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por José Reis Chaves

 

Presença do maniqueísmo em alguns segmentos cristãos atuais


O maniqueísmo é uma religião fundada por Maniqueu na antiga Pérsia e que deixou algumas influências em correntes religiosas de algumas religiões. O seu princípio filosófico admite dois deuses, um do bem chamado de Mazda, e outro do mal a que foi dado o nome de Ariman.

Como os dois princípios do bem e do mal existem, de fato, e estão presentes na filosofia e na moral de todas as crenças, o maniqueísmo, apesar de sua incompatibilidade com o monoteísmo, deixou sentimentos de natureza religiosa muito fortes nas pessoas, embora isso aconteça de um modo silencioso, por ser frontalmente contra a filosofia e a teologia judaico-cristãs muito fortes de um Deus único.

Antes de sua conversão ao cristianismo, santo Agostinho foi um adepto do maniqueísmo, o que, sem dúvida, é um grande aval para a importância da filosofia dessa crença, pois esse santo católico é mundialmente reconhecido na História Universal, principalmente do Ocidente, como um grande gênio da inteligência e da intelectualidade.

Os leitores, por mais uma vez, já depararam com o que vamos dizer: Fizeram com o diabo uma confusão dos diabos. Diabo, “diabolôs” em grego, é um símbolo do mal ou de um Espírito mau. Em hebraico, com o mesmo significado, é “satan”, do que se originou satanás. Já Lúcifer, que em grego é “eosforo” e em latim é “lucis ferre” é o porta-luz, que quer dizer alegoricamente inteligência, portanto, não é também Espírito. E tanto pode ser porta-luz do bem, como do mal, ou seja, a favor de Cristo ou contra Cristo, pois a inteligência tem livre-arbítrio.

Já demônio, “daimon” em grego, no Novo Testamento da Bíblia, é espírito humano ou alma e não outra categoria de Espírito. Trata-se, pois, de um irmão nosso, podendo ser mau (atrasado) ou bom (adiantado) e até um santo, conforme seu nível de evolução. Até Jesus evoluiu para se tornar o Jesus Cristo. “E, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos que lhe obedecem” (Hebreus 5: 9).

Quando se diz que uma pessoa tem um satanás ou um diabo nela significa que ela está com um adversário, um mal ou pecado, podendo ser também um Espírito que, neste caso, é um demônio, e como já dissemos, é um “daimon” (no plural “daimones”), que é um espírito humano, que deve, pois, ser tratado com caridade, com preces em favor dele e dialogando com ele, como fez Jesus com o espírito chamado “Legião” (Marcos 5: 9) e como fazem também os espíritas.

Como se sabe, por muito respeito a Jeová, os judeus tinham medo de dizer o nome dele, evitando, pois, falar essa palavra Jeová. Os maniqueístas não respeitavam apenas o seu deus do bem Mazda, mas também o seu deus do mal Ariman, este, de certo modo, equivalente ao diabo ou satanás do cristianismo. Pois bem, há cristãos, hoje, principalmente, os nossos irmãos evangélicos e carismáticos católicos, que têm medo de falar as palavras diabo e satanás, o que não deixa de ser também certo medo deles por esses nomes e mesmo respeito a eles. E isso acontece também com relação aos chamados demônios (almas humanas), os quais, como já dissemos, são para os cristãos, a que nos referimos, como que sinônimos do deus do mal do maniqueísmo, ou seja, o Ariman, fazendo realmente com todos esses nomes uma confusão dos diabos!

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita