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por Édo Mariani

 

Liberdade de consciência


Atendendo aos princípios da Lei de Liberdade, que é Lei divina, carecemos de respeitar o direito do nosso próximo de pensar e agir como melhor lhe prouver.

Não nos cabe o direito de obrigar ninguém a pensar como pensamos, pois isso seria cercear a sua liberdade de pensar e concomitantemente a de agir.

A liberdade de pensar é um direito de todos. Somos portadores do nosso livre-arbítrio.

É assim que nos ensinam os Espíritos superiores, atendendo os questionamentos de Kardec inseridos nas questões 835 a 840 de O Livro dos Espíritos.

Todavia, é importante atentarmos principalmente para a questão 841 do livro citado, quando Kardec questiona os instrutores espirituais: “Por respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios?” Responderam eles: “Certamente que podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríeis convencer. Se alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitir seja obrar com violência. A convicção não se impõe”.

É assim que entendemos. Todo o espírita consciente da importância dos postulados da doutrina deve estar atento e discordar de todos aqueles que por má-fé ou ignorância venham alterar, por interpretações indevidas, planejadas e individuais, o espírito e os objetivos dela constantes que foram elaborados pelos Espíritos Superiores e que passaram pelo bom senso de Kardec. Para tanto, é preciso tomarmos com veemência medidas de elucidação, embora fazendo com a intenção de esclarecer pela persuasão e pela brandura, mas com a necessária firmeza, pois os princípios trazidos pela terceira revelação não podem se perder nos desvios que os mal-avisados possam desejar conduzi-la.

Tal entendimento não é só nosso. O saudoso Francisco Cândido Xavier, em carta dirigida a José Herculano Pires, assim se manifesta: “Reconheço-me com o dever de estar a serviço do nosso Emmanuel, mas isso não impede de respeitar e admirar todos os trabalhos que visem preservar a obra de Allan Kardec. (...) Quanto ao mais, continuemos firmes em ação da obra kardeciana, porque, em verdade, sem ela perderíamos a luz para o raciocínio, aquela que nos acendeu no espírito para aprendermos a discutir. (...)”. E não é só ele que assim pensa. No capítulo X de O Evangelho segundo o Espiritismo, inciso 21, Kardec pergunta: “Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem?” O Espírito S. Luís respondeu: “(...) Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá em divulgá-las. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. (...)”.

Parece-nos, dessa forma, que precisamos usar sempre o bom senso para tomar as melhores atitudes, embora, devemos fazer com o espírito de união e em benefício de todos, nunca por vaidade pessoal ou presunção.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita