Questões vernáculas

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Observe o leitor a seguinte oração:

- A jovem Helena cantou uma linda canção ontem à noite.

Como os termos da oração – sujeito, predicado, objeto direto, adjunto adverbial – estão colocados na ordem direta, não existe, obviamente, motivo para o uso de vírgula.

Se, porém, houver na frase intercalação de algum dos termos, a vírgula pode tornar-se necessária.

Vejamos três exemplos em que na oração mencionada o adjunto adverbial de tempo – ontem à noite – foi intercalado:

A - A jovem Helena, ontem à noite, cantou uma linda canção.

B - Ontem à noite, a jovem Helena cantou uma linda canção.

C - A jovem Helena cantou, ontem à noite, uma linda canção.

É importante lembrar que, mesmo nos casos de intercalação, a vírgula nem sempre se faz necessária.

Por falar em adjunto adverbial, recordemos que ele integra a lista dos termos associados a verbos, tais como o agente da passiva e os complementos verbais (direto e indireto).

Não podemos, porém, confundi-lo com os complementos verbais, porque o adjunto adverbial não complementa, apenas acrescenta uma circunstância ao texto.

Vejamos estes exemplos:

1 - O poço secou com o calor (adjunto adverbial de causa).

2 - Francisco chegou agora (adjunto adverbial de tempo).

3 - O homem matou o soldado com um facão (adjunto adverbial de instrumento ou meio).

4 - Meu filho morreu no Dia das Crianças (adjunto adverbial de tempo).

Feita a intercalação do adjunto adverbial, a oração 1 continua dispensando a vírgula:

- Com o calor o poço secou.

Já na oração 3, o uso da vírgula, em atenção à necessidade de clareza, parece-nos indispensável:

- O homem, com um facão, matou o soldado.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita