Brasil
por Giovana Campos

Ano 11 - N° 552 - 28 de Janeiro de 2018


 

Documentário espírita é o mais novo lançamento do ano


2018 chega com novidades na arte espírita. Foi lançado recentemente o filme-documentário "Espiritismo à Francesa: a derrocada do Movimento Espírita na França pós-Kardec", produzido pela Luz Espírita. A produção trata dos principais desdobramentos envolvendo o Movimento Espírita original, na França, na passagem do século XIX para o século XX, a partir da desencarnação do codificador do Espiritismo Allan Kardec. O produtor e diretor desta obra, Ery Lopes, conta um pouco mais sobre o filme disponibilizado gratuitamente pela internet. 

Como surgiu a ideia de produzir e dirigir este documentário?

A ideia surgiu a partir de um ensaio de um pensador espírita colaborador do Portal Luz Espírita (Louis Neilmoris) fazendo uma reflexão sobre o Movimento Espírita atual. Desde então, interessado nessa reflexão, compreendi que, para intento, seria preciso mergulharmos na nascente mesmo do Movimento Espírita, portanto, aquele que se formou na França, o berço do Espiritismo. Natural, então, desembocarmos na questão — não muito explorada no meio espírita — da falência na sustentação da Doutrina Espírita na sua terra natal, já que é sabido por todos que, tão logo se deu a desencarnação do codificador espírita, o Espiritismo se perdeu e desapareceu do solo francês e, por conseguinte, da Europa...

O que será apresentado nesta obra?

O documentário faz uma breve apresentação do contexto historiográfico espírita (origens da fenomenologia espiritual do século XIX, a codificação kardequiana, a montagem do Movimento Espírita no entorno de Allan Kardec e as suas articulações para a continuação das obras doutrinárias em preparação para a sua desencarnação) e em seguida o filme apresenta a indagação sobre as razões da derrocada do Espiritismo na França e Europa, oferecendo três teses distintas para explicar tal fenômeno. Para cada uma das teses ventiladas nós abrimos espaço para seus respectivos defensores argumentassem detalhadamente suas proposições. Pode-se ver, então, através desse apanhado, que há alguns pontos discordantes e outros convergentes na análise dessa questão. Diante dessas exposições, o espectador poderá participar da reflexão e verificar por si mesmo as consistências das ideias apresentadas por cada um dos comentaristas. O documentário, portanto, não aponta uma linha fixa para solucionar a questão, mas apresenta subsídios para que os espíritas interessados configurem suas próprias convicções — seja a partir de uma das três teses oferecidas, seja por uma nova via que lhes pareçam mais verossímil e lógica. Por fim, naturalmente, o roteiro caminha para uma discussão sobre as implicações do fenecimento do Movimento Espírita original — consequências para a continuação da obra doutrinária, para os franceses e demais europeus daquela geração, e, claro, para o próprio desenvolvimento espiritual da humanidade — e introduz a reflexão sobre a dita "migração da árvore do Espiritismo" da França para o cone sul das Américas, notadamente o Brasil.

Como foram coletados os dados de pesquisa para esta produção? Quais são outros atores/ produtores envolvidos no processo de idealização à finalização do filme?

O documentário recebeu a contribuição de grandes pesquisadores da historiografia espírita, alguns deles, inclusive, gravaram comentários que aparecem no filme. São eles: Adriano Calsone (médium e escritor, autor de "Em Nome de Kardec"), Antonio Cesar Perri de Carvalho (que já foi presidente da FEB, da USE-SP e membro do Conselho Espírita Internacional), Carlos Campetti (atual diretor da área de estudos da FEB), Jorge Hessen (renomado articulista espírita do Distrito Federal), Oceano Vieira de Melo (jornalista, pesquisador e documentarista espírita) e Paulo Henrique de Figueiredo (pesquisador e escritor espírita, autor de "Revolução Espírita - a teoria esquecida de Allan Kardec"). Obviamente, cada qual dos participantes tem suas fontes e forma suas interpretações mediante suas experiências pessoais, contudo há algumas fontes comuns das quais foram extraídos os subsídios e fontes históricas para a estruturação do filme. Por exemplo, além das obras literárias desses colaboradores, podemos citar: "Muita Luz (Beaucoup de Lumière)", de Berthe Fropo; "A Caminho da Luz", de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de Humberto de Campos, também por Chico Xavier, além de jornais, revistas e outras mídias colhidas na Biblioteca Nacional da França via site Galica. É justo mencionarmos a contribuição dos coautores do filme: Wanderlei dos Santos (do Portal Autores Espíritas Clássicos) e Claiton Freitas (do canal ArtEspírita); a revisão de conteúdo feita por Rogério Miguez e a boa vontade dos narradores Dora Carvalho, Helmut Heidrich Filho e Mauro Mário de Souza.

O que o público pode esperar? Estará nos cinemas ou nas TVs fechadas?

Não é um filme do gosto comum, do tipo romance ou aventura. É um documentário, de teor doutrinário, gênero que normalmente só agrada aos espíritas mais atentos e dedicados à verdadeira causa espiritual — o que é uma pena, pois cremos que o verdadeiro espírita deve buscar conhecer bem a historiografia do Espiritismo, porque só assim poderá compreender o contexto doutrinário mais perfeitamente. Desta feita, não sou nada iludido que esse filme vá ter grande repercussão. Mas torço — vibro com força mesmo — para que ele contribua para um despertamento dos dirigentes e ativistas espíritas, pois a questão é grave. Mesmo os mais otimistas com o desenvolvimento do nosso Movimento Espírita atual deve considerar que, se o movimento original, lá na França de Kardec, feneceu, quem garante que nossa geração conseguirá manter acesa a chama espírita para as próximas gerações? Os desafios, hoje já enormes, são ainda crescentes e demandam muito mais do que estamos fazendo no nosso cotidiano. O progresso da doutrina — como disse Kardec — está aos cuidados da espiritualidade superior, porém depende igualmente dos esforços daqueles que devem ser os mais interessados: nós, Espíritos em curso evolutivo. Somos falíveis e nossa falha acarreta consequências. Se nossa geração falhar, certamente os missionários da luz cuidarão para a montagem de um novo plano, mas a outro custo para os envolvidos. Não percamos de vista ainda que o planejamento espiritual tem suas metas e já estamos nos últimos minutos da última hora do fechamento de mais um grande ciclo evolutivo para o nosso mundo. É incalculável a nossa responsabilidade diante da transição planetária que está em curso. Por isso, considero esse trabalho importante e convidamos a todos para uma séria reflexão sobre todas essas implicações.

Já há data prevista de lançamento?

Estaremos publicando o filme on-line, livremente disponível no Portal Luz Espírita (www.luzespirita.org.br), a partir do domingo, dia 21 de janeiro de 2018. E pedimos encarecidamente que todos nos ajudem na divulgação deste trabalho.

 

Nota da Redação:


O filme-documentário estreou realmente na data citada na entrevista acima e pode ser acessado gratuitamente. Eis o link:http://www.luzespirita.org.br/


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita