Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 26)


Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Autor de crimes e atos deploráveis no passado, o médium Silvério já havia resgatado sua dívida para com a Lei?

Sim. Aquele que tantas maldades cometeu já não era o mesmo. No largo período que medeia entre o ontem e o hoje, ele experimentara renascimentos bastante dilaceradores, na lepra, na loucura, na paralisia, até que a Misericórdia Divina o concitou à reabilitação pelo amor. Atualmente, sob a ins­piração de Jesus, vinha reunindo suas vítimas do passado, a fim de auxiliá-las no encontro com a vida, com a esperança e com a paz. Mais de trezentos anos de sofrimentos contínuos, de escárnio, de solidão, de trânsitos dolorosos por veredas ásperas, credenciaram-no ao amor, que vinha agora vivenciando junto àqueles mesmos a quem afligiu. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

B. Se o inimigo de Silvério não quisesse perdoá-lo, que aconteceria?

Em resposta a pergunta semelhante feita pelo espírito, o Mentor lhe disse que, em tal caso, ele sofreria o efeito da própria rebeldia. Foi então que, tomado de grande espanto, o sofredor percebeu en­contrar-se utilizando-se da mediunidade daquele a quem detestava. Ficou aturdido e sem palavras. O mentor comentou: “Sim, meu amigo, o Amor de Deus não tem limi­tes. É da Lei Divina que o algoz alce às cumeadas da feli­cidade todos aqueles que atirou ribanceira abaixo, quando enlouquecido. Eis o antigo verdugo distendendo-lhe mãos generosas, rogando-lhe perdão sem palavras, oferecendo-lhe conforto moral e energias de refazimento”. Pranto inesperado tomou conta do comunicante, que estorcegava sob os camartelos íntimos das aflições não com­preendidas. Antes mesmo de entender tudo quanto se passava, o Mentor aplicou-lhe passes, desvinculando-o do médium em desdobramento parcial pelo sono fisiológico e transferiu-o para um dos leitos, no qual foi colocado carinhosamente. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

C. O atendimento ao espírito se encerrou aí com a doutrinação?

Não. O Mentor passou, na sequência, à etapa final do atendimento, quando então, assessorado por Ângelo e Germano, e utilizando-se de instrumentos que faziam re­cordar aqueles que eram usados nos tratamentos cirúrgicos da Terra, porém mais sofisticados, um dos quais emitia um finíssimo jato de luz, semelhante ao laser, retirou a célula fotoelétrica que se encontrava implantada no lobo tem­poral esquerdo do espírito. Transcorridos alguns minutos, o paciente espiritual foi transferido para uma sala contígua onde se recuperaria, iniciando nova etapa do seu processo evolutivo. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)


Texto para leitura


232. Comentando os fatos trazidos à cena pela regressão, o Mentor espiritual disse ao Espírito: “Eis a razão, meu amigo, do ódio existente no seu coração, bem como na mente de terríveis chefes das trevas, que se encontram em regiões infelizes, comandando suas vítimas, a fim de que façam o nefando trabalho que não têm como executar, em razão das suas baixíssimas vibrações morais, que lhes não permitem contato direto com aqueles a quem detestam... Mergulhados no ódio, multissecularmente, não fruíram um momento de paz, e, por isso mesmo escondem-se no labirinto da tormenta espiritual onde resfolegam, manipu­lando todos quantos lhes caíram nas malhas. Aquele que tanto o afligiu, porém, já não é o mesmo. Neste largo período, que medeia os dias transatos destes tem­pos, ele experimentou renascimentos muito dilaceradores, na lepra, na loucura, na paralisia, até que a Misericórdia Divina o concitou à reabilitação pelo amor. Atualmente, sob a ins­piração de Jesus, que você não conhece, vem reunindo suas vítimas de antanho, a fim de auxiliá-las no encontro com a vida, com a esperança e com a paz. Mais de trezentos anos de sofrimentos contínuos, de escárnio, de solidão, de trânsitos dolorosos por veredas ásperas, credenciaram-no ao amor, que vem vivenciando junto àqueles mesmos a quem afligiu... O querido irmão está entre esses”. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

233. O inimigo do médium Silvério replicou: “E se eu não quiser ou não conseguir perdoá-lo?” Respondeu-lhe o mentor: “Sofrerá o efeito da própria rebeldia. Neste momen­to, não é ele quem necessita do seu perdão, mas você que dispõe da oportunidade de ser feliz, e, para tanto, ei-lo auxi­liando-o no tentame, oferecendo-lhe os recursos espirituais para este diálogo”. Tomado de grande espanto, o sofredor percebeu en­contrar-se se utilizando da mediunidade daquele a quem detestava. Ficou aturdido e sem palavras. O mentor comentou: “Sim, meu amigo, o Amor de Deus não tem limi­tes. É da Lei Divina que o algoz alce às cumeadas da feli­cidade todos aqueles que atirou ribanceira abaixo, quando enlouquecido. Eis o antigo verdugo distendendo-lhe mãos generosas, rogando-lhe perdão sem palavras, oferecendo-lhe conforto moral e energias de refazimento. Será justo negar­-lhe a chance de crescer com você?” (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

234. Pranto inesperado tomou conta do comunicante, que estorcegava sob os camartelos íntimos das aflições não com­preendidas. Antes mesmo de entender tudo quanto se passava, o Mentor aplicou-lhe passes, desvinculando-o do médium em desdobramento parcial pelo sono fisiológico e transferiu-o para um dos leitos, no qual foi colocado carinhosamente, após o que elucidou: “Iremos operá-lo, a fim de libertá-lo do comando do mal. Não tenha qualquer receio, e se possível, seja como for que você ame a Deus, chame-O com ardor, deixando de lado o ressentimento e a revolta”. Podia-se perceber a mudança que se operava no pa­ciente espiritual, que agora adormeceu com tranquilidade. Assessorado por Ângelo e Germano, o nobre esculápio, utilizando-se de instrumentos que faziam re­cordar aqueles que eram usados nos tratamentos cirúrgicos da Terra, porém mais sofisticados, um dos quais emitia um finíssimo jato de luz, semelhante ao laser, retirou a célula fotoelétrica, que se lhe encontrava implantada no lobo tem­poral esquerdo. Transcorridos alguns minutos, o paciente espiritual foi transferido para uma sala contígua onde se recuperaria, iniciando nova etapa do seu processo evolutivo. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

235. Almério, que se encontrava profundamente amedron­tado ante tudo quanto acompanhara, começou a chorar. Dirigindo-lhe a palavra, Dr. Arquimedes explicou-lhe: “A tua sandice permitiu que te tornasses instrumen­to do mal, a fim de ferir o benfeitor de muitas vidas, bem como da tua... Ignoras que os acontecimentos de hoje tive­ram procedência no ontem, assim como a árvore frondosa veio da semente pequenina. Estás agora equipado de co­nhecimentos para mudares de vida, seguindo o caminho do dever e da ordem, recomeçando de onde tombaste, pois que sempre há oportunidade de reparação para todo aquele que erra. No entanto, há sempre limites que não podem ser ultrapassados... Tem cuidado, e desperta para os valores imperecíveis da vida, enquanto é tempo”. Convidados, Petitinga e Philomeno acercaram-se do Espírito assustado, aplicaram-lhe energias reparadoras e o conduziram de volta ao domicílio onde o corpo repousava. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

236. Quando voltaram à sala de reunião, a equipe de traba­lho estava preparando-se para o seu encerramento. Silvério Carlos apresentava-se bem disposto e renova­do, irradiando simpatia e gratidão a Deus. Com sentida oração, feita de reconhecimento e júbilo, o Benfeitor concluiu os trabalhos daquela madrugada, convidando-os a retornar ao Núcleo que servia ao grupo de base na Terra. Não podendo sopitar as interrogações que lhe bailavam na mente, Philomeno indagou ao caroável Petitinga: “Tivemos um exemplo de obsessão por telecomando entre espíritos desencarnados. É isso comum ou trata-se de uma experiência inusual?” Petitinga respondeu: “O que vimos é pequena parte de uma ocorrência que se torna comum, em face das habilidades que possuem os espíritos perversos, que deambularam por academias terrestres e trouxeram o conhecimento que ora aplicam desvairadamente. O conhecimento, como não podemos esquecer, parte do nosso mundo para a Terra, que materializa as conquistas que são realizadas na esfera causal. No entanto, providên­cias infelizes e técnicas afligentes são trazidas da Terra, já que esses comensais do desespero não dispõem de mecanis­mos para assimilar as inspirações superiores que promovem o progresso. Vivenciando recursos que aplicaram equivo­cadamente, ao despertarem além do corpo, recuperando a memória, utilizam-nas para os fins que lhes parecem pró­prios. É o caso do implante que foi retirado pela habilidade do nosso Benfeitor”. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

237. Em seguida, Petitinga informou que o espírito socorrido seria recambiado à esfera espiritual, onde passaria por um período de recuperação, a fim de volver à reencarnação com outras disposições espirituais. “Ninguém ascende e conquista a plenitude, sem que aplaine e limpe os caminhos que ficaram atulhados de problemas. Todos passamos por experi­ências amargas, de que hoje nos arrependemos. No entanto, graças ao inefável amor do Pai, temos sido honrados com as oportunidades de refazimento e de renovação”, esclareceu Petitinga. Ele encontrará, em sua volta, o irmão Silvério? Petitinga disse que provavelmente eles se reencontrarão, porquanto da Lei que onde estiver o devedor aí se instale o cobrador... “No caso, porém, em tela, o nosso médium já não lhe tem qualquer dívida, em face do bem que lhe proporcionou e dos braços abertos à fraternidade em geral a que se dedica.” Quanto a Almério, a expectativa era que ele deveria integrar-se, oportunamente, nas ativida­des de beneficência da Associação que pensou em prejudicar. Despertando com vagas lembranças do que assistiu, estão-lhe impressos no inconsciente profundo os admiráveis labores de que participou, e que ressumarão suavemente como necessi­dade de transformação moral, de mudança de rumo. Pelo menos, é o que todos ali esperavam que acontecesse. (Entre os dois mundos. Capítulo 17: Tribulações no Ministério.)

238. Valiosas experiências espirituais – De volta ao posto onde se hospedavam, Petitinga, Ân­gelo, Germano e Philomeno, com a permissão do Dr. Arquimedes, resolveram visitar respeitável socieda­de espírita, em cidade próxima, onde se desenvolviam pro­gramas de educação espiritista para a infância e a juventude com vistas ao futuro da sociedade. Desejando conhecer de perto o profícuo labor, dirigiram-se jubilosamente ao Núcleo-Escola, no qual defrontaram uma ordeira movimentação. Recepcionados pelo abnegado Espírito Arthur Lins de Vasconcellos, que ali estava representando os guias da Instituição, tomaram conhecimento da programação ilu­minativa das consciências em formação, bem como dos grandes investimentos espirituais que eram aplicados no despertamento dos valores morais desses viajores do porvir, que reiniciavam a jornada carnal. O lúcido seareiro do Espiritismo, que muito se dedi­cara, quando na Terra, à tarefa de divulgação da Doutrina, pela palavra oral e escrita, mas, sobretudo pelos exemplos de abnegação e de devotamento ao bem, explicou que ali se encontrava laborando com outros companheiros vinculados à responsabilidade de preservar a pulcritude dos postulados herdados do ínclito Codificador. Aqueles eram dias de grave perturbação entre as criaturas, nos quais a vulgaridade e a ignorância desejavam pontificar, inclusive mediante propos­tas descabidas que pretendiam introduzir no arcabouço do Espiritismo, buscando, dessa forma, atrair adeptos levianos e inconsequentes. (Entre os dois mundos. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.)

239. Cabia-lhe, como a outros tantos vanguardeiros do pensamento espírita, ora desencarnados, inspirar os com­panheiros que jornadeiam no carro físico, auxiliando-os no discernimento dos postulados doutrinários e na sua manu­tenção, a fim de que o escalracho das distorções e adapta­ções sem sentido não medrasse, ameaçando o trigo saudável e nutriente da mensagem libertadora. Aos domingos, naquela Sociedade, além das ativi­dades com as crianças e os jovens, também se realizavam sessões de esclarecimentos para o público, quando se apli­cavam recursos bioenergéticos aos necessitados de vária ordem, que a buscavam. Desse modo, muito bem assessorado, a equipe socorrista visitou as sa­las, onde grupos de gárrulas crianças ouviam com incomum interesse as aulas bem elaboradas sobre as origens do ser, seu destino, suas responsabilidades e deveres, o amor e a fraternidade que dimanam da fonte inexaurível da Codificação Espírita. Igualmente eles acompanharam com emoção os moni­tores encarregados das oficinas com os jovens, ministran­do-lhes informações e esclarecimentos sobre a vida e sua finalidade, questões outras fundamentais do dia a dia, e a postura espírita diante da promiscuidade moral reinante em quase toda parte. Inspirando esses orientadores, generosos amigos do plano espiritual envolviam-nos em vibrações de elevado teor de paz, que lhes renovavam o organismo, liberando-os dos clichês sensuais uns, perniciosos outros, que acumulavam durante a semana. Ao mesmo tempo, os guias espirituais dos alunos cooperavam na formação do seu caráter e da sua personalidade, aplicando-lhes vigorosas forças fluídicas para a estruturação da existência, que deveriam pautar em linhas de equilíbrio e de paz. (Entre os dois mundos. Capítulo 18: Valiosas experiências espirituais.) (Continua no próximo número.)

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita