Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 22)

 

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Que deve fazer a pessoa que anseia pela mudança de sua situação emocional, física, social e espiritual?

O empenho e a luta para conseguir-se a harmonia deve constituir o pri­meiro movimento de todo aquele que anseia pela mudança almejada. Somente mediante esse esforço de renovação in­terna, combatendo as sombras teimosas que se aninham na mente e dominam o coração, é que se instalarão as clarida­des inapagáveis do bem-estar que enseja saúde e paz. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

B. Quais são os primeiros passos para a conquista de si mesmo, avançando, assim, rumo à felicidade sonhada?

Despir-se das mazelas que sobrecarregam o ser com aflições desnecessárias, reno­vando os conceitos a respeito do prazer e do viver, e despertar para a com­preensão de valores mais importantes e duradouros, eis os passos iniciais de quem almeja a conquista de si mesmo. No momento a partir do qual haja uma mudan­ça de conduta mental e física para a ação dignificadora, tornar-se-ão viáveis as realizações de enobrecimento e de libertação. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

C. Existe alguma limitação no papel exercido pelos espíritos-guias e familiares?

Sim. Os espíritos-guias e familiares, em nome de Deus, ajudam, mas não têm permissão para eliminar os pade­cimentos que foram gerados por aqueles mesmos que os carregam. São mestres e amigos que auxiliam, sem reti­rar a responsabilidade do educando que, de outra forma, irresponsavelmente volveria aos conhecidos tormentos, logo que os visse diminuídos. É imperioso, desse modo, para obtermos a paz e a felicidade, o esforço pessoal. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)


Texto para leitura


191. De imediato, adentrou-se no recinto um homem de quarenta anos presumíveis, envolto em uma aura de grande simpatia, irra­diando agradável emanação fluídica. Estava assessorado por diversos trabalhadores da esfera espiritual, que sauda­ram a todos afetuosamente. Quando ele entrou na sala, houve uma quase abrupta mudança de vibração, porque as pessoas que o aguardavam experimentaram imensa alegria em vê-lo, tornando-se recep­tivas ao mister a que se dedicava. Tranquilo, sem qualquer afetação, abraçou, fraternal­mente, um e outro, dirigiu palavras gentis a alguns, distri­buiu apertos de mão e sorrisos bondosos com todos, en­quanto se aproximava do estrado sobre o qual se encontrava a mesa diretora dos trabalhos. Um número significativo de servidores do bem, já de­sencarnados, seguia-o empós, distribuindo-se pelo auditório. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

192. Ante a interrogação mental feita por Manoel Philomeno, o Dr. Arquimedes informou por telepatia: “Esse amigo é o irmão Silvério Carlos, membro da equipe de Policarpo, a quem vimos visitar, para com ele mantermos um encontro mais íntimo ao primeiro ensejo”. Incontinenti, ciente de que se tratava de um homem vitorioso, conside­rando-se o grupo que o acolitava do plano espiritual, Philomeno indagou ao irmão Petitinga: “O que teremos hoje, neste salão?” Petitinga respondeu: “Até onde posso depreender, trata-se de uma ativi­dade de atendimento coletivo, quando são desenvolvidos serviços iluminativos pela palavra esclarecedora e socorris­ta, por intermédio de fluidoterapia em aplicação de passes individuais e coletivos”. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

193. De fato, o silêncio tomou conta do auditório modesto e a mesa foi composta sem alarde, tudo com muita simplici­dade. Duas pessoas, anteriormente convidadas por Silvério, assentaram-se com ele e, ato contínuo, uma delas proferiu sentida oração de abertura dos trabalhos. Visivelmente inspirado, o amigo dos infelizes er­gueu-se, e após saudação afetuosa, iniciou a sua peroração:

“(…) E Jesus, vendo a multidão, tomou-se de com­paixão...

A Sua era uma compaixão feita de amor e de misericór­dia, mediante os quais distendia os tesouros da afabilidade e da paz a todos. Em toda e qualquer circunstância, Ele sempre era tomado pela compaixão.

Compadeceu-se da viúva de Naim, que chorava a filha morta, da mulher cananeia, que Lhe rogava ajuda para livrar­-se da enfermidade humilhante, da multidão esfaimada, que nutriu com pão e peixe, sempre respondendo com ternura e sabedoria a todos os apelos que Lhe faziam os aflitos e os deserdados.

O Seu amor atendia incessantemente, jamais deixan­do de penetrar o íntimo de quem quer que se Lhe acercasse em desespero e carência.

Hoje, como ontem, as multidões prosseguem suceden­do-se esfaimadas de pão, de justiça, de oportunidade para ser feliz, de amor, e Ele continua atendendo-as, porque essa é a Sua mensagem de vida eterna.

Mantendo-se fiel ao compromisso de que, sempre quando fosse solicitado, atenderia o apelo, eis que, neste momento, a Sua inefável compaixão alcança-nos, ensejan­do-nos a ajuda de que carecemos para as nossas inúmeras necessidades.

A este respeito, não existe qualquer dúvida. É mister, porém, recordemo-nos também que, depois de atender os aflitos e infelizes, orientava-os a que não voltassem ao erro, libertando-se dos seus grilhões, de modo que ficassem in­denes a acontecimentos mais desastrosos.

Alterar, pois, a conduta moral e espiritual, é o dever que nos cabe manter em consciência, porquanto, os ma­les que hoje nos assinalam são efeitos dos nossos próprios equívocos de ontem, cabendo-nos o compromisso de não serem gerados novos fatores de dissabor nem de infelici­dade procedentes de nós mesmos.

A decisão de ser feliz é inteiramente individual, não cabe dúvida, razão por que ninguém pode anelar, para ou­trem que se recuse, a bênção que lhe gostaria de oferecer.

Desse modo, o empenho e a luta para conseguir-se a harmonia que trabalha em seu favor deve constituir o pri­meiro movimento de todo aquele que anseia pela mudança de situação emocional, física, econômica, social e espiritual. Somente, portanto, mediante esse esforço de renovação in­terna, combatendo as sombras teimosas que se aninham na mente e dominam o coração, é que se instalarão as clarida­des inapagáveis do bem-estar que enseja saúde e paz.” (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

194. Um grande silêncio pairava no ambiente sob tensão e ansiedade contidas, enquanto o palestrante prosseguiu:

“Despir-se das mazelas que sobrecarregam o ser com aflições desnecessárias, reno­vando os conceitos a respeito do prazer e do viver, que passam a expressar-se de maneira diferente da habitual, daquela que impõe a posse e o gozo irresponsáveis, despertar para a com­preensão de valores mais importantes quanto duradouros, tornam-se os primeiros passos para a conquista de si mesmo, a fim de poder-se avançar por diferente rumo propiciador de felicidade.

Enquanto se permaneça arrimado aos mecanismos escapistas do eu não consigo, do eu sou infeliz, do nin­guém me ajuda, a existência transcorrerá sob penas e de­saires. No momento, a partir do qual haja uma mudan­ça de conduta mental e física para a ação dignificadora, tornar-se-ão viáveis as realizações de enobrecimento e de libertação.

O amor de Deus é o mesmo para com todos. Ninguém, que se apresente melhor aquinhoado, em detrimento de ou­trem. Ocorre, no entanto, que cada qual possui o que recolhe com maior ou menor amplitude, podendo desfrutar do que se encontra armazenado, resultante da coleta realizada.

É imperioso, desse modo, o esforço pessoal.

Os espíritos-guias e familiares, em nome de Deus, ajudam, mas não têm permissão para eliminar os pade­cimentos que foram gerados por aqueles mesmos que os carregam. São mestres e amigos que auxiliam, sem reti­rar a responsabilidade do educando que, de outra forma, irresponsavelmente volveria aos conhecidos tormentos, logo os tivesse diminuídos, o que, infelizmente, após haver-se libertado volve a buscá-los.

Com a consciência de que tudo é possível àquele que crê, de acordo com a recomendação do Mestre Jesus, em­penhemo-nos em conseguir o bem-estar e a alegria de viver com saúde, edificando a harmonia no coração e seguindo sempre adiante.” (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

195. O palestrante entreteceu mais algumas considerações finais, pas­sando ao atendimento aos sofredores de ambos os planos ali presentes. As luzes foram diminuídas, dando lugar a uma suave penumbra que permitia visibilidade agradável, de imedia­to convidando os lidadores da Casa, médiuns dedicados à fluidoterapia pelos passes, a que se espalhassem pela sala, tomando-lhe os corredores. A seguir, conclamou todos à oração silenciosa, ao tempo em que enunciava alguns nomes de aflitos para que as mentes emitissem vibrações de saúde, de paz, de frater­nidade. Enquanto esse labor era realizado com unção e harmonia que a todos envolvia, os portadores de mediu­nidade curadora e passistas distenderam os braços com as mãos espalmadas na direção do público, deixando que as energias de que eram veículos se exteriorizassem, ou eles próprios se transformassem em antenas captadoras-trans­missoras das correntes de vibração superior que invadiam a sala, sendo canalizadas em direção do público receptivo. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

196. A operação prolongou-se por aproximadamente dez minutos, quando as luzes voltaram à sua pujança e teve lugar o encerramento. Notou-se, então, que os participantes da ágape espiritual encontravam-se abastecidos de forças fluídicas e seus cam­pos perispirituais exteriorizavam as variadas cores de que se constituíam. Uma alegria natural invadia quase todos, confirman­do os excelentes resultados da operação socorrista, na qual participaram também os trabalhadores desencarnados que mantinham compromisso com a Associação. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

197. À medida que as vibrações eram direcionadas pelas mentes ativas sobre o público, formou-se uma abóbada flu­ídica de vários campos vibratórios que se potencializavam, quanto maior era a concentração e mais favoráveis os senti­mentos de amor e de fraternidade. Ao mesmo tempo em que se assimilavam as ondas mentais originadas no público e fortalecidas pelos espíritos operosos que a plasmavam, elas eram absorvidas pelos organismos vivos ali pulsantes. E os espíritos sofredores que acompanharam os seus hospedeiros psíquicos, assim como outros que foram trazidos para participar da atividade, igualmente beneficiaram-se expressivamente. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

198. Enquanto a grande sala esvaziava-se, em face do en­cerramento daquele labor, ocorreu a chegada de novos grupos espirituais que a repletaram, a fim de participar de outros eventos que ali deveriam ter lugar. Manoel Philomeno seguia a movimentação contínua, quando foi convi­dado a prosseguir com o  grupo em direção à pequena sala onde Silvério se preparava para atender aqueles corações aflitos que foram selecionados anteriormente. Era mais do que um atendimento fraterno convencio­nal. Ele ouvia as pessoas e procurava com elas as res­postas para as suas inquietações, ao tempo em que as aten­dia espiritualmente com os recursos próprios do momento. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

199. Consciente do significado do instante para cada consulente, dispensava atenção a todos com gentileza e paciência, procurando sempre iluminar-lhes a mente com os ensinamentos do Espiritismo, de forma que ad­quirissem responsabilidade diante dos acontecimentos, evitando tornar-se-lhes o guru ou o psicoterapeuta de toda hora, como, não raro, ocorre. Sendo bem atendidos, alguns clientes da fraternidade abdicam do dever de pensar e de agir, procurando contínua orientação e incessante ajuda, sem contribuir com o próprio esforço para as decisões e ações que lhes dizem respeito. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.)

200. Aqueles que se apresentavam aturdidos por transtorno obsessivo recebiam-lhe a ajuda fluídica e magnética por meio dos passes, mas também a recomendação para os procedi­mentos compatíveis de que a Associação se encontrava em condições de dispensar. Sempre inspirado pelo seu guia espiritual, era visível a perfeita identificação existente entre ambos. Não obstante a psicosfera saudável e o equilíbrio man­tido no recinto, de quando em quando se ouviam gemidos algo desesperadores e uma que outra imprecação no ar. Dr. Arquimedes explicou: “Ao lado deste edifício, encontra-se o lar de idosos, no qual são abrigadas algumas dezenas de irmãos em de­clínio físico e mental. Noutro pavilhão, a seguir, dentro da imensa área, também se encontra um hospital equipado para atendimento de enfermos pobres que enxameiam na cidade e que vêm também de outras procedências. Tudo aqui tem o toque do nosso Silvério, que foi o iniciador da Obra grandiosa de amor e de caridade, apoian­do-lhe a mediunidade missionária”. (Entre os dois mundos. Capítulo 16: O santuário de bênçãos.) (Continua no próximo número.)

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita