Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 
Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos

Parte 3

 
Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos, obra de autoria de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo Franco no ano de 2008.


Questões preliminares


A. Qual era o cenário no âmbito da fé religiosa quando ocorreram os fenômenos que deram origem à doutrina espírita?

Naqueles longínquos anos, a fé religiosa estertorava e a Ciência robustecia-se, enquanto a Filosofia ampliava os horizontes do pensamento por meio de diferentes escolas de reflexão. Foi quando os imortais fizeram-se presentes, dessa vez com maior vigor, em razão de haver chegado o instante próprio para que pudessem ser compreendidas suas propostas e as criaturas dispusessem dos instrumentos capazes de comprovar seus ensinamentos. Surgia então o Espiritismo moderno. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

B. As novas ideias trazidas pelo Espiritismo foram bem acolhidas e aceitas pela sociedade daquela época?

Não. Teorias e argumentos complexos foram utilizados pelos adversários naturais do progresso, para anular a tese espírita, todavia, incapazes de demolir a estrutura lógica e demonstrativa em que ela se apoiava. Agressões e diatribes foram lançadas contra Allan Kardec e a Doutrina Espírita. Perseguições insanas fizeram-se programadas e executadas, redundando inócuas, diante das adesões de cientistas sinceros e numerosos, ao lado de pensadores, de artistas, de religiosos e do povo em geral que, nos postulados espíritas, encontraram tudo quanto lhes faltava para a consolação pessoal e o esclarecimento em torno dos enigmas existenciais. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

C. Com o Espiritismo robusteceu-se o conceito de imortalidade?

Sim. Graças à nova Ciência — a espiritista -, passou-se a ter certeza da imortalidade do espírito, não mais mediante a fé tradicional, porém a lógica racional. Com isso, a imortalidade passou a representar as aspirações conscientes de todos aqueles que pensam e que lutam, sustentada nos inegáveis fenômenos mediúnicos que lhe servem de base. E, lentamente, o conceito em torno da morte, com o significado de destruição, de aniquilamento da vida, cedeu lugar à esperança dos reencontros formosos, da continuação dos sentimentos e das emoções, da possibilidade de fruir-se a felicidade. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)


Texto para leitura


31. Novamente o erudito psiquiatra fez um oportuno silêncio, a fim de permitir que fossem absorvidas as suas considerações. Ato contínuo, falou: “Nesse báratro, no qual a fé religiosa estertorava e a Ciência robustecia-se, enquanto a Filosofia ampliava os horizontes do pensamento por meio de diferentes escolas de reflexão, os imortais fizeram-se presentes, aliás, como sempre ocorreu, porém, nesse momento, com maior vigor, em razão de haver chegado o instante próprio para que pudessem ser compreendidas as suas propostas e as criaturas dispusessem dos instrumentos hábeis do conhecimento capazes de comprovar os seus ensinamentos”. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

32. Prosseguiu o palestrante: “Os fenômenos mediúnicos, que constituem rutilante página do desenvolvimento espiritual da Humanidade, tornaram-se retumbantes, e o gênio de Allan Kardec, o vaso escolhido, apresentou o Espiritismo, demonstrando, pela experiência positivista, a sobrevivência à morte e a continuidade da vida. Argumentos e teorias complexos foram utilizados pelos adversários naturais do progresso, para anular a tese espírita, todavia, incapazes de demolir a estrutura lógica e demonstrativa em que ela se apoiava. Agressões e diatribes foram lançadas contra Allan Kardec e a Doutrina Espírita, sem sustentação ética para enfrentá-los. Perseguições insanas fizeram-se programadas e executadas, redundando inócuas, diante das adesões de cientistas sinceros e numerosos, ao lado de pensadores, de artistas, de religiosos e do povo em geral que, nos postulados espíritas, encontraram tudo quanto lhes faltava para a consolação pessoal e o esclarecimento em torno dos enigmas existenciais”. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

33. A imortalidade – lembrou o orador – passou a representar as aspirações conscientes de todos aqueles que pensam e que lutam, sustentada nos inegáveis fenômenos mediúnicos que lhe servem de base. “Lentamente, o conceito em torno da morte, com o significado de destruição, de aniquilamento da vida, cedeu lugar à esperança dos reencontros formosos, da continuação dos sentimentos e das emoções, da possibilidade de fruir-se felicidade... Nada obstante, passou também a significar o despertar da consciência, da lucidez e da responsabilidade em torno dos pensamentos, das palavras e dos atos, da compreensão do significado existencial e do sentido das experiências humanas... Graças à nova Ciência — a espiritista -, passou-se a ter certeza da imortalidade do espírito, não mais mediante a fé tradicional, porém, a lógica racional, dando lugar a uma Filosofia existencial rica de possibilidades para o entendimento, com instrumentos iluminativos para a consciência e a razão, desaguando numa Religião cósmica de amor, em face da sua ética-moral encontrar-se fixada nos ensinamentos de Jesus, conforme Ele e os seus primeiros discípulos os viveram.” (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

34. Consoante as palavras ditas pelo palestrante, o fenômeno da morte orgânica, gerador de transtornos de comportamento existencial, que antes significava o encerramento do ciclo mental e emocional, agora assumia a condição de portal de acesso a uma outra dimensão pulsante e real, de onde tudo se origina e para onde tudo retorna. Concomitantemente, as doutrinas biológicas, as psicológicas, as neurociências, em face da formidanda abertura proporcionada pela Física Quântica, pela Biologia Molecular, penetrando mais audaciosamente nas origens dos fenômenos, defrontaram-lhes a grande causa: a imortalidade! Foram constatados pelos investigadores modernos, nos seus laboratórios de perquirição, o ponto de Deus, onde estaria uma das sedes da alma no corpo físico, o gene de Deus, responsável pela crença natural na divindade, a comunicabilidade dos espíritos, a reencarnação, os fenômenos de perturbação emocional e psíquica por intermédio das obsessões. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

35. Era natural, disse o orador, que ainda permanecessem alguns bastiões de intolerância e de resistência em relação às novas conquistas; contudo, o conceito sobre a imortalidade continua ganhando terreno nos corações humanos e contribuindo para o entendimento dos mecanismos existenciais, explicando todas as ocorrências aflitivas, todos os enigmas que inquietam o indivíduo, o seu destino, as suas aflições. O ser humano adquire com esses sublimes conhecimentos dignidade e o sentido espiritual que lhe dizem respeito, tornando-se-lhe o grande desafio a vencer. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

36. Todos acompanhavam os raciocínios brilhantes do orador, num misto de júbilo e de gratidão, quando novamente ele fez uma pausa oportuna, e em seguida continuou: “A questão da imortalidade deixou de ser objeto de reflexões metafísicas, tornando-se fator de análise e de constatações, tendo em vista a tragédia cotidiana da morte dos seres amados e da aparente destruição da vida. No silêncio do santuário doméstico e nos grupamentos espiritistas, o conforto moral defluente da sobrevivência do espírito, a partir de então, vem-se fazendo abençoado, quando retornam aqueles desencarnados queridos confirmando a imortalidade, trazendo inegável documentação probante de que são eles mesmos, enxugando as lágrimas da saudade, orientando o comportamento dos que ficaram na indumentária carnal, oferecendo esperanças em relação aos futuros reencontros ditosos, auxiliando na preservação dos ideais e na continuação das lutas libertadoras... Vencida pelo sopro da realidade, a morte, na sua feição destruidora e punitiva das religiões do passado, lentamente abandona os arraiais da sociedade, onde imperou soberana por milênios, para tornar-se fenômeno inevitável da constituição orgânica, portal, porém, de acesso à vida plena”.(Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

37. Segundo o palestrante, o corpo, nesta nova concepção, é um instrumento para a evolução do espírito, uma concessão divina para o desabrochar dos valores que nele dormem ínsitos, aguardando a oportunidade superior do renascimento carnal. Todo um elenco de bênçãos abre-se convidativo, proporcionando a conquista de patamares morais elevados e de realizações interiores inabordáveis, como consequência da contribuição dos espíritos nobres, em momentosas comunicações mediúnicas. A cortina, que parecia densa, interposta entre os dois planos da vida - o físico e o espiritual — vem-se diluindo, facultando uma ampla visão da realidade, ao tempo em que enseja o intercâmbio consciente entre os homens, as mulheres e os espíritos desencarnados, familiar e dignificante, graças ao qual se passa a ter conhecimento lúcido a respeito da vida real e dos seus objetivos elevados. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

38. O aspecto apavorante da morte, os fantasmas medievais em torno desse fenômeno, as punições infernais, o cruel julgamento final, as humanas bênçãos e maldições cederam lugar ao discernimento pessoal em torno dos  compromissos morais em favor da auto iluminação e da construção da felicidade futura. A cada dia, mais amplas informações têm sido oferecidas aos seres humanos, a respeito do mundo causai, da Justiça Divina, das responsabilidades pessoais intransferíveis, dos socorros que procedem da espiritualidade, confirmando que ninguém transita a sós durante o carreiro físico. Nenhuma abordagem aparvalhante, muito do gosto dos insensatos, é feita pelos espíritos nobres, nenhuma revelação de natureza mágica, privilegiando uns em detrimento de outros, sendo oferecidas informações sensatas, de acordo com o nível de consciência e de inteligência da sociedade contemporânea, dignificando o cidadão que deve buscar a autoiluminação. (Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

39. Inefável alegria toma conta da existência humana ante as notícias que procedem do mundo espiritual, das informações em favor das terapias libertadoras do sofrimento, do destrinçar das enfermidades de toda ordem, especialmente as de natureza obsessiva – físicas, emocionais e mentais - oferecendo satisfação e coragem para os enfrentamentos inevitáveis. O triunfo da vida sobre a morte é a glória do amor de Deus em nós. Tenhamos em conta o profundo significado deste momento, quando visitantes do corpo físico e nós outros, desencarnados, estreitamos os laços do afeto e ampliamos o entendimento em torno das questões fundamentais da vida, em exaltação à plena compreensão da imortalidade. O seguro caminho a percorrer apresenta-se-nos como o amor em todas as suas expressões. Ele é o alfa e o ômega do alfabeto divino, que nos cabe conhecer e passar a viver em profundidade. Em toda parte respiramo-lo, em forma de exteriorização do Divino Psiquismo que nos sustenta e nos impulsiona em direção do futuro.(Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

40. Ditas as palavras acima, concluiu o nobre amigo: “Desse modo, vencedores da morte, avancemos no rumo da perfeição que nos está destinada, sem nos olvidarmos daqueles que nos seguem na retaguarda, nossos irmãos em sofrimento, com os quais mantemos o compromisso da caridade, a fim de estimulá-los ao avanço e ao autoencontro, de forma que compreendam a necessidade do crescimento íntimo apoiado em Jesus, que prossegue amparando-nos sem cansaço nem enfado. Ante a majestade cósmica, contemplando os astros que lucilam ao longe, alguns dos quais por onde transitaremos, exultemos de justo contentamento, em razão de havermos sido convidados para trabalhar na vinha do Senhor, esforçando-nos para sermos escolhidos para atividades mais amplas e formosas. A hora é esta, sem nenhuma postergação, nem tormento, nem tristeza, antes, com alegria e gratidão a Deus, nosso Pai Generoso. Que permaneça em nossos corações e em nossas mentes a paz que vem de Jesus-Cristo, nosso Mestre e Senhor, são os nossos votos mais efusivos”.(Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.)

41. Finda a palestra, a emoção era geral. Lágrimas brilhavam nos olhos da multidão. O próprio dissertante não conseguira esconder a emotividade. Acolhido, carinhosamente, por Dr. Bezerra de Menezes, que se levantou e acercou-se da tribuna, abraçando-o e levando-o à mesa, ato contínuo, o mestre de cerimônias anunciou o retorno do coral, que entoou, magistralmente, o Aleluia, da célebre obra O Messias, de Handel. Em seguida, após uma prece ungida de emoção e reconhecimento aos céus, a reunião foi encerrada, enquanto delicadas pétalas de rosas cintilantes e perfumadas caíam sobre a multidão, diluindo-se no contato com os espíritos.(Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. Capítulo 1: Morte e imortalidade.) (Continua no próximo número.)

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita