amor realizado pela nobre instituição brasileira, sensibilizando a todos com sua ternura e carinho habituais.

Afirmando falar o idioma internacional do amor, e auxiliado por eficiente tradutor norueguês, Divaldo Franco embasou a temática citando o período do Iluminismo Francês e do Racionalismo Inglês, que transformaram a paisagem da terra, uma vez que estimulavam os filósofos a combater o poder dos Reis e da alta aristocracia, surgindo, como consequência, a Revolução Francesa. Citando Augusto Comte, o Pai do Positivismo, Divaldo descreveu o Humanismo. Através da física quântica moderna, o homem sabe que não existe a matéria, ela é resultado da aglomeração dos átomos, logo, tudo o que vemos, não é exatamente como vemos. Referindo-se também a Albert Einstein, este afirmava que os indivíduos vivem em um mundo de ideias, de pensamentos e de transformações constantes, demonstrando que tudo muda o tempo todo.

Divaldo Franco, aproveitando a sua vastíssima experiência no campo da mediunidade, destacou que, em uma vida longa, sempre enfrentou e enfrenta os quadros de doenças, fazendo uma ponte fantástica com a escolha de amar a vida. Sendo alguém que conhece e ama Jesus, o Semeador de Estrelas frisou, com muita propriedade, o significado e a importância do amor na vida de todos, afinal, Divaldo sempre buscou amar e a ir em busca dos que não são amados, os invisíveis, aquelas pessoas que fazem os trabalhos mais humildes, que muitas vezes os indivíduos olham, porém, não veem. Vivemos em um mundo de energias e o Espiritismo é a ciência que nos trouxe uma filosofia de vida estruturada na imortalidade da alma.

Era possível observar o quanto a plateia estava emocionada, certamente perceberam que estavam diante de alguém que ama verdadeiramente a si, ao próximo e a Deus. Os noruegueses, com absoluta certeza, se renderam à simplicidade e ao amor do baiano peregrino que há sete décadas percorre o mundo levando o Espiritismo e o Evangelho de Jesus.

Encerrando a conferência, muito aplaudido, ainda respondeu a diversas perguntas, atendendo gentilmente a todos, recolhendo-se em seguida para o necessário descanso, afinal, no dia que se segue, bem cedo, haverá o encontro com os trabalhadores espíritas da Escandinávia, e Divaldo lá estará a postos, porque sabe que Jesus conta com os seus esforços.

Encontro com os espíritas da Escandinávia – Na manhã de quarta-feira, 30 de maio, logo cedo, Divaldo Franco esteve reunido para o já tradicional Encontro de trabalhadores espíritas da Escandinávia. Este ano, o encontro ocorreu em Oslo, reunindo trabalhadores espíritas dos países que integram a região, para ouvirem os esclarecimentos e buscarem diretrizes com o amigo experiente, Divaldo Franco.

Apesar do estado gripal e dos efeitos da recente cirurgia na coluna, ali estava o trabalhador assíduo, pronto para o trabalho. Inicialmente, Divaldo falou das dificuldades que todos enfrentam, dos conflitos, das adversidades, porém, destacou, o compromisso assumido com a divulgação da Doutrina Espírita chama à responsabilidade, solicita disciplina. Os espíritas não estão na Doutrina Espírita para agradar as outras pessoas, procurando terminologias que não firam a outrem, não deve, jamais, buscar adaptar terminologias, o Espiritismo é único, e deve ser apresentado com total fidelidade aos seus postulados, a Allan Kardec e a Jesus.

Os espíritas devem atentar para a necessidade de compreender o seu irmão de caminhada, advertindo para a importância do esforço pessoal em se melhorar, aprimorando-se, combatendo as más inclinações, diminuindo a sombra que ainda é portador. Assim, criará condições para lhe auxiliar a entender melhor aquele que caminha ao seu lado. Abordando algumas de suas experiências na educação de crianças da Mansão do Caminho, comentou a respeito das grandes dificuldades e desafios da educação, traçando um comparativo com as atividades espíritas, o convívio com as pessoas, os conflitos que cada um ainda é portador. Estamos no espiritismo, afirmou o lúcido orador, para resolvermos problemas e não para criá-los.

O centro espírita é a célula básica do Espiritismo, é a nossa escola, nosso hospital, nosso lar, nosso santuário, é ali que nós nos comunicamos com Deus. Comentando sobre as diversas atividades realizadas nos centros ou sociedades espíritas, lembrou Allan Kardec ao destacar os critérios necessários para que as sociedades espíritas sejam classificadas como sérias, observando que existem as que não são sérias, a depender dos propósitos dos que ali mourejam. O Espiritismo é uma ideia, não necessita de nós, ao contrário, nós precisamos dele, no sentido de que a ideia, por si só se faz e alcança seus objetivos, com ou sem a nossa presença.

Foi um encontro muito importante, e que todo Espírita deveria ter ouvido, pois ali, o Arauto do Evangelho e da Paz chamou a atenção para muitos aspectos que estão sendo esquecidos com o passar do tempo. É digno de nota a fibra, a garra e a coragem com que Divaldo expõe e ama a Doutrina Espírita.

Sejam bem felizes, vivam a graça de Deus, e se tiverem que chorar, chorem, mas quando passar, voltem a trabalhar e a sorrir, recomendou o preclaro expositor. Finalizando as atividades lembrou o Benfeitor Emmanuel: “espírita seja o nome do teu nome”.

O encontro foi, realmente, de luzes. As emoções e sentimentos foram sensibilizados pelo toque amoroso de Divaldo e, como é natural, os olhos se orvalharam de lágrimas. Perante todos, ali estava um homem de longa idade, com o corpo desgastado, mas com uma energia tal, um brilho no olhar, uma vontade de amar e servir, que é impossível não se comover...

Assim se encerrou o encontro. Ali mesmo, na pequena sala, foi servido um almoço rápido, pois que, o Embaixador da Paz deveria retornar ao hotel para se preparar visando viajar à Alemanha, onde a faina evangélica continuará. Aqui, ali ou acolá iremos sempre encontrar o dedicado e persistente trabalhador do Cristo em ação. Esse é Divaldo Franco!


Texto e fotos: Ênio Medeiros.
 


 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita