Brasil
por Paulo Salerno

Ano 11 - N° 551 - 21 de Janeiro de 2018


 

Divaldo Franco: “Onde há esperança, há a presença do amor”

 

Tivemos a grata oportunidade de acompanhar em Salvador (BA) as atividades realizadas pelo Centro Espírita Caminho da Redenção no período de 12 a 17 de dezembro do ano recém-findo, nas quais o estimado orador Divaldo Franco foi um dos destaques.

No dia 12, em palestra proferida no “Caminho da Redenção”, ele destacou, que em todos os tempos os falsos profetas estiveram, como ainda hoje se encontram, presentes no seio da humanidade. E chamou a atenção de todos para que se tenha prudência com notícias alarmistas de conteúdo supostamente profético. “Não creiamos nos falsos profetas”, salientou o lúcido palestrante.

Em seguida, falando sobre suas últimas experiências com as dores no corpo físico, externou sua gratidão a todos que oraram pelo seu pronto restabelecimento após uma cirurgia - rizotomia – feita para eliminar as dores cruciantes que vinha experimentando havia sete meses. Divaldo disse ter aproveitado as dores para poder exercitar-se no domínio do Espírito sobre a matéria, dizendo que a Doutrina Espírita lhe dá a coragem necessária para dominar a matéria e a dor, visto que é uma verdadeira bênção não sentir dores.

Nessa passagem pelo sistema de saúde, enalteceu o atendimento de excelência que recebeu do quadro funcional e técnico do hospital, bem como o componente estrutural, tendo inclusive, nesse pequeno período, atendido solicitações de auxílio espiritual, reconfortando os pacientes. Onde há esperança, há a presença do amor. O homem moderno vive em uma verdadeira crise interior oriunda da insatisfação, do vazio existencial. O homem está somente pensando em si mesmo. Alheio ao próximo, fixa-se e refugia-se nos prazeres transitórios. Salientou que uma consciência tranquila, o dever retamente cumprido com justiça, e onde impera o amor, as tribulações momentâneas da vida tendem a desaparecer. Todo aquele que ama é feliz porque faz o bem. Como o amor com Jesus é especial! Fazer o bem, alegrando crianças e adultos, destacando o seu valor, oferecendo auxílio sem nada exigir de troca, tornando a vida das criaturas humanas mais digna, é amar.

Divaldo discorreu sobre a importância da família como instituição primorosa que visa moldar o caráter, preparando criaturas melhores. Neste sentido discorreu sobre a obra realizada por Bert Hellinger (1925 -), um psicoterapeuta alemão, inventor das Constelações familiares. O pesquisador alemão afirma que a família estabelece ou procura estabelecer três vínculos. O do pertencimento, onde uns pertencem aos outros; o do progresso, quando cada dia é melhor do que foi ontem; e o da ordem, para que a vida seja mantida. A família, então constituída, também se relaciona com outras, canalizando energias para o bem, transformando a sociedade para o bem.

Novamente reconheceu a inestimável colaboração que recebeu de muitos, externando sua gratidão. Destacou, na sequência, a coragem do Papa Francisco em dizer que o céu e o inferno não existem e que Adão e Eva são seres mitológicos. Assim, os indivíduos, mais esclarecidos e consolados, sairão das crises interiores, doando-se uns aos outros, caminhando  pari passu com a alegria. Sempre semeando esperança e conforto espiritual, Divaldo embalou os corações e produziu nas mentes dos assistentes a certeza da vida futura e da felicidade, a excelência do amor como fonte de vida, embora ainda experimentando dores de toda monta e ordem.

Encontro com os amigos – No dia 14 de dezembro, na mesma casa espírita, Divaldo Franco, profundamente comprometido com a mensagem cristã, atento às necessidades evolutivas do ser humano, e porque estabeleceu para si o compromisso de despertar as almas adormecidas, reuniu um grupo de amigos, formado por espíritas de várias  cidades do Brasil e do exterior, para uma singela e calorosa confraternização.

Acolhedor, Divaldo convidou os visitantes para uma reunião informal, aproveitando-se do exemplo de Jesus que se reunia com os seus discípulos para entretecer considerações evangélicas elucidativas a respeito da vida espiritual. Assim, o arauto do evangelho e da paz propôs que alguns, sob a sua escolha, apresentassem os seus sentimentos sobre o significado de Jesus na vida de cada um. Após várias opiniões, que giraram em torno do amor do Cristo pela criatura humana e pelas oportunidades no bem, Divaldo destacou que Jesus se faz presente na vida de cada criatura através das outras criaturas, em uma construção de solidariedade, onde as mãos Dele, no mundo físico, se fazem atuantes pelas mãos dos que se encontram reencarnados.

As ações são múltiplas, como múltiplas são as individualidades. Jesus ampara, seca lágrimas, encoraja, reergue os caídos, consola os aflitos, diminui-lhes as dores, acalma e acolhe, entre tantas outras ações, através daqueles que O elegeram como modelo e guia. Ele alegra-se com as vitórias alcançadas, entristece-se pelas derrotas, sempre temporárias, mantendo-se confiante no sucesso de seus liderados. Vigilante, Ele socorre e acorre ao menor pedido sincero que Lhe chegue. Esse é o Cristo de Deus presente em nossas vidas que O escolhemos servir. Ele é o parâmetro de felicidade do homem na Terra. Seus ensinamentos se propõem a erradicar o ilusório império materialista-ateísta.

Conversando sobre Espiritismo – A programação doutrinária do dia, com tema livre, sob a coordenação de Mário Sérgio, foi conduzida por Divaldo Franco, que discorreu com maestria sobre a evolução do princípio inteligente na Terra até alcançar a condição humana. Com inúmeros exercícios, as conquistas foram aparecendo, e os corpos materiais foram aperfeiçoados para agasalhar o Espírito, dando-lhe condição de se expressar no mundo material. Com o hausto divino sempre presente, o ser espiritual, supervisionado por Jesus, vem alcançando o crescimento em todos os setores do conhecimento humano e suas relações com o meio e com seus semelhantes.

Percorrendo as mais importantes teses sobre a evolução do homem e das espécies, Divaldo discorreu sobre os princípios psíquico e orgânico, que, estagiando nos diversos reinos da natureza, alcançou a conformação atual, estando a caminho da conquista da intuição, o próximo passo a vencer. O homem é a essência do psiquismo divino que o próprio homem vai dinamizando. Da matéria ao Espírito há a presença do amor divino a se expressar pela e na energia, ora em forma condensada, ora em forma sutil, etérea, compreendendo que a energia se impõem sobre a matéria.

Os mundos são solidários, assim, a Terra recebeu e vem recebendo o concurso de Espíritos que vêm de outras dimensões, trazendo, também, impulsos psíquicos aperfeiçoadores do componente material. O homem hodierno acha-se em plena evolução, agora na conquista e no desenvolvimento do chamado sexto sentido, onde as vibrações do pensamento se farão presentes entre os seres habitantes da Terra. As gerações futuras, a exemplo da atual, deverão perguntar, como o homem vivia até o século XX?

Na próxima condição da Terra, - Mundo de Regeneração -, as enfermidades degenerativas deixarão de existir por que não mais encontrarão o campo propício para se expressarem, pois que perderam essas memórias. Visitando, em desdobramento perispiritual, o mundo espiritual, Divaldo destacou a beleza e a sutileza das construções, não encontrando vocabulário adequado para definir e identificar as diversas expressões do cotidiano espiritual. É a antevisão desses locais destinados aos Espíritos que se dedicam ao bem de seus semelhantes, com altruísmo, solidariedade, fraternidade e amor.

A pouco e pouco os indivíduos vão-se melhorando emocional e sentimentalmente, mudando seu pensamento, possuindo a certeza de que, no final, haverá alguém que receberá o viajante de retorno, amparando-o. Não faltando assistência aos que se encontram encarnados, quando esses se defrontarem com o mal sem solução, essa virá do alto. Jesus, em sua expressão de amor, está sempre junto aos seus irmãos, os seres humanos, isso significa que o Cristo vivo está dentro de cada indivíduo. Finalizando a tarefa do dia, e com a plateia embevecida e emocionada, porque tocados em seus corações, todos saíram carregando as bênçãos de amor que o Cristo incessantemente dispensa aos homens de boa vontade na Terra. É Jesus em nossas vidas, resgatando-nos para os dias jubilosos do amor inconteste, onde as dores e as aflições serão lembranças tênues de um passado distante.

(...) Se não fossem os braços que se juntaram aos nossos, nós não teríamos o que temos. Porque os meus sós não fariam nada. (Nilson de Souza Pereira)

Encontro anual da Mansão do Caminho – A manhã do dia 15/12/17 foi dedicada à realização do X Encontro anual dos Funcionários da Mansão do Caminho, a obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR). Esses colaboradores dedicados são o sustentáculo do CECR, atendendo carinhosamente os seus assistidos através de uma gama de serviços. Ednilson, o Nizinho, um dos filhos adotivos, coordenou o evento, conduzindo com eficiência e alegria estabelecendo a empatia entre todos os integrantes da “família” Mansão do Caminho.

Demétrio Ataíde Lisboa, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho, destacou que se sente honrado em participar desse trabalho grandioso em prol da sociedade humana, realizado cotidianamente com dedicação por cada funcionário, nos vários setores que compõem a instituição. A conjugação de esforços estabelecida entre os funcionários e os voluntários tem se constituído em sucesso nos empreendimentos. Reconhecido, externou o seu reconhecimento e agradecimento, desejando muita prosperidade, desfrutando momentos de alegria e felicidade junto aos familiares.

Nizinho lembrou-se de dois grandes colaboradores, já desencarnados, e que deixaram as suas características marcantes, o amor, impressas na instituição a que se dedicaram por longos anos, Tia Ziza e Nilson de Souza Pereira.

Nesta oportunidade foram destacados com diplomas de agradecimento todos os funcionários que completaram 30, 20, 15 e 10 anos de efetivo serviço prestado. Nizinho frisou que guardou e procurou cumprir um ensinamento recebido de Tio Nilson, aconselhando por sua vez, quando pertinente, a sua prática: “Quando fores fazer algo, faça-o bem feito”.

O idealizador e fundador dessa magnífica instituição libertadora, Divaldo Franco, foi homenageado por uma música especialmente composta com o título de Ao Mestre com Carinho. No mesmo sentido, João Araújo leu uma carta que foi escrita com o coração ao pai. Foi emocionante. Ela descreve a saga que foi a construção da Mansão do Caminho sob a direção e a orientação segura de Divaldo Franco. É uma instituição dinâmica que teve a capacidade de reinventar-se conforme as épocas, onde todos são acolhidos sem distinção, oferecendo paz e serenidade, onde as suas atividades são músicas a embalar no seio da esperança, falando-lhes ao coração. É um local onde o Cristo está presente nas mãos de cada colaborador e nas de Divaldo Franco, que encontra a felicidade na devoção aos seus irmãos. Divaldo é o pai que nunca faltou, amando de forma incondicional, atendendo os aspectos materiais e espirituais da alma, resgatando vidas.

Divaldo Franco dizendo que Jesus havia chamado de irmãos àqueles que eram os seus colaboradores, também, Divaldo chamaria, como efetivamente chama, por irmãos cada funcionário, voluntário ou colaborador da Mansão do Caminho. Divaldo, O Semeador de Estrelas, destacou os aspectos mais importantes de sua vida familiar e profissional, salientando as renúncias e sacrifícios que experimentou e as que ele observou, notadamente em relação ao seu pai e a sua mãe a quem devota profundo reconhecimento. Uma família com relativa condição socioeconômica, viu-se na década de 30 do século passado desestruturar-se quando a Bolsa de Valores de Nova York quebrou em 1929. Nessa regressão histórica Divaldo lembrou da sua convivência com seu amigo espiritual o indiozinho Jaguaraçu, o trabalho com o seu pai no mercado, o estudo sob o poste de iluminação da rua, tudo isso alimentado por um sonho: que ninguém passaria fome perto dele. A Casa de Jesus, no bairro do Uruguai, que acolhia os idosos carentes e abandonados em fase terminal, destacando a orientação de Bezerra de Menezes: Quando a caridade é muito discutida, o socorre chega tarde.

Na Mansão do Caminho adotou-se um princípio: Aqui, nesta casa, é proibido negar, o importante não é atender o capricho, mas dar com amor, repartindo o que tem. Com relação à instituição, Divaldo falou sobre a visão psíquica que teve e a revelação de que seria um educador. Assim, começaram, ele e Tio Nilson, braçalmente, a construção desta obra marcante na vida de milhares de criaturas que foram acolhidas.

Com alegria e entusiasmo, abriram ruas, construíram casas, trabalharam o terreno acidentado. Disse Divaldo que em seu coração está a visão daquela mulher com fome, a sua mãe, que na época da miséria econômica, para sobrar alimento para ele e seus outros irmãos pequenos, optava por tomar somente o café preto sem açúcar, em um grande ato de abnegação, de amor.

Os que hoje veem a Mansão na sua configuração atual não conseguem perceber o trabalho que foi realizado, o sacrifício oferecido em nome do amor. Dirigindo-se aos funcionários disse considerá-los integrantes da família, tratando-os como irmãos, amigos. Solicitou que ajudem a diretoria a bem gerir, perdoando equívocos. Somente Jesus não cometeu equívocos. Rogou que não deixem a Mansão morrer, ela nasceu para servir. É uma casa de alegria. Na hora da crise, procurem os dirigentes falando-lhes a respeito para que as soluções possam ser adotadas quando possível. A construção e a manutenção da Mansão do Caminho são realizadas diariamente e em conjunto com os seus funcionários, colaboradores, voluntários e dirigentes.  

Divaldo convidou a que cada um se torne um associado afetivo da instituição, apelando para que cuidem do patrimônio de Jesus, a casa de Deus. Os votos de Feliz Natal e de seu testemunho foram largamente retribuídos com gratidão através de caloroso aplauso. São os funcionários e colaboradores, as almas sustentadoras, que produzem o milagre da redenção do ser humano atendido na Mansão do Caminho ao aceitarem trabalhar na seara de amor estabelecida por Jesus. Trabalhar nessa instituição é mais do que um trabalho, é uma missão. As mãos que oferecem a caridade ficam impregnadas com o perfume do amor.

Estudo das obras de Joanna – No meio da tarde do dia 16/12/17 teve início mais um encontro de estudos sobre as obras psicológicas de Joanna de Ângelis. Esse, em especial, se constituiu em um “aulão”, visto que, além dos estudantes regulares desse magnífico curso, outros interessados possuem acesso livre, tornando-se uma atividade de caraterística pública. O evento, cujo tema foi O Homem Jesus, teve como expositores os psicoterapeutas Cláudio e Íris Sinoti, da Mansão do Caminho; Roberto Crema, antropólogo, psicólogo e mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade de Paris, reitor da Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ; e Divaldo Franco que, fazendo a abertura, passou a palavra para Cláudio Sinoti.

Cláudio asseverou que é desafiador falar sobre o homem Jesus, principalmente frente às crises de todos os momentos da atualidade, pois que convida os indivíduos à renovação. Sua mensagem sai do Seu coração diretamente para o coração do homem. Jesus, um Espírito de escol, com uma personalidade inquebrantável, tornou-se referência para a vida de multidões em necessidade espiritual.

Joanna de Ângelis, no livro Desperte e Seja Feliz, assegura que o estudo de sua personalidade, à luz da psicologia profunda, não se torna conclusivo por falta de percepções mais apuradas, de recursos técnicos e de profundidade de entendimento dos Seus ensinamentos. A ampliação da compreensão da criatura humana integral vai ocorrendo, até que se possa encontrar Jesus na alma, libertando-se, o homem, de suas misérias morais. No recesso da alma será possível encontrar Jesus ao se fazer uso e o desenvolvimento do autoconhecimento. O homem, carente de Deus, é alimentado espiritualmente por Jesus, isto é, Sua mensagem transformadora dá ao homem a certeza de que será saciado em suas necessidades espirituais. Qual é o impacto transformador da mensagem de Jesus em nós? As carências humanas conduzirão para as mudanças das relações entre os seres humanos.

Íris Sinoti deu continuidade ao estudo desdobrando conceitos e apresentando caminhos para a autotransformação. Para tal, legou Jesus quatro proposições de entendimento sobre a vida. 1. Eu sou o pão da vida... 2. Eu sou a porta ... 3. Eu sou o caminho... e 4. Eu sou o bom pastor... Dessa forma, seu alimento é o espiritual; a porta dá a ideia de transição, de uma passagem que leva o homem ao encontro de si mesmo; o caminho é a evolução que o ser experimenta ao ser arrebatado pelo convite do Mestre, sinalizando que, para alcançar a plenitude com Deus, há um processo de autotransformação com o emprego da mensagem do amor; e o bom pastor é aquele que conhece todas as suas ovelhas, acolhendo-as para que se humanizem através do emprego das próprias forças e conhecimento. Jesus não pode ser entendido, pode ser sentido, porque Sua vida é rica de amor, de abundância e paz.

Juan Danilo Rodríguez, de Quito, no Equador, espírita e médico de família, enviou uma mensagem formulando votos para que cada um possa desenvolver o amor. Jesus é o caminho, devendo ser cultivado nos corações generosos. O que está no coração do homem é o que ele dará ao seu semelhante.

Roberto Crema, da UNIPAZ, diz que a questão é o ser humano. Muitos focam o humano e esquecem o ser.  Externando a sua alegria de estar no encontro, afirmou que o desafio do século XXI será a descoberta do ser humano. Já se passaram dois mil anos, e agora a humanidade começa a descobrir quem é esse Homem. As ciências, a filosofia, a arte, a espiritualidade, podem contribuir para se compreender Jesus, compreender a sua multifacetada personalidade - Jesus filósofo, médico, cientista, artista, religioso, poeta etc. Jesus é o arquétipo da inteireza que aponta para Deus. Esse homem incomparável deve começar a ser estudado nas academias, nas universidades. Cristo significa o estado evolutivo, o florescimento desse potencial no ser humano, dentro de cada um, descobrindo-se em sua inteireza. A Sua mensagem é a de que o ser humano seja perfeito como é o Pai. O ser humano deve aprender a reconhecer a sua inteireza pela mensagem de Jesus, desvelando-se e dando oportunidade para que o Messias nasça dentro de si, iluminando-se. Jesus é o terapeuta da intimidade de cada um, é aquele que facilita a passagem de um ponto a outro, sempre melhor. Ser humano significa, ser: a dimensão que é; humano, a que está. A dimensão da essência e a da existência.

No que Roberto Crema considera o Evangelho do Calvário, ele alinha as sete mensagens do Cristo na cruz e que se encontram nos textos canônicos. 1. Mulher, eis o teu filho: filho, eis a tua mãe. 2. Tenho sede. 3. Tudo está consumado. 4. Deus, meu Deus, por que me abandonaste? 5. Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem. 6. Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso. 7. Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito.

Divaldo Franco retomando a palavra classificou o evento como excelente, apresentando uma visão profunda a respeito do homem Jesus. Descrevendo com sentida emoção a região onde Jesus peregrinou, ensinou e acolheu os aflitos da alma, Divaldo teceu o panorama de há dois mil anos. Os dois lagos ali existentes, embora alimentados pelo mesmo rio Jordão. Um, o de Genesaré, é piscoso, a vida floresce à sua volta, o outro, o chamado Mar Morto, é altamente salgado, sem vida. De uma certa forma, assim pode ser classificado o ser humano. O generoso, que recebe e dá, tal qual o Genesaré que recebe as águas do Jordão pelo Norte e as escoa pelo Sul. O egoísta - comparado ao Mar Morto -, somente recebe, nada dá.

O ínclito orador discorreu sobre o Sermão da Montanha, onde Jesus apresentou a manifestação do amor através de ações de acolhimento, de esperança, de compaixão. Aqueles que dão são mais felizes, diferentemente dos que recebem. Ali, Ele cantou o amor como jamais ninguém o fez, asseverando que somente o amor salva.

Doze séculos depois, Francisco de Assis, no monte Subasio, na Úmbria completou o Sermão da Montanha com o seu hino de amor à natureza, onde todos e tudo estão contidos, fazendo-lhes parte. Outra montanha simbólica é a Massada, que, provavelmente, significa "lugar seguro" ou "fortaleza", é um imponente planalto escarpado, situado no litoral sudoeste do Mar Morto. Os essênios sitiados por Roma e sendo iminente a derrocada, o líder daquelas 980 pessoas que ali habitavam a fortaleza, pactuou que não seriam transformados em escravos, aniquilar-se-iam uns aos outros. Quando os romanos dominaram a montanha somente restou a eles os cadáveres para serem sepultados. Uma “vitória” que conquistou apenas cadáveres.

Assim é a humanidade, uma parcela é constituída por pessoas “ponte”, isto é, as que ligam umas as outras. Outra parcela é formada por pessoas “parede”, ou “muro”, tudo e todos param nelas, são egoístas. Recebem, mas não distribuem. Em qual parcela você se encontra? Perguntou o orador por excelência. Que monte somos? Que lago, ou mar, somos? Qual é o sentido de nossas vidas? Continuou questionando.

Os modelos, os exemplos frágeis, são de fácil alcance. Os sólidos, são difíceis de serem imitados sem ilusão. Vede o modelo Jesus! O amor é o sentimento que nasce nas fibras mais íntimas do coração. Os jovens de hoje vivem, muitos, na ilusão das sensações e das paixões.  A montanha de Massada representa a conquista dos sentimentos mortos, aprisionados. A Subasio representa o amor entronizado em seu sentido profundo, vivo, preenchendo o ser por completo, liberto. O homem hodierno vive em crise de ordem geral e íntima, pois que se esqueceu de Jesus, o doce amigo, o irmão amoroso. Jesus é a doce voz que atende o chamado dos aflitos, Sua mensagem é de amor e solicita-nos: AME!

Divaldo procura construir, reproduzir, no Bairro Pau da Lima, em Salvador-BA, o recanto doce e perfumado da Úmbria. Aqui, disse ele, há uma casa aberta e muitos ombros para que os aflitos possam descansar suas cabeças e chorar as suas dores. O Homem Jesus fala muito baixo, por isso é necessário fazer silêncio interior, para que a ternura, a compaixão e o carinho se expressem com harmonia. Que o Homem Jesus nos console e siga conosco até o outro lado da vida.

Encerramento das atividades - Na manhã de domingo, 17 de dezembro, o Grupo de Ação Comunitária Lygia Banhos realizou o encerramento das atividades do ano. Fundado em 1972, com cerca de quinze famílias assistidas, hoje congrega regularmente 150, com 300 crianças e adolescentes.

O Grupo assiste também, semanalmente, material e espiritualmente, 10 famílias de idosos com problemáticas graves de saúde, amputados, e com outras deficiências, algumas degenerativas.

Sob a coordenação de Edilton Silva, o Grupo está integrado ao Departamento Social do Centro Espírita Caminho da Redenção - CECR. Possui 60 voluntários, muitos, egressos da Juventude Espírita Nina Arueira - JENA -, e dos grupos de assistência, promovendo o ser humano, que resgatado, retribui resgatando outros. Assim, o corpo de evangelizadores e de assistentes conta com o trabalho dedicado e emancipador de ex-assistidos, oriundos da área de juventude, ou da de assistência material/espiritual. As doações são providenciadas pelos próprios colaboradores e seus familiares, em um trabalho de multiplicação, bem como pela estrutura da ação social da instituição.

Nas tardes de sábado, nas instalações do CECR, cerca de 500 pessoas são assistidas separadamente nos ciclos de pais, mães, bebês, crianças e jovens, - desde os recém-nascidos até os com 18 anos de idade -, que se reúnem em encontros de evangelização, promovendo o esclarecimento através do Evangelho de Jesus, o consolador de almas. Neste mesmo período são assistidas, com a mesma sistemática, outras tantas criaturas através dos diversos polos de assistência estabelecidos na região de abrangência da ação social/evangelizadora.

Após bela apresentação teatral, representando o nascimento de Jesus, com os “atores” retirados do próprio grupo de assistidos e da interpretação da canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, por um grupo de mães e jovens também assistidas, homenageando o Movimento Você e a Paz, foram outorgados troféus de reconhecimento e agradecimento à três mulheres que se destacaram em seus polos de assistência no Bairro Pau da Lima.

Divaldo Franco, com seu dinamismo característico, dizendo de sua felicidade e alegria em compartilhar aqueles momentos de congraçamento, animou os presentes contando uma história onde todos puderam participar, interagindo, criando um clima de alegria, descontração e fraternidade, lembrando, também, a mensagem cristã e o nascimento de Jesus, o homenageado, desejando um feliz natal com Jesus, em uma noite feliz. Deus, disse Divaldo, espera que cada um de seus filhos conquiste a felicidade, o bem-estar social e espiritual.

Um farto lanche foi servido para todos, que também levaram para suas casas um generoso farnel - alimentos básicos -, roupas e brinquedos para as crianças e jovens. O congraçamento foi a tônica desse belo encontro de encerramento e comemoração do nascimento de Jesus no coração de cada um.

 

 

Nota do autor:

As fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita