Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Jésus Gonçalves

 

Confissão de amigo

 

Era um homem violento,

Ligado às trevas do mal,

Espalhando o sofrimento

Em seu caminho triunfal.

 

Dispunha de muitas vidas,

Trazendo chicote à mão,

Era o retrato do crime,

No quadro da ingratidão.

 

Trazia os olhos em fúria,

Mostrando o orgulho na face,

Decretava a própria morte

A quem o desagradasse.

 

Revelando-se entre os homens

O adversário do bem,

Depois de desencarnado

Era um déspota do Além.

 

Se amigos lhe conseguiam

Um berço novo no mundo,

Voltava, de novo, a ser

O ódio mordente e profundo.

 

De nada valia a fé

A induzi-lo para o amor,

Era o fidalgo cruel,

Terrível, dominador…

 

Um dia, porém, chegou

Em que veio a se cansar

De suscitar tanto pranto,

Tanta ferida a sangrar…

 

Humilhou-se em oração,

Rogou aos Céus vida nova,

Desejava renovar-se

A fogo de angústia e prova.

 

Jesus escutou-lhe a prece.

Viu-lhe a mágoa desmedida

E deu-lhe a bênção da lepra

A fim de amparar-lhe a vida.

 

Ninguém suponha na história

Outro alguém que conheceu,

Devo dizer claramente

Que esse leproso sou eu.

 



Do livro Estradas e Destinos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita