Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 
Entre os Dois Mundos

(Parte 38)

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Sem a ajuda espiritual que recebeu, que aconteceria ao médium Izidro?

Todos os espíritos neces­sitamos da contribuição do sofrimento para nos amoldarmos aos compromissos superiores, todavia, quando eles atingem elevados níveis, tornam-se insuportáveis e podem levar-nos ao desequilíbrio e até mesmo à morte, por falta de ânimo para prosseguirmos, se nos encontramos no corpo físico. Izidro vinha definhando, considerando-se fracassado no investimento aplicado em favor do seu pupilo. Sempre co­lhendo fel e acusações injustas, em alguns momentos sofrendo mesmo agressão física, em tremendo desrespeito moral aos seus títulos de enobrecimento, murchava, como que crestado pela ardência do calor insuportável emanado pelo revel cobrador. Em face disso, sem a ajuda espiritual que recebeu, ele poderia sucumbir. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

B. Sucumbir significa que Izidro poderia desencarnar?

Sim. Embora afeiçoado à oração e à confiança em Deus, Izidro sentia-se desfalecer, porque os equipamentos orgâni­cos sofriam os choques resultantes das agressões contínuas e não alimentados pelo pensamento habitualmente otimis­ta do médium, que passou a acolher a ideia da culpa, sem considerar os esforços de reabilitação que empregava. Essa atitude poderia levá-lo à desencarnação, mesmo porque ele se encontrava naquela oportunidade sob moratória concedida pelo Senhor, a fim de po­der ampliar ainda mais a área de iluminação de consciências e de socorros à Humanidade. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

C. Por que médiuns como Izidro, inteiramente votados ao bem, são tão perseguidos?

Não é difícil compreender essa perseguição, considerando-se que tal é o propósito dos inimigos do progresso, que sempre se manifestaram contra a evolução e as conquistas do belo e do superior. Em face disso, investem com agressi­vidade contra médiuns como Izidro, tentando dividi-los, para mais facilmen­te destruí-los, fomentando áreas de atrito insensato, para melhor confundi-los, estimulando grupos de admiradores invigilantes, para desviá-los dos deveres, ou gerando sofri­mentos rudes, a fim de os desanimarem. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)


Texto para leitura


349. Poderia o nobre Clímenes, mentor do médium Izidro, realizar o atendimento ministrado pela equipe do Dr. Arquimedes? A esta pergunta formulada por Manoel Philomeno de Miranda, o Mentor respondeu que sim, mas o orientador do médium concedera à equipe o privilégio de fazê-lo. Petitinga, em seguida perguntou: “Não fosse a interferência oportuna que acabou de ter lugar, que aconteceria ao nosso irmão Izidro?” O Mentor respondeu: “A planta para desenvolver-se e manter-se saudável  necessita da luz do Sol, que se lhe torna essencial ao crescimento, como ocorre nas diferentes ex­pressões da vida na Terra. No entanto, o excesso de luz e de ca­lor termina por ceifar-lhe a existência. Todos os espíritos neces­sitamos da contribuição do sofrimento para nos amoldarmos aos compromissos superiores, todavia, quando eles atingem elevados níveis, tornam-se insuportáveis e podem levar-nos ao desequilíbrio e até mesmo à morte, por falta de ânimo para prosseguirmos, se nos encontramos no corpo físico. O nosso irmão Izidro vinha definhando, considerando-se fracassado no investimento aplicado em favor do seu pupilo. Sempre co­lhendo fel e acusações injustas, em alguns momentos sofrendo mesmo agressão física, em tremendo desrespeito moral aos seus títulos de enobrecimento, murchava, como que crestado pela ardência do calor insuportável emanado pelo revel cobrador”. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

350. Continuou o Mentor: “Muito embora afeiçoado à oração e à confiança em Deus, sentia-se desfalecer, porque os equipamentos orgâni­cos sofriam os choques resultantes das agressões contínuas e não alimentados pelo pensamento habitualmente otimis­ta do médium, que passou a acolher a ideia da culpa, sem considerar os esforços de reabilitação que empregava. Essa atitude poderia levá-lo à desencarnação, mesmo porque se encontra sob moratória concedida pelo Senhor, a fim de po­der ampliar ainda mais a área de iluminação de consciências e de socorros à Humanidade. Recebendo-nos o concurso, rejubilou-se por sentir respondidas as suas súplicas direcionadas ao Pai Generoso, felicitando-se por ver confirmadas as suas reminiscências, nas quais não se encontrava como único responsável pelo fracasso e sofrimento do insurgente. Fixando no espírito as energias superiores que foram absorvidas, especialmente aquelas que procediam do mártir da fé cristã primitiva, será vitalizado no corpo físico através das irradiações fomenta­das pelo perispírito. Nunca as maquinações das forças do mal lograrão êxi­to nas suas façanhas. A sua aparente vitória é sempre tran­sitória, objetivando auxiliar aquele que lhe padece a injun­ção a despertar para os empreendimentos enriquecedores, a descobrir as ilusões a que se aferra, a auferir os benefícios da conduta elevada a que se deve entregar com devotamento”.(Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

351. O Mentor explicou, na sequência, que todo aquele que se afadiga no bem, na execução das atividades fomentadoras do progresso e do de­senvolvimento da vida, sempre encontra apoio no Mundo das Causas, mesmo que lhe desconheça a realidade. Dito isso, ele prosseguiu: “O nosso irmão Izidro, desde criança que experi­menta o cerco danoso das entidades vingadoras, que nele reconhecem um instrumento precioso de que se utilizam os nobres construtores da sociedade terrestre para o engran­decimento das vidas humanas. Ele faz parte do grupo de médiuns que, na atualidade, em diferentes partes da Terra, estão contribuindo para que o Espiritismo finque raízes na Cultura, na Ética e no comportamento social. Havendo re­tornado à Terra, mais de uma vez, após os dislates que se permitiu nos turbulentos dias dos século XVI e XVII refe­ridos, conseguiu discernir com clareza a respeito dos objeti­vos reais da existência, adotando o comportamento cristão, que antes era desconsiderado. No século passado, tomando conhecimento da revo­lução espiritual que teria lugar no planeta, ofereceu-se para trabalhar na mediunidade, auxiliando a eclosão da Ter­ceira Revelação judaico-cristã, que é o Espiritismo, a fim de integrar-se, por definitivo, nas fileiras dos servidores do Evangelho. Concluída a tarefa, apagou-se no anonimato a que se recolheram os demais abnegados médiuns da Codificação, ressalvadas poucas exceções. Convocado, posterior­mente, para dar prosseguimento ao ministério imortalista, entregou-se ao mister com total abnegação, tornando-se um verdadeiro exemplo de fé e de ação evangélica. Fazendo parte do mesmo grupo que esteve junto ao Codificador, nos primórdios da tarefa, prossegue com aque­les abnegados seareiros, executando o programa divino sob superior supervisão”. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

352. Ante o silêncio natural que se fez, Manoel Philomeno indagou: “Equivale dizer que aqueles instrumentos mediúni­cos de que se utilizou o lúcido mestre de Lyon para a ela­boração da Doutrina Espírita encontram-se reencarnados, neste momento, ou estiveram recentemente oferecendo seus condutos especiais para o prosseguimento da obra de cris­tianização da Humanidade?” O Mentor esclareceu: “Exatamente! A obra não ficou concluída naqueles dias, como é compreensível, embora a justeza e complexi­dade harmônica dos seus postulados. Não se trata, portan­to, de uma Doutrina estanque. O seu campo de conheci­mento é infinito como a própria Criação. Ampliando-lhe os conteúdos apresentados em síntese, espíritos dedicados daquela primeira hora volveram para dar continuidade às investigações, ao desdobramento dos seus parâmetros, ao desenvolvimento das suas teses, na condição de investigado­res, de escritores, de jornalistas, de oradores, mas também como médiuns eficientes e responsáveis, de forma que per­manecessem abertas as portas de acesso à imortalidade por intermédio das comunicações espirituais, que constituem a documentação viva e imbatível do que se encontra exarado nas obras básicas que lhe servem de alicerce”. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

353. Não é difícil, portanto, compreender a perseguição de que se veem objeto esses paladinos do bem. Os inimigos do progresso, que sempre se manifestaram contra a evolução e as conquistas do belo e do superior, investem com agressi­vidade contra eles, tentando dividi-los, para mais facilmen­te destruí-los, fomentando áreas de atrito insensato, para melhor confundi-los, estimulando grupos de admiradores invigilantes, para desviá-los dos deveres, ou gerando sofri­mentos rudes, a fim de os desanimarem. Certamente esses verdugos agem em vão, porque os fiéis e valiosos tra­balhadores estão vinculados a Jesus e não se preocupam com as vaidades humanas nem com as dispu­tas inúteis por vanglórias. Conscientes das responsabilidades que lhes dizem respeito mantêm-se ativos na execução do programa que lhes cumpre desenvolver, pre­servando os valores morais que os devem caracterizar, evitando assim o predomínio das imperfeições pessoais, que dão acesso às interferências das mentes infelizes, geradoras de problemas. Enquanto se mantiverem dóceis ao chamado do Senhor, seguirão adiante com desassombro e alegria, am­pliando os horizontes da felicidade para todos os habitantes da Terra. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

354. Apesar da gravidade do compromisso e da lucidez em torno da sua execução, – explicou o Mentor da equipe socorrista –, alguns ir­mãos menos resistentes às atrações do mal desfalecem na coragem, estacionam nos desvios atraentes, detêm-se nos melindres do personalismo doentio, afastam-se da trilha do dever, magoados com os companheiros, sobre eles atiran­do a responsabilidade pela sua defecção, enfim, nem todos chegarão ao termo estabelecido conforme seria de desejar... Mas, haverá outras oportunidades para quem permaneça na retaguarda, porque o Senhor é todo amor e todo misericórdia, jamais abandonando sequer aquele que O deixa por outros interesses. Desse modo, ninguém, na Terra, pode considerar­-se vitorioso em um empreendimento, especialmente sendo de natureza espiritual, enquanto investido da in­dumentária carnal. Somente após a libertação do cárcere orgânico é que poderá considerá-lo concluído, cabendo ao sábio Condutor da sua vida a análise final da tarefa e o veredicto em torno da mesma. Trabalhar atentamente, buscar iluminar-se interior­mente, desenvolver os sentimentos de amor e de caridade  no coração, tornando a mente clara para pensar com re­tidão e a existência dedicada à ação, constituem pauta de deveres a que todos nos devemos afeiçoar, enquanto nos encontramos no campo de batalha. (Entre os dois mundos. Capítulo 24: Diálogos e elucidações oportunas.)

355. Avaliação de tarefas e despedidas – Ao cair da tarde, convidados pelo incansável Orienta­dor, Philomeno e seus colegas começaram a visitar aqueles que antes haviam recebido assistência espiritual, de modo que lhes fosse possível realizar uma avaliação de resultados. Passaram, então, a retornar aos lares amigos, nos quais tinham operado e examinado os companheiros queridos. Alguns deles, em verdadeira convalescença, rea­dquiriam forças para o prosseguimento dos compromissos que assumiram. Outros, renovados e felizes, continuavam abraçados ao ministério, ricos de esperança e de realizações. As visitas começaram pela cidade do apóstolo de Jesus, onde reinava uma grande paz. Logo depois, visitaram Irineu, seguindo ao lar de La­ércio, que particularmente despertou a atenção de Philomeno, em face do esforço que ora desenvolvia para ajustar-se às novas con­junturas, reavaliando os prejuízos que a si mesmo cau­sara, enquanto programava intimamente a recuperação de que sentia necessidade inadiável. Ele libertava-se da injunção penosa em que tombara, re­conhecendo a gravidade da sua situação e a responsabilida­de pela falência pessoal, ao mesmo tempo predispondo-se para dar continuidade ao renascimento íntimo onde a Di­vindade o colocasse. (Entre os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e despedidas.)

356. As reminiscências da vida de dissipações que Laércio se per­mitira, após a absorção de tantos e vigorosos conhecimentos doutrinários, atormentavam-no, ao mesmo tempo em que lhe facultavam melhor entender a diferença existente entre conhecer e vivenciar aquilo em que se pensa crer.  Silvério Carlos, totalmente entregue ao apostolado da caridade, percebeu a presença da equipe, entusiasmando-se e agradecendo em prece silenciosa o benefício de que foi objeto, ao tempo em que rogava apoio e amparo para a conti­nuação dos serviços a que se afervorava. O grupo captou em sua mente que Almério transferira-se de cidade, após o incidente lamentável, não mais o pertur­bando com a sua malévola presença. A providencial assistência ministrada pelo Dr. Arqui­medes e nosso grupo, sob a inspiração divina, lhe facultara o prosseguimento dos serviços dignificadores e o prolonga­mento da sua preciosa existência física. A Instituição por ele orientada continuava recebendo os aflitos e perturbados, enquanto o Núcleo Espírita prosseguia liber­tando as consciências que se enredaram nas malhas do mal ou impedindo-as de comprometer-se com os tresvarios da atualidade. (Entre os dois mundos. Capítulo 25: Avaliação de tarefas e despedidas.) (Continua no próximo número.)

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita