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por Gebaldo José de Sousa

 

Amparo dos céus!


Nobre amigo pediu-me que redigisse algo para confortar família ligada ao seu e aos corações de sua casa. Seus amigos experimentam dor em longo calvário vivido com filhos prematuros. E isso os comove, eis que, solidários, participam dos dias dessa dolorosa provação!

Seguem, pois, breves reflexões que servirão, quem sabe, para confortar outras famílias a vivenciar dores semelhantes.

Com a gentil lembrança, ofereceu-me oportunidade de tecer ligeiras considerações sobre a experiência que também ele e sua família viveram: drama pungente junto a filhos muito amados, submetidos também a prolongados sofrimentos!

Tiveram a grandeza de alma de ampará-los de variadas formas, no sentido de minimizar suas dores! Afastaram-se das atividades profissionais para dedicar-se, dia e noite, a essas almas muito queridas.

Com extremas renúncias, desenvolveram a capacidade de amar, amadureceram e assimilaram, em pouco tempo, lições preciosas que levamos séculos para compreender.

Confiaram em Deus e em nosso Mestre Jesus, recorrendo à Ciência médica, sem descurar de preces constantes, que os confortaram nesses longos dias!

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Certamente ao ler estas palavras, com humildade dirão que não fizeram nada demais, que apenas cumpriram o dever. Ah! Se todos cumprissem com tal zelo os próprios deveres!

Aprendemos a admirá-los e a respeitá-los, não só pela dedicação a esses filhos tão frágeis, mas pela confiança na Providência de nosso Pai, que nos conduz a caminhos que nos libertam de erros do passado, nas inúmeras vivências que tivemos.

Ampliaram, pois, sua capacidade de amar e podem, assim, confortar aqueles que sofrem, porque compreendem que o amparo do Alto não nos falta, quando, mesmo em nossa fragilidade, nos dispomos a amenizar dores!

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Filhos gravemente enfermos necessitam de muito amor!

E Deus só os confiam a pais que sabem amar. Essas sublimes missões lhes ampliarão a compreensão desse nobre sentimento e da vida mesma!

Indispensável não só amá-los, mas expressar esse amor de viva voz, infinitas vezes, associados a gestos de ternura. Isto é para eles alimento psíquico, que os fortalece na prova a que não podem e não têm como fugir!

E o amor tem o dom de enriquecer não só os corações dos que são amados, mas também os daqueles que amam!

Digam-lhes: Coragem! Deus está com todos nós e a prova de que Ele os ama é que lhes deu pais para, em nome Dele, amá-los e protegê-los!

Confiemos no Pai de Amor Infinito! Ele dará coragem e forças a todos os que amenizam dores, para amparar sempre filhos em provas, a nós confiados!

Jesus nos disse que o Pai não põe fardos pesados em ombros frágeis.

Se nos deu a bela tarefa de revelar amor, é porque nos conhece e confia em nós, sabendo-nos capazes de bem cumpri-la!

O amor de Deus criou e sustenta o Universo!

Quando doamos de nós mesmos, mergulhamos nesse mar de Amor que flui da Fonte da Vida e permeia o espaço infinito! E somos os primeiros beneficiados.

E nossos corações se reconfortam para, de ânimo renovado, confiantes na Divina Providência, nos submetermos humildemente aos desígnios celestes.

A partir daí, nunca mais seremos os mesmos: aprenderemos a valorizar cada minuto e a sermos gratos pelo aprendizado de todos os instantes!

Que o Pai de Amor e Jesus – nosso Mestre – nos amparem e fortaleçam, para essas sagradas tarefas! Saibamos que o Amor redime e triunfa sempre, eis que a vida a Ele nos conduz!

 

NOTA: Para encorajar sobretudo mães que passam por dores semelhantes – e às vezes com filhos adotivos! –, colhemos na Internet belíssimo poema escrito por Dom Ramon Angel Jara (02.08.1852 – 09.03.1917), Bispo de La Serena, Chile, em homenagem ao “Dia das Mães”, num álbum de alguém que o acolheu:

“Retrato de mãe

Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus.

Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo.

Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.

Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.

Quando sábia, assume a simplicidade das crianças.

Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama.

Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.

Forte, estremece ao choro de uma criancinha.

Fraca, se revela com a bravura dos leões.

Viva, não lhe sabemos dar valor porque, à sua sombra, todas as dores se apagam.

Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

 Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum.

 Porque eu a vi passar no meu caminho.

 Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página.

 Eles lhes cobrirão de beijos a fronte.

 Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe”. (Tradução de Guilherme de Almeida)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita