Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 12 - N° 562 - 8 de Abril de 2018


 

Divaldo Franco: “A fidelidade ao Espiritismo é para os espíritas um dever”


Na manhã do dia 24 de março, na bela cidade de Miami, antecedendo a abertura da 8ª Conferência Anual da Federação Espírita da Flórida, Divaldo Pereira Franco, atendendo ao convite da federação espírita local, na pessoa da irmã Andreia Marshall-Netto, esteve reunido com os espíritas da Flórida e de vários  outros estados americanos, bem como do Canadá e de outros países latinos, para uma conversa fraterna sobre o quotidiano das instituições espíritas.

Foi uma oportunidade relevante para usufruir da larga experiência do querido irmão e orador espírita, angariada  ao longo de mais de setenta anos dedicados à causa do Cristo e da divulgação da Doutrina Espírita.

Divaldo chamou a atenção sobre vários aspectos, cuidados que devemos ter no dia a dia das instituições espíritas, evitando-se trazer para nossas casas espíritas terapias alternativas, que transformem os centros espíritas em policlínicas, trazendo apêndices para a doutrina, que são totalmente dispensáveis, gerando propostas perturbadoras. Nosso líder é Jesus, afirmou, não necessitamos de mais nada.

Fez, em seguida, uma ampla e profunda análise sobre a vida e obra do insigne mestre lionês Allan Kardec, ressaltando a universalidade dos ensinos dos espíritos. Afinal, a mensagem da Doutrina Espírita vem do alto e se adapta às nossas condições. A proposta, sugeriu o incansável palestrante, é reflexionarmos sobre a fraternidade, sobre qual herança iremos deixar para as próximas gerações.

Após breve intervalo, Divaldo respondeu às perguntas formuladas pelos presentes, enriquecendo a todos com suas experiências vividas ao longo dos anos.

Divaldo constitui-se em um grande exemplo para todos aqueles que nos consideramos espíritas, especialmente para os trabalhadores dos centros espíritas, pelo cuidado, pelo zelo que tem com os conteúdos doutrinários, enfatizando sempre a  importância de estudarmos as obras básicas da codificação, conhecermos a vida e a obra de Allan Kardec, bem como o estudo aprofundado das obras consideradas clássicas do Espiritismo, como as de Alexandre Aksakof, Léon Denis, Ernesto Bozzano, Camille Flammarion, e modernamente de Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, entre outros.

Ao encerrar o encontro, num clima de fraternidade verdadeira, Divaldo sugeriu aos presentes: “Não deixemos que o Espiritismo se transforme num campo de divisões. A fidelidade ao Espiritismo é para os espíritas um dever”.

Findos os trabalhos, todos saíram dali renovados de bênçãos de paz e harmonia, preparados para o início da Conferência, que começaria pouco depois.

 


A Doutrina Espírita é de uma beleza que nos preenche a alma e nos plenifica. 
(Divaldo Franco)


Na tarde do dia 24 de março teve início a 8ª Conferência Anual da Flórida, que contou com a participação de Divaldo Franco e dos palestrantes Haroldo Dutra Dias, Sérgio Lopes e Alberto Almeida, que falaram a uma plateia atenta constituída de 600 pessoas.

 

No final da tarde foi a vez de Divaldo Franco falar e apresentar, também, a sua valorosa contribuição, discorrendo sobre as leis que regem as vidas de todas as criaturas e as leis morais. Utilizando-se da mitologia grega, apresentou a figura de Narciso, evidenciando a necessidade do mergulho em si mesmo, a importância do autoencontro. Citando o importante trabalho do psicólogo e filósofo russo Pedro D. Ouspensky (1878-1947), asseverou que o ser humano, na sua generalidade, não se conhece.

Na sequência, Divaldo abordou amplamente as Leis de Destruição e de Conservação, esclarecendo que a Lei de Destruição faz parte da própria Lei de Conservação, e que acima de todas está a Lei de Amor, regendo todas as demais Leis Morais.

O médico e escritor escocêsArchibald Joseph Cronin (1896-1981), em começo de carreira, foi chamado para atender uma menina vítima de difteria, tornando-se célebre no século XX, após ter perdoado a enfermeira que recebeu a alcunha de “o anjo da noite”. Com essa belíssima narrativa, sensibilizando os presentes, Divaldo Franco convidou a todos, a exemplo de Cronin, ao exercício do perdão, concedendo novas oportunidades, uma necessidade de todos, pois que a pouca evolução do homem exige sempre o recomeço, buscando o acerto.

Em citando Voltaire (1694-1778), escritor, ensaísta e filósofo iluminista francês, Divaldo destacou a seguinte afirmativa dele: “Eu não creio no Deus que os homens criaram, creio no Deus que criou os homens”. Mergulhando logo em seguida em O Livro dos Espíritos, ele sublinhou o seu significado e a sua importância na vida de todos os espíritas e simpatizantes, evidenciando ser essa uma obra atual, mesmo diante do passar de várias décadas.

“A Doutrina Espírita – afirmou ele – é de uma beleza que nos preenche a alma e nos plenifica.” Tudo na vida se renova, a humanidade está diante de uma mudança radical; assim, nesta hora a criatura humana deve tornar-se exemplo de mudança para melhor. Não tenhamos vergonha de dizer-nos espíritas, posicionemo-nos, como propôs o nobre Espírito Emmanuel: - Seja o nome do teu nome espírita.

Após rápido intervalo, os palestrantes do evento responderam com carinho e deferência às indagações do público presente, encerrando desse modo o dia de júbilos pelas oportunidades de esclarecimentos e convívio fraternal.


Todos nós temos sede de amor e de paz.
 Acordemos para a nossa realidade espiritual, ato contínuo, amemos e amemo-nos, ninguém se arrependerá por amar e perdoar. (Divaldo Franco)


Na tarde de domingo, 25 de março, após as exposições de Haroldo Dutra Dias e Alberto Almeida, Divaldo Franco discorreu sobre a evolução do pensamento humano e a construção do homem ético e moral, encerrando, então, mais uma edição da Conferência Espírita da Flórida.

O ilustre orador fez bela e instrutiva abordagem sobre a ética e a estética, desde recuada época, passando por Platão e Aristóteles, asseverando que ainda na atualidade a estética tem um papel fundamental, porém por si só ela não pode preencher a criatura humana. Para abastecer a alma é necessário acrescentar mais um elemento: a Ética, aquilo que pode ser uma diretriz para o amor. A estética do pensamento de Jesus é a harmonia que deflui das suas palavras; afinal, a ética fundamental da vida é o AMOR. A ética do Espiritismo é de natureza estética, ou seja, a CARIDADE.

Como de hábito, ilustrando suas abordagens para mais fácil compreensão por parte do público, Divaldo apresentou a bela história de Axel Martin Fredrik Munthe (1857-1949), médico, psiquiatra e escritor sueco, que se caracterizou por sua ética médica. Sua obra mais famosa é The Story of San Michele (O Livro de San Michele), publicada em 1929. 

Como sempre faz em suas exposições doutrinárias, Divaldo chamou muito a atenção para o papel dos pais na educação dos filhos, destacando que, na atualidade, se está perdendo o contato entre filhos e pais, em razão dos meios eletrônicos. A criança, frisou, precisa brincar, é o período lúdico, é necessário conviver para que ela se desenvolva através da convivência, sendo criança com ela e como ela mesma, convivendo sem a tecnologia, que, na maioria das vezes, aprisiona e subtrai o período infantil.

Através dos postulados espíritas podemos compreender a pulcritude dos ensinamentos de Jesus, afinal o Espiritismo é Jesus de volta. Ao encerrar a conferência, o incansável seareiro do Cristo, tocando os corações, sensibilizou a todos, afirmando que quase todos nós temos sede de amor e de paz. Desejou que os dias possam ser aureolados das bênçãos que vêm de dentro. Não passemos pelo mundo, “coisificados”. Acordemos para a nossa realidade espiritual, ato contínuo, amemos e amemo-nos, ninguém se arrependerá por amar e perdoar – tais foram as palavras finais do estimado orador.

 

Nota do Autor:

As fotos que ilustram esta reportagem são de Mayra Cortés e Jaqueline Medeiros.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita