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por Elsa Rossi

 

Chico Xavier e os quatro tomates
 

Como muitos dos queridos e assíduos leitores do apreciado jornal “O IMORTAL”, eu tenho o hábito de ler histórias vivenciadas por Chico Xavier no seu dia a dia, seja junto a Emmanuel, ou junto aos Espíritos amigos que com ele tinham tarefas assíduas e relacionamento de família espiritual. Muitas histórias contadas por ele mesmo, suas experiências, seus aprendizados, os conselhos do Emmanuel, as conversas com as formigas etc. Outras contadas por seus conterrâneos muito chegados ao coração e confiança de nosso Chico. Considero-me abençoada por ter podido tocar-lhe as santas mãos e dialogar com ele, mesmo que por pouco tempo, e um diálogo que mudou a minha vida. Suas histórias ilustram muitas de minhas aulas quando visitando grupos.

Para mim, Chico é um ser de luz inesquecível.

Talvez o leitor amigo já conheça a história dos tomates. Eu não conhecia.  Mas como tudo é ação no Universo, resolvi sair de casa num dia superfrio, numa sexta-feira de Londres, quando decidi ir a um grupo, ouvir a palestra cujo orador eu não conhecia. O cansaço às vezes nos amolenta o corpo físico, e ficar um dia em casa é um prêmio. Durante a semana já coordeno dois grupos espíritas. O Peace, fundado em 18 de abril de 2007, com estudos oferecidos ininterruptamente às quartas-feiras de manhã, e o SSL, às quintas-feiras à noite. Além desses compromissos, a nossa Federativa Britânica - BUSS - requer nossa atenção diária. Sabemos que quando decidimos algo no bem os Benfeitores nos encorajam muito a prosseguir. Nada nos detém – seja vento, neve, chuva, frio. Os nossos amigos do bem, parceiros espirituais, nos dão, quando necessário, uma injeção de ânimo, uma vitamina energética de paz. Decisão tomada, lá fui eu.

Salão lotadíssimo do Grupo Bezerra de Menezes-UK, totalmente repleto de bons corações atentos ao estudo do livro “A Gênese” e, na continuidade, aconteceria a conferência. O orador trouxe muitos casos, alguns já conhecidos, e um chamou-me a atenção. Atenta, ouvindo com emoção, pensei: só pode ter sido o Chico a ter essa ação desprendida, pensando no “outro”, como ninguém. Uma ação tão linda, silenciosa e fraterna, digna de ecoar pelos evos. Aqui transcrevo com minhas palavras...

Era o ano de 1959. Fazia pouco tempo que Chico Xavier havia se transferido para a cidade de Uberaba-MG, pois até então residia em Pedro Leopoldo-MG. No seu trajeto para casa, vez em quando, Chico dava uma chegada ao Mercado Municipal, conversava com os quitandeiros e comprava frutas, legumes, verduras, e prosseguia.

Os quitandeiros observavam que Chico, sempre de bom humor, muita simpatia e calma, entre o que escolhia, pegava sempre quatro tomates. A senhora da banca de legumes observava Chico escolher os tomates. Via que pegava dois em bom estado e dois outros bem maduros, para uso imediato. O jeito do Chico deixou-a inquieta, até que um dia não se conteve mais e, aproximando-se de nosso Chico, perguntou a ele: - Por que o senhor escolhe dois tomates bons e outros piores, quando todos os clientes aqui escolhem os melhores, e rejeitam e até reclamam dos tomates muito maduros? O senhor está pagando, seu Chico. Pegue somente os bons e, é por minha conta, pode até levar alguns a mais. Conhecendo Chico Xavier como já o conhecemos, não podia dar uma resposta que fosse diferente dessa: - Agradeço muito o seu generoso coração, mas se eu escolher somente os tomates bons darei prejuízo para a senhora.

E por mais a senhora insistisse, Chico continuava a pegar, não só tomates, mas outros legumes, frutas e verduras nas duas condições.

Meus amigos do céu! Fiquei com essa imagem na mente, e ontem mesmo, ao ir à quitanda aqui na minha rua, ao ver tomates, não pude deixar de lembrar da ação de nosso Chico, exemplo de pureza, caridade infinita, exemplo de luz em nossas vidas, seja onde for que estivermos, a colher os frutos de nossas ações, em todas as terras de além-mar.

 

Elsa Rossi é membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI) e coordenadora do CEI para a Ásia e Oceania.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita