Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 28)

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Existe alguma relação entre o sentimento de amor e a caridade?

Sim. É íntima a relação entre esses dois sentimentos. Conforme palavras ditas por um conhecido orador, citado nesta obra por Manoel Philomeno, onde vicejem as bênçãos do amor a caridade é a alma do sentimento, fora da qual não há salvação, não há paz, motivo que certamente levou Kardec a escrever o lema espírita, tão conhecido: “Fora da caridade não há salvação”. (Entre os dois mundos. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

B. É relevante a contribuição psicoterapêutica do Espiritismo para nós, seres humanos?

Sim. Diz Manoel Philomeno que tal contribuição excede a apre­ciação simplória que muitos fazem. Na tarefa espírita, além da convivência fraternal entre os indivíduos, a programação de trabalho encontra maior recep­tividade. Diluem-se dificuldades superáveis e transtornos que são gerados pela incompreensão, pela distância entre os trabalhadores e pela deficiência de comunicação. Alargam-se os horizontes da amizade, induzindo a maior companheirismo, em verdadeira construção familiar fora dos impositivos biológicos. Impede-se a sementeira da maledicência, dos ciúmes, dos melindres, das antipatias existentes em todos os grupos sociais, que respondem por crises de administração e de pros­seguimento de compromissos. Além disso, a renovação do pensamento que se haure nas informações da Doutrina a todos enriquece de ideias e de projetos, de entusiasmo e de alegria de servir. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

C. Quando alguém se prepara para reencarnar, que providências especiais são tomadas?

A programação reencarnatória é uma delas. O reencarnante sabe antecipadamente quem serão seus pais e é informado de pormenores de sua futura existência. Além disso, como no caso descrito nesta obra, o reencarnante é submetido a trata­mentos especiais no perispírito, de forma a que possa assimilar recursos fluídicos e de outra natureza para a consecução do empreendimento. Ele recebe também, por algum tempo, passes magnéticos em câmaras especiais, submetendo-se a várias alterações na estrutura orgânica e na forma – diminui­ção da estrutura perispiritual – para facilmente adaptar-se ao processo da reencarnação. E é, por fim, em transes hipnóticos, induzido à conscientização do trabalho a realizar, de forma que fiquem impressos nos arcanos do espírito as diretrizes e os procedimentos porvindouros. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)


Texto para leitura


248. Prosseguindo em suas considerações, o palestrante esclareceu sua proposta com relação à conduta de quem enfrenta a viuvez: “É certo que não defendemos a tese medieval ou supersti­ciosa de algumas tribos indígenas que impõem às viúvas acompanharem os seus esposos desencarnados e morrerem, seguindo-os empós... Referimo-nos à inquietação perturba­dora, ao tormento sexual transformado pela mídia ultrajan­te em necessidade imperiosa, como se a criatura humana fosse apenas o seu aparelho genésico”. E, ato contínuo, concluiu emocionado: “Caridade sempre. Todas as expressões de carida­de são manifestações de grandiosidade moral e espiritual do ser humano. A caridade, porém, do perdão das ofen­sas, da misericórdia para com os agressores, da compaixão para aqueles que fomentam a miséria social, econômica e moral do seu próximo, tem regime de urgência. Por isso, a divulgação da Doutrina Espírita, conforme a herdamos do eminente Codificador e daqueles que a preservaram para a nossa felicidade, é caridade que não pode ser postergada, pelo poder de libertação da ignorância e das algemas do vício a que se prendem os infelizes”. “Uma palavra, portanto, de bondade e de orienta­ção, um gesto de misericórdia e de entendimento, sempre funcionam positivamente, ainda mais quando aureolados pela ação do bem. Onde vicejem, portanto, as bênçãos do amor, a caridade é a alma do sentimento, fora da qual não há salvação, não há paz.” (Entre os dois mundos. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

249. Encerrada a reunião, diver­sas pessoas acercaram-se do expositor para abraçá-lo, para entretecerem considerações, dentre as quais o jovem que avançava para a dipsomania e uma senhora viúva, que pareceu despertar do letargo imposto pela fantasia de um novo matrimônio. Todos comentaram a oportunidade da palestra, a orientação que receberam, enquanto seus familiares de­sencarnados, aqueles que os trouxeram, exultavam em face da recuperação das ovelhas que estavam a caminho da per­dição e foram resgatadas em tempo. Lins de Vasconcelos, por sua vez, exteriorizava o mesmo jú­bilo, e porque percebesse que a equipe socorrista deveria retornar ao posto de serviço, convidou-a a visitar oportunamente a clínica psiquiátrica da respeitável Instituição, em fase de perfeita identificação com as atuais conquistas da mente e do com­portamento, ao lado das incomparáveis contribuições do Espiritismo nessa mesma área. (Entre os dois mundos. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

250. Compromisso de libertação – A equipe retornou ao Núcleo cen­tral de atividades referta de júbilo e de gratidão a Deus. Compreendendo, cada vez mais, o significado das re­alizações doutrinárias do Espiritismo, cuja contribuição psicoterapêutica para a criatura, diz Philomeno, excede a apre­ciação simplória que muitos fazem. Nesse labor, além da convivência fraternal entre os indivíduos, a programação de trabalho encontra maior recep­tividade, diluindo dificuldades superáveis e transtornos que são gerados pela incompreensão, pela distância entre os seus trabalhadores e por deficiência de comunicação. Nessa opor­tunidade, alargam-se os horizontes da amizade, induzindo a maior companheirismo, em verdadeira construção familiar fora dos impositivos biológicos. Esse contato espiritual escla­recedor impede a sementeira da maledicência, dos ciúmes, dos melindres, das antipatias existentes em todos os grupos sociais, que respondem por crises de administração e de pros­seguimento de compromissos. Ademais, a renovação do pensamento que se haure nas informações da Doutrina, que sempre dispõe de aspec­tos ainda não devassados, a todos enriquece de ideias e de projetos, de entusiasmo e de alegria de servir. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

251. No momento adequado, o Mentor dos trabalhos convidou a todos a uma breve reunião, na qual explicou: “Deveremos receber, procedente de nossa esfera, den­tro de poucas horas, um candidato à reencarnação cuidado­samente programada. O mapa da organização física já foi elaborado e todo o projeto da futura existência está aprova­do por nossos maiores, para pronta execução. Trata-se de velho lidador das hostes espíritas, no fim do século XIX e parte do XX, que retorna ao orbe terrestre com tarefas específicas em nosso campo de divulgação e ampliação do conhecimento, fortalecendo a ponte entre a Ciência e a Religião. Em face das suas conquistas intelecto­-morais predispôs-se ao trabalho gigantesco das pesquisas de laboratório, utilizando-se dos modernos equipamentos e da atual fase do conhecimento para enfrentar o materialis­mo, onde se refugia, qual seja, nas academias... Portador de excelentes dotes cristãos, espírita que será, por segunda vez, poderá trilhar os caminhos áspe­ros com decisão, transpostos os desafios iniciais da pro­gramação em pauta. Cabe-nos a tarefa de conduzi-lo ao futuro lar, onde hoje se dará a imantação inicial para a concepção física e o consequente processo de reencarnação”. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

252. Mais ou menos às 22h, chegou ali pequeno gru­po de benfeitores espirituais que traziam o felizardo candi­dato à viagem carnal, a ser empreendida, logo mais. Philomeno estava diante de insigne trabalhador, que tive­ra oportunidade de conhecer na Terra, por meio das suas obras, e em cujos textos encontrara segurança e conforto moral para dedicar-me às tarefas a que me afeiçoara, na União Espírita Baiana, ao lado de José Petitinga. Apresentando-se cordial e simpático, não ocultava a ex­pectativa da feliz ocorrência que o conduziria na matéria por algumas dezenas de anos porvindouros. Após explicações iniciais, agradecimentos àqueles que compartilharam da viagem até o nosso Núcleo, explicou­-nos, algo jovialmente: “Para o cometimento, fui preparado com infinito carinho, por dedicados seareiros de Jesus. A reencarnação, no entanto, é sempre excelsa concessão de Deus, que nem sempre sabemos utilizar conforme esperado... O mergulho na densa neblina carnal de alguma forma diminui a inten­sidade da lucidez a respeito dos compromissos assumidos, permitindo-nos desfalecer. Ao mesmo tempo, o reencontro com amigos que deixamos na retaguarda, quando em nós predominava maior soma de egoísmo e de despautério, pro­voca choques e reações, às vezes, imprevisíveis. Da mesma forma, pululam os adversários do progresso, que não trepi­dam em agredir, dificultar, malsinar as horas de quem opera no bem. Confio, no entanto, no Senhor da vida, que não nos abandona em momento algum, bem como na ajuda pro­videncial dos benfeitores que se encarregaram de progra­mar o próximo evento, acompanhando-me durante todo o trânsito orgânico. Não obstante, solicito também aos caros amigos que aqui permanecerem que, dentro das suas possibilidades futuras, acorram em meu auxílio, a fim de que o esforço desprendido pelos nossos guias não seja desperdiçado por imprudência ou descontrole de minha parte”. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

253. O reencarnante informou que já conhecia os futuros pais, aos quais se encontrava familiarmente ligado por experiências anteriores e que eram portadores dos elementos biológicos saudáveis de que necessitava para o bom desempenho da tarefa. Esclareceu, também, que teria na família um irmão enfermo, portador de alienação mental, que lhe constitui­ria instrumento de renovação, de paciência e de vivência das sublimes propostas evangélicas, a fim de auxiliá-lo, bem como aos pais transidos de dor. Igualmente explicou que fora submetido a trata­mentos especiais no perispírito, de forma que assimilasse recursos fluídicos e de outra natureza para a consecução do empreendimento. Recebera, por vários meses, passes magnéticos em câmaras especiais e fora submetido a várias alterações na estrutura orgânica e na forma – diminui­ção da estrutura perispiritual – para facilmente adaptar-se ao processo da reencarnação. Diversas vezes, em transes hipnóticos, fora induzido à conscientização do trabalho a realizar, de forma que ficassem impressos nos arcanos do espírito as diretrizes e os procedimentos porvindouros. Igualmente, visitara os futuros pais, procurando sintonia propiciadora do êxito, especialmente com aquela que lhe concederia o sacrário generoso para a futura forma, no qual, em perfeita comunhão mental, deveria desenvolver os órgãos e despertar os sentimentos. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

254. Todos da equipe partilharam das abençoadas ansiedades do irmão Aurino, sintonizando com suas emoções e envolvendo-o em uma aura de simpatia favorável ao êxito. No momento oportuno, seguiram à residência que o hospedaria a partir daquele momento. O casal estava recolhido ao leito e adormecera após a comunhão sexual realizada em clima de inefável amor. Antes de adentrarem a câmara, Aurino soli­citou permissão para orar, preparando-se para o cometi­mento anelado, no que a equipe o acompanhou profundamente sensibilizada. Os futuros pais encontravam-se parcialmente des­prendidos, aguardando o filho que receberiam nos braços do amor e da responsabilidade. Foi o Benfeitor quem os aproximou, elucidando quanto ao significado da empresa espiritual que naquele momento se iniciaria. A futura mãe, demonstrando imensa ternura, teve os olhos marejados de pranto. Nesse momento, por sugestão do Benfeitor, Germano foi convocado a aplicar recursos especiais em Aurino que, induzido hipnoticamente, foi diminuindo de tamanho e as­pecto até apresentar-se como uma criancinha nos primeiros dias do renascimento corporal. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.)

255. Ato contínuo, o Espírito, em forma infantil, foi entregue à futu­ra mamãe que o cingiu no peito arfante, enquanto lhe dizia docemente: “Serás um astro que engastaremos no coração. Vela­remos por ti, teu pai e eu, cuidando da tua existência. Tra­balharemos os teus valores para que alcancem a plenitude e, um dia, quando voltares ao Grande Lar, estejas ornado pelos louros da vitória”. O futuro genitor acercou-se mais, abraçou os dois en­ternecidamente e deixou-se vencer em silêncio pelas lágri­mas de felicidade. Tornava-se mais vigoroso o envolvimento psíquico entre filho e pais, especialmente com a mãe que, de alguma forma, o auxiliaria na modelagem da organização física. Incontinente, Dr. Arquimedes solicitou a Philomeno que se concentrasse no aparelho genésico do corpo da senhora adormecido no leito. Como se estivesse utilizando um micros­cópio de alta potência, ele pôde ver os espermatozoides aos milhares, ascendendo pelo conduto vaginal na direção da trompa de Falópio onde se daria a fecundação do óvu­lo, que aguardava o milagre da vida. Tocando o chakra coronário de Aurino e realizando movimentos específicos, o Mentor propiciou que uma onda mental poderosa dele se deslocasse, adentrando-se pelo cânulo vagi­nal e alcançando determinado gameta que, ao impulso des­sa energia, disparou com maior velocidade, a fim de vencer a corrida a que os demais se entregavam. “Este será o portador do ADN responsável pelas he­ranças paternas, no qual estão impressas as possibilidades da organização fisiológica do nosso viajante. As demais se encontram no óvulo materno já preparado para o processo de fecundação”, declarou o Dr. Arquimedes. (Entre os dois mundos. Capítulo 19: Compromisso de libertação.) (Continua no próximo número.)

 

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita