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por Aylton Paiva

 

Vencendo a mágoa


Há alguns minutos aguardávamos a palestra da noite.

O tema do palestrante seria: Vencendo a Mágoa.

Olhava ao redor e visualizando as pessoas, jovens, adultos e idosos, perguntava a mim mesmo: quem será daqui que nunca sentiu mágoa? Prosseguia com meus pensamentos: mas o que é a mágoa? Por que temos mágoa? A mágoa é um sentimento ou emoção saudável, ou não? O que fazer com a mágoa?

Aguardava muitas respostas para as minhas muitas perguntas. Afinal, por um episódio ocorrido, naquele dia, eu estava com mágoa.

Iniciou-se a reunião com uma oração dirigida a Deus, proferida pela presidente daquela Casa Espírita.

Fez-se a apresentação do palestrante: professor Fernando, dedicado trabalhador espírita e competente psicoterapeuta.

Após a saudação inicial, o expositor diretamente abordou o tema Vencendo a Mágoa e, inteligentemente, propôs à reflexão:

- É possível vencer a mágoa? Para que serve a mágoa?

Esse estado emocional, que envolve o sentimento, precisa ser conhecido, aceito e trabalhado para que ele se torne útil em nossas vidas.

Afinal, o que é a mágoa?

A mágoa pode ser entendida como uma dor que sentimos ante uma ofensa ou uma afirmação falsa lançada sobre nós.

Ela é gerada por um processo de medo ou raiva, que são sentimentos primários e instintivos do ser humano.

Manifesta-se como um sentimento de tristeza, de pesar, de desgosto.

A mágoa acumulada no tempo gera o ressentimento.

Por isso Jesus deve ter recomendado: “Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia“. (Mateus, cap. V.v.7.)

Após discorrer, por algum tempo, sobre o tema, o professor Fernando permitiu aos participantes fazerem perguntas.

Maria Lúcia fez a sua indagação:

- A mágoa tem ligação com o medo?

- Sim. Se a palavra ou gesto da pessoa nos agride psicológica ou fisicamente, produzirá em nós o medo e reagiremos empreendendo a fuga ou o ataque em nível psicológico, físico ou ambos ao mesmo tempo. Se a ação do agressor gerou em nós a raiva, passaremos a uma reação imediata de contra-ataque sob os aspectos físico ou psicológico, expresso através da palavra oral ou escrita, por gestos mais ou menos agressivos.

- Professor Fernando – indagou Maurício – será que, em alguma circunstância, a mágoa pode ser útil e necessária?

- Pode, mas vai depender da nossa capacidade de lidar com o medo e com a raiva.

É importante direcionarmos essas energias congeladas na raiva, de forma construtiva para nós e para os outros.

Se a manifestação da agressividade é “positiva”, ela dá força para a pessoa transformar-se e transformar o mundo. Se a manifestação é “negativa”, ela pode gerar a violência e a crueldade.

- E se a pessoa não der vazão à mágoa? - perguntou Margarida.

- A ausência de reação à mágoa pode produzir a doença física (psicossomática), mental (psicopatias), e com maior intensidade a depressão.

Por mais alguns minutos, o professor Fernando respondeu às perguntas dos circunstantes e encaminhou-se às conclusões:

- Quando sentirmos mágoa de uma pessoa vamos lembrar que guardá-la gera mais danos em nós do que nela. É necessário analisar lógica e emocionalmente o comportamento de quem nos magoou e avaliarmos se há razão no que ela nos disse e quais são os objetivos do seu comportamento: construir ou destruir.

Saibamos canalizar as energias da mágoa: atividades físicas, andar, correr, esportes; assistir a um bom filme, ouvir música relaxante.

Finalmente, um alerta: guardar a mágoa é diminuir a auto-estima e permanecer em estado de sofrimento.

O professor Fernando encerrou a palestra, com os outros, eu saí do auditório mais esclarecido para melhor lidar com... a minha mágoa.



 

     
     

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