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por Flávio Bastos do Nascimento

 

Amizade


“Amigo é coisa pra se guardar…”

Amigo é alguém que escolhemos para ser nosso irmão, morando em casas diferentes.

Aquela pessoa sempre presente, mesmo ausente. A conversa pode ter sido interrompida há alguns anos, mas quando nos reencontramos, não perdemos o fio da meada e a prosa segue como se fosse ontem.

Quem tem apoio de um amigo tem mais confiança em si e na vida.

Não à toa amizade rima com bondade, caridade e felicidade.

Ainda que distantes geograficamente, espiritualmente estão próximos, pelas ondas do pensar e do sentir.

Vale lembrar o que o nobre Codificador nos legou a respeito do assunto.

Em O Livro dos Espíritos:


“289. Nossos parentes e amigos costumam vir-nos ao encontro quando deixamos a Terra? “Sim, os Espíritos vão ao encontro da alma a quem são afeiçoados. Felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição”.

342. No momento de reencarnar, o Espírito se acha acompanhado de outros Espíritos seus amigos, que vêm assistir à sua partida do mundo incorpóreo, como vêm recebê-lo quando para lá volta? “Depende da esfera a que pertença. Se já está nas em que reina a afeição, os Espíritos que lhe querem o acompanham até o último momento, animam e mesmo lhe seguem, muitas vezes, os passos pela vida em fora.”

343. Os que vemos, em sonho, que nos testemunham afeto e que se nos apresentam com desconhecidos semblantes, são alguma vez os Espíritos amigos que nos seguem os passos na vida? “Muito frequentemente são eles que vos vêm visitar, como ides visitar um encarcerado.”

414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono? “Certo, e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se. Podeis ter, sem que o suspeiteis, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.”

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembleias? “Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estarem juntos.” Pelo termo antigos se devem entender os laços de amizade contraída em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das ideias que haurimos nesses colóquios, mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram.

488. Os parentes e amigos, que nos precederam na outra vida, maior simpatia nos votam do que os Espíritos que nos são estranhos? “Sem dúvida, e quase sempre vos protegem como Espíritos, de acordo com o poder de que dispõem.”


Em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, item 3:

“Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho. Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo”.

Ora, se Jesus nos recomendou o amor aos inimigos, que tipo de sentimento não deveremos nutrir com relação aos amigos...

Amizade é o amor que cresce com a idade, é o vínculo que nos irmana, que aproxima os corações, é querer bem, é cuidar, cultivar, torcer pelo sucesso, não só material – até, principalmente, pelo êxito espiritual.

Ter amigos é possuir amparo, aconchego, afago, apoio e estímulo; amizade, enfim, pode ser comparada ao oásis, fonte de água pura que fornece a linfa para nossa subsistência em meio à aridez de tantas almas.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita