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por Bruno Abreu

 

Caráter ou dogmas mentais!?


Um dogma da Igreja é uma verdade revelada sobre a Fé Absoluta, definitiva, imutável, infalível, inquestionável e absolutamente segura sobre a qual não pode pairar nenhuma dúvida. (Fonte: Wikipédia)

A meu ver, os dogmas formam a consciência coletiva da Igreja a que pertencem, servindo de base ao funcionamento de seus crentes, como entidade coletiva ou na figura individual de seus fiéis.

Quando eu acredito em algo como uma verdade absoluta, guardo-o em meu ser como alicerce inabalável da realidade, em que nenhum conhecimento, ação ou pensamento deva ir contra esta verdade.

Podemos ver claramente e de forma simplificada, sem discutirmos se este tipo de crença está correta ou não,  a forma de funcionamento mental que se dá. Isto é uma verdade, portanto, condiciono minha vida a esta realidade que não poderá ser abalada. O que for diferente disto está errado, senão, meu mundo cai.

Allan Kardec mostrou a sua preocupação acerca deste assunto na Doutrina Espírita por achar que viria condicionar a doutrina, que desde o principio se mostrou de carácter científico de observação. É fácil percebermos o porquê do seu receio, se eu pesquiso algo com tendência de conhecimento, este conhecimento levará a ver a sua continuação; se o fizer com um dogma mental, não poderei sair do espaço circundante dessa “veracidade” que poderá não ser assim tão real.

O dogma da Igreja é da Igreja, agora, quando o aceito para mim ou me apego àquele ensinamento, passa a ser meu, vivendo como princípio “verdadeiro” em meu ser. Poderei até não ser frequentador da igreja, como acontece em muitos casos, mas implantei-o em minha mente e passou a ser do funcionamento individual.

Será que nós funcionamos de forma diferente desta em relação à vida? Será que também existem Dogmas (refiro-me aos alicerces mentais de constituição de ser) individuais?

Nós nascemos a cada reencarnação com um véu sobre nosso passado, abandonando o conhecimento das vidas anteriores, trazendo como uma pequena mala as tendências morais que construímos até ali.

Somos educados pela sociedade, pais, escolas etc. e educamos, de forma semelhante, há milhares de anos.

Na verdade nossa sociedade é uma sociedade doente, a maior prova disso é a doença do século elegida pela OMS, a depressão. Não é difícil constatarmos isto, basta apreciarmos o caos em que vivemos, se temos dificuldade de o verificar em nós, usemos a regra deixada por Cristo e vejamos a fruta que nasce da árvore da sociedade.

Como educamos nossos filhos?

Sou Brasileiro, Português, Chinês etc., e aprendo com uma sociedade a forma de viver em que estou inserido, o que é certo ou errado, ganhando os princípios de Patriotismo, isolando-nos do resto do mundo. Se agora nasci no Brasil com os hábitos de minha terra, como serei na próxima reencarnação ao nascer em um País muçulmano? Não terei eu os princípios do povo onde irei nascer?

Desde pequenos, recebemos a educação  das pessoas com que vivemos e convivemos, transmitindo-nos o que é certo ou errado, criando em nós princípios mentais que serviram como base ao desempenho da vida, alterando constantemente durante esta viagem no tempo e no espaço.

O Racista, que não suporta os outros pela diferença, fá-lo apenas por uma ideologia criada em sua mente que na realidade não existe fora dela ou dos outros que pensam como ele, embora possa atribuir a diferença do tom de pele à justificação ignorante do ódio que vive dentro de si. Não será este racismo um alicerce mental desta pessoa? É certo que condiciona sua vida.

Quando falo do racismo incluo no mesmo “pacote” todo o tipo de xenofobia, seja religiosa, cultural, sexual etc.

Quando eu digo “eu tenho razão” e discuto com os outros, em que baseio a minha razão? Não será em meus princípios mentais que me parecem corretos? E o outro, que discorda de mim, não o fará com base em seus princípios mentais?

O que são os nossos princípios mentais, dos quais opinamos, agimos e exigimos que os outros sejam idênticos a nós senão “dogmas” criados por nós, no templo pessoal da vida, a nossa mente?



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita