Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Se seu filho come brócolis não é por acaso


A educação que busca a competência em vez da colaboração é o reflexo de uma sociedade que está profundamente enferma
. Claudio Naranjo


O habitual na geladeira de casa de gente responsável é a inexistência de produtos ultraprocessados e adoçados. E nessa casa, obviamente, a criança come diariamente comida fresca e saudável.

O adulto é o principal exemplo com quem a criança conta no seu cotidiano. São os pais que orientam o estilo de vida dos filhos, que criam os hábitos de alimentação. Por isso, não é um argumento atribuir à sorte divina a relação que as crianças têm com as verduras, os legumes e as frutas.

Ainda que tudo o que tem a ver com educação de filho suscite hoje animosidades, não dá para negar que os pais respondem pela dieta das crianças, à medida que são eles quem disponibilizam alimentos saudáveis, ou não saudáveis, para os filhos.

Crianças aprendem por imitação. Nossos filhos pequenos agem e se comportam como nós. Se, por exemplo, quando seu filho cometer uma falha você reagir com uma atitude violenta, ele aprenderá facilmente a reagir da mesma forma. Seguindo a mesma lógica, se seu filho lhe assiste comendo verduras e legumes no almoço e no jantar, frutas no dia a dia, regularmente montando com o auxílio dele uma lancheira saudável para ser levada à escola, seu filho crescerá muito mais inclinado a considerar natural comer verduras, legumes e frutas.

De todos os modos, a relação das crianças com alimentos saudáveis envolve principalmente três aspectos básicos e que se interrelacionam: valor do exemplo, experiência compartilhada e persistência…

Às vezes, a depender dos traços biográficos, custará mais para o adulto perceber as preferências de uma determinada criança. Contudo, o importante é os pais não desistirem, nem trocarem uma banana por um alimento ultraprocessado – o que só aumentará, com o passar do tempo, a rejeição por frutas, legumes e verduras, que parecerão cada vez mais “sem graça”… Difícil será então romper com esse desvirtuado comportamento e que só vai fomentar uma criança desvitalizada, insatisfeita e infeliz…

Hoje, de manhã, quando eu estava preparando o almoço, minha filha apareceu na cozinha espiando curiosamente as panelas. Deu um gritinho: “mãe, você fez brócolis para mim? Era para ser surpresa, não era?”

Depois da refeição, me ajudando a lavar a louça, meu marido me disse: “quantas crianças de sete anos dão gritos de felicidade porque a mãe está cozinhando brócolis?“ Rimos e chegamos juntos à mesma conclusão: ficarão felizes as crianças que foram, desde pequeninas, ensinadas teimosamente a apreciar brócolis, alface, agrião, manga, tomate, abacaxi...

As crianças precisam gostar de tudo? Claro que não, mas necessitam crescer em um ambiente que, ao contrário do nosso entorno obesogênico, motive hábitos saudáveis…

Paz e bem!

 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita