O Espiritismo responde

por Astolfo O. de Oliveira Filho

A leitora Celia Regina de Almeida Pinheiro, em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, escreveu-nos o seguinte:


Boa tarde. Primeiramente meus parabéns pela revista; sou leitora assídua. Gostaria de saber, à luz da Doutrina Espírita, qual o parecer a respeito de tantas mortes em nosso País, especialmente no Rio de Janeiro. Situação de guerra a meu ver.


Faz tempo que as perguntas mais frequentes que nos chegam dizem respeito à questão da violência, que não é privilégio apenas do Rio de Janeiro.

Afinal (perguntam-nos sempre), por que a violência é algo ainda tão marcante em nosso mundo?

Em um ligeiro retrospecto, certamente poucos ignoram que ela e seus subprodutos – guerras, sequestros, assassínios, latrocínios, execuções – estiveram presentes em todas as épocas da Humanidade. A Bíblia disso nos dá conta revelando até mesmo os conflitos em que Moisés teria tomado parte, fato que se repetiria com o rei Saul e até com Davi, autor da maioria dos salmos que se eternizaram nas páginas do Antigo Testamento.

As guerras que fizeram expandir o Império Romano; as Cruzadas, de triste memória; a Inquisição; as guerras napoleônicas; o longo período da escravatura em inúmeros países, algo que somente cessou na segunda metade do século 19; os inúmeros conflitos entre países europeus; as guerras mundiais de 1914 e 1939; a guerra da Coreia; a guerra do Vietnã; os conflitos entre árabes e judeus – eis uma reduzida lista que é suficiente para mostrar que o estado de beligerância, violência e criminalidade não é um fenômeno moderno e tem, portanto, raízes muito mais profundas do que à primeira vista imaginamos.

Algum tempo atrás, respondendo a outra leitora que nos consultou exatamente sobre a questão da violência, foi-lhe dito que, segundo pensamos, a violência que reina na sociedade terrena contra as pessoas em geral, sejam crianças, jovens ou adultos, decorre da condição geral de atraso que caracteriza o mundo em que vivemos.

A Terra é, como sabemos, um planeta muito jovem e, devido a isso, não passou ainda do segundo nível da escala evolutiva aplicável aos planetas, pois nada mais é do que um singelo mundo de provas e expiações. Abaixo dela, somente estão os chamados mundos primitivos, em que as almas iniciam sua romagem evolutiva em busca da perfeição.

Para entender o nível evolutivo dos Espíritos que vivem em nosso mundo, vejamos o que Santo Agostinho (Espírito) escreveu no ano de 1862:


“(...) nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.

Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já estiveram noutros mundos, donde foram excluídos em consequência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. É porque há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, item 14.)


Cerca de 85 anos depois da mensagem acima, a situação do planeta pouco mudou, como podemos conferir à vista da informação abaixo transcrita, constante do livro Voltei, de Irmão Jacob, obra psicografada em 1947 pelo médium Francisco Cândido Xavier:


“Vivendo encarnados no Planeta quase dois bilhões de individualidades humanas, esclareceu o benfeitor que mais de um bilhão é constituído por Espíritos semicivilizados ou bárbaros e que as pessoas aptas à espiritualidade superior não passam de seiscentos milhões, divididas pelas várias famílias continentais. Torna-se fácil, portanto, avaliar a extensão do serviço regenerativo além do túmulo, considerando-se que homem algum se transforma instantaneamente.” (Voltei, de Irmão Jacob.)

 

Em face das informações acima, é fácil compreender por que o nosso planeta continua a ser, e o será por longo tempo, um mundo de provas e expiações, constituindo a violência e a criminalidade tão somente reflexos dessa condição e do estágio evolutivo em que nós, os terráqueos, ainda nos encontramos.


Sobre os temas violência, crime e delinquência, sugerimos à leitora que leia os textos abaixo indicados, todos publicados nesta revista, que é possível acessar clicando nos respectivos links:

editorial 73

editorial 83

editorial 188

editorial 210

artigo de José Lucas


  
 


 
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