Brasil
por Paulo Salerno

Ano 11 - N° 549 - 7 de Janeiro de 2018


 

Movimento Você e a Paz completa 20 anos de atividades


Teve início em 13/12/17 a vigésima edição do Movimento Você e a Paz em Salvador/BA. No ano de 2017, após percorrer outras cidades da Bahia e de diferentes Estados, e com apresentações em outros países das Américas e da Europa, o Movimento Você e a Paz é desenvolvido, com grande sucesso, através de apresentações na capital baiana. Este ano os eventos aconteceram em 15/12 no Farol da Barra; 17/12 no Shopping da Bahia; e em 19/12 na Praça do Campo Grande, encerrando o ano e comemorando a data oficial da paz no município de Salvador.

Dique do Tororó

Nunca necessitamos tanto de paz, a sociedade tem fome, fome de justiça, de bondade, de amor. (Divaldo Franco)

Com o Dique do Tororó engalanado, criando um clima pacífico, bucólico e de tranquilidade, o público se fez presente em grande número, tomando todos os espaços para ouvir a mensagem de paz. O momento artístico esteve sob a direção da cantora Cássia Aguiar que, com sua performance, animou o público muito participativo.

João Araújo, o mestre de cerimônia, externou a gratidão do Movimento Você e a Paz à Rede Bahia de Televisão, que muito tem feito em prol da divulgação desse evento ímpar. Representando as caravanas nacionais e internacionais presentes participaram do palco Francisco Ferraz, do Paraná, e Milciades Lezcano, da Federação Espírita do Paraguai, respectivamente. O palco foi composto, também, por Demétrio Ataíde Lisboa, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho, André Luiz Peixinho, presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia, e os expositores do evento, Ruth Brasil Mesquita, Marcel Mariano e Divaldo Franco.

Com a certeza de que todos desejam a paz e uma sociedade mais humana e justa, o Movimento Você e a Paz se apresenta em praça pública, mobilizando milhares de pessoas que anseiam por paz e justiça social.

Ruth Mesquita se expressou destacando que todos almejam a paz, que é possível viver em paz, pois que esse sentimento faz parte do psiquismo do homem, que a cada dia aprende a lidar, com mais eficácia, com as vicissitudes da vida, vivendo em estado de paz, sem se deixar perturbar pelos tormentos e sobressaltos inerentes à vida.

Marcel Mariano homenageou, postumamente, o Monsenhor Gaspar Sadoc, dedicado servidor da paz, repetindo a frase inicial de seus discursos sacros: Povo de Deus! Destacando um evento alarmista que vem sendo divulgado por meio da mídia eletrônica, disse que há hoje os crimes cibernéticos, verdadeiro terrorismo a provocar pavor entre as pessoas. Naturalmente que a Internet apresenta recursos e conhecimentos construtivos, porém, o mal encontrou nesse nicho uma ferramenta para disseminar a violência, perturbando sobremaneira a sociedade humana, em ações destrutivas. Deixando uma mensagem de esperança, Marcel destacou a importância de Jesus na vida dos cristãos, que devem homenageá-lo, permitindo que a Sua mensagem renasça em seus corações.

Divaldo Pereira Franco, o idealizador desse movimento divulgador da paz e em sendo Embaixador da Paz no Mundo, discorreu sobre as ações pacifistas de Léon Tolstói, escritor russo que se converteu ao cristianismo, abdicando de seu título de nobreza, tendo adotado e difundido o conceito da não-violência.

Ele buscou uma vida simples e próxima à natureza, difundiu suas ideias em panfletos, ensaios e peças teatrais, criticando a sociedade e o intelectualismo estéril a tal ponto que influenciou um importante admirador: Mahatma Gandhi que, por sua vez, fascinado pela mensagem do Cristo, influenciou, através da obra de Tolstói, o pastor Martin Luther King Jr em sua trajetória pacifista, de não-violência, libertando seus irmãos oprimidos pelos conceitos e conflitos raciais. É o amor a se expressar libertando o homem, tornando-o mais feliz e fraterno. Gandhi teve a oportunidade de afirmar, embora não sendo cristão, que se a humanidade perdesse todos os livros e se o Sermão da Montanha fosse preservado, esse bastaria para que a humanidade construísse uma vida feliz.

Não resolve ser contra a violência, é necessário ser a favor da não-violência. Foi com esse pensamento que Divaldo Franco, sob a orientação de sua mentora espiritual, Joanna de Ângelis, fundou há vinte anos o Movimento Você e a Paz. Inicialmente, voltado aos jovens nas escolas, não prosperou por falta de receptividade. Apresentando-se, então, nas praças públicas, o Movimento vem se reafirmando e crescendo, sensibilizando corações, esclarecendo mentes, atraindo multidões.

A canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, composta especialmente para o Movimento, tornou-se o seu hino oficial, uma marca característica. A Organização Mundial da saúde estabeleceu que a violência é uma doença da alma, e somente na alma ela pode ser tratada. A saga é transformar a violência em ternura, de silenciar o rancor, de passar incompreendido de vista baixa, por que o coração está eivado da certeza de que o bem triunfa. A humanidade necessita de paz. Nunca a necessitamos tanto quanto hoje.

A sociedade vive armada contra si mesma, que se degrada para se esquecer da sua pequenez, que se deixa vencer pela drogadição para fugir da consciência, que explode na intimidade do lar. Nunca necessitamos tanto de paz, a sociedade tem fome, fome de justiça, fome de bondade, fome de amor.

Narrou, o ínclito orador, arauto do evangelho e do amor, que estando em uma grande urbe, encontrou alguém chorando. Era noite, tremeluziam as luzes do natal, e não falando fluentemente o idioma do desafortunado, e ouvindo na intimidade da alma: leva-lhe uma palavra, que te custa? Tu não podes dialogar muito, mas podes dizer-lhe o essencial. Voltando àquele recanto escuro em que alguém chorava terrivelmente, tocou na pessoa, perguntando-lhe se poderia ajudar.

Os olhos lacrimejantes, parecendo duas estrelas, fitaram com surpresa a presença de Divaldo que lhe disse: acredite em Deus, isto vai passar, acredite em Deus! Permita-me dar-lhe um abraço. A pessoa debruçou-se sobre o ombro de Divaldo, chorou copiosamente e despediu-se. Sensibilizado, Divaldo disse ter acreditado que aquela criatura era Jesus em sua simbologia. Era Jesus chorando na grande urbe, procurando alguém que o consolasse. Era o Cristo de Deus diante de tanta opulência, de tanto poder e de tanta miséria, de grande angustia, de alto índice de suicídio, de indignidade, de drogadição. Era Jesus lamentando.

Divaldo, então, agradeceu a Jesus, lembrando de uma lenda antiga, onde Pedro, ao enfrentar dificuldades em Roma, quando os primeiros cristãos eram perseguidos, havia tomado a decisão de se refugiar, para preservar a vida. Saindo da cidade, encontrou Jesus que lhe disse: Pedro, estou indo para morrer com aqueles que abandonastes. Eu vou atendê-los nas masmorras, nas arenas, eu vou socorrê-los nas fogueiras, eu vou morrer com eles nos dentes das feras. Pedro, então, tocado pelo amor voltou sobre seus próprios passos e foi ter com os que estavam sendo imolados nas fogueiras, devorados nos circos e crucificados, dando a sua vida em nome do amor, em nome de Jesus.

Almas queridas que me ouvis, exclamou o Embaixador da Paz no Mundo, permitam-me repetir uma frase do Nobel Albert Schweitzer que com estoicismo disse: Senhora Duquesa, enquanto os nobres não darem a vida, os vulgares nada farão. É necessário que eu vá para lá afim de que outros, um dia, tocados pelo meu exemplo, possam também participar da grande campanha de amor aos miseráveis.

É necessário, disse Divaldo, não escutemos o canto de sereia das ilusões mentirosas do prazer, que aceitemos viver em gáudio e júbilo, com a consciência tranquila do dever retamente cumprido, em paz, desfrutando de harmonia, com o coração pacificado, e que nos seja lícito amar sem nos envergonharmos. Será necessário dizer ao outro, eu te amo, a fazer silêncio para que o outro fale, sendo mensageiro da paz. Será necessário acalmar o lobo interno para que a felicidade e a paz se instalem, amando incondicionalmente, seja quem for, mesmo aqueles que se demonstrem contrários.

Desejando um feliz natal com um ano novo de paz e prosperidade, Divaldo encerrou o inolvidável evento no Dique do Tororó, entoando com o público a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, sob aplausos intensos e abraços efusivos. É o semeador arando os corações e lançando-lhes as sementes do amor e da paz.

Farol da Barra

Não basta não ser violento, é necessário ser pacífico, tendo a caridade como móvel da vida. (Divaldo Franco)

Ao entardecer do dia 15 de dezembro de 2017 o Você e a Paz se apresentou no Farol da Barra, tradicional ponto turístico de Salvador/BA acolhendo as pessoas sedentas de paz. O cair da noite agradável, com cores suaves e generosa brisa, deu as boas-vindas ao público expectante pelos discursos estimuladores da paz. Enquanto o momento de abertura era esperado, os presentes dialogavam entre si. Silenciaram ante a voz maviosa de Vanda Otéro, protagonista do belo momento artístico. A Banda de Música da Policia Militar do Estado da Bahia, Banda Maestro João Antônio Vanderlei, se apresentou executando o Hino Nacional, cantado por todos, bem como fez outras excelentes apresentações musicais.

Após os agradecimentos à Rede de Televisão Bahia, João Araújo, o mestre de cerimônias, chamou ao palco a Monja Coen Roshi, Zen-Budista; Roberto Crema, Reitor da UNIPAZ; Demétrio Lisboa, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho; Jonas Pinheiro, representando as caravanas nacionais presentes; Sara Schlumpf, representando as caravanas internacionais; Padre Olavo Amarante; Marcel Mariano; Ruth Mesquita; e Divaldo Franco. Joanna de Ângelis, Espírito, afirma ser necessário visualizar a paz e agir na paz, construindo assim a paz interna que se expandirá para o exterior, construindo uma sociedade pacífica.

A Monja Coen Roshi, Zen-Budista, em um pequeno exercício de respiração pretendeu realizar a interligação entre todos e tudo, agindo sem críticas, acolhendo as criaturas, sendo a paz que deseja na Terra. Os seres humanos, disse, são átomos de paz no mundo que com gestos de acolhimento, recebem o amor como bênçãos.

Roberto Crema, Antropólogo, Psicólogo e Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade de Paris, Reitor da Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ, externando a sua gratidão a Divaldo Franco, recebeu antecipadamente o Troféu Você e a Paz, na categoria Instituição que valoriza, por compromissos inadiáveis que o impediram de participar da premiação habitual no dia 19 de dezembro. Destacou que a paz pode e deve ser cultivada dentro de cada indivíduo, produzindo amor, humildade, bondade e serenidade.

Divaldo Franco, assomando à tribuna, realizou um passeio pela história da humanidade, no ocidente e no oriente. É uma história de beligerância, destruição, causadora de dores e sofrimentos, onde o poder foi utilizado para subjugar, oprimir, tolhendo a liberdade de muitos. Raros foram os momentos em que a paz reinou timidamente. De Ramsés II aos déspotas atuais, a violência foi a constante encontrada nas civilizações que foram se sobrepondo umas às outras no desfilar dos séculos.

Sob o governo de Caio Júlio César Otávio a humanidade desfrutou de um período de considerável paz. Eram os preparativos para que o homem recebesse o Mestre Nazareno, que na humildade, desprovido de poder temporal, pudesse vir ter com seus diletos irmãos, os seus cordeiros tresmalhados. A paz de Jesus perturbou os poderosos do momento, tanto quando nos dias atuais. Ele apresentou e vivenciou as dúlcidas mensagens do amor, tornando-se exemplo ímpar.

Como o progresso é inexorável, a divindade, atenta as necessidades evolutivas do homem sobre a face da Terra, conjugou esforços, e as ciências, as artes, as relações sociais, a filosofia, foram se aprimorando, produzindo um homem mais inteligente. Porém, o desenvolvimento ético-moral, ainda somente vislumbrado, não se efetivou nas mentes humanas em geral. Com os corações endurecidos, buscando o poder temporal, o homem deixou de considerar a paz, para viver na obscuridade da violência.

No Século XIX o homem logrou avançar no conhecimento. Grandes conquistas foram realizadas nos campos sociais, econômicos e intelectuais. A Doutrina Espírita, através do trabalho grandioso e árduo de Allan Kardec se apresentou à sociedade humana, permitindo ao homem maiores reflexões sobre a vida, a sua origem e destinação, a imortalidade e a vida espiritual, as relações entre o material e o espiritual, a caridade como medida exata para a paz, amando e servindo sem esperar qualquer retorno.

Aqueles que foram tocados pela mensagem imorredoura do Cristo, doam suas vidas em benefício de seus semelhantes, seja no sentido literal, ou figurado. Para tal, não faltam exemplos dessas doações e seus doadores. Por outro lado, as vidas vazias de sentido têm levado criaturas ao suicídio, porque se esqueceram da arte milenar chamada amor.

A vida é um bem muito precioso, o homem é o que ele pensa e faz. O dever moral do cristão consciente é acolher e minimizar a necessidade dos que tem fome e medo, dos que são humilhados e suplicam compaixão, dos que foram jogados nos antros de dor e de degradação.

Que a paz seja o pábulo de amor, com vida exuberante. Não basta não ser violento, é necessário ser pacífico, tendo a caridade como móvel da vida. Há anos Divaldo Franco abraçou a não-violência para falar que se pode mudar o mundo, mudando de comportamento. A paz é Deus no coração do homem. Só há sofrimento porque há apego. Que cada um coloque a sua gota de água de paz para combater o devastador incêndio da violência em todos os matizes e modulações.

Essas foram as recomendações do Embaixador da Paz no Mundo, que, contagiando os presentes, finalizou o magnífico encontro entoando com todos, a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel. Encerrado o evento, os abraços e apertos de mão se sucederam em legitima troca de vibrações pacificadoras e, porque o Arauto do Evangelho tocou o imo das almas presentes, alguns derramaram lágrimas de emoção e de certeza que o amor é a solução para a paz duradoura.

Shopping da Bahia

Há que se viver de tal forma que o mal dos maus não te faça mal, mas que o bem dos bons produza harmonia e progresso espiritual. (Divaldo Franco, o Semeador de Estrelas)

Em continuidade a programação do Movimento Você e a Paz na cidade de Salvador/BA, na sua vigésima edição, o evento foi levado a efeito na área externa do Shopping da Bahia no dia 17/12/17. O público, tomando todos os espaços disponíveis, se fez participativo, reafirmando o desejo de uma construção segura de paz íntima. Cássia Aguiar e seu grupo musical, e Joca com sua banda animaram os presentes que participaram efetivamente, interagindo com os músicos, em um momento de grande alegria.

O Padre Manoel Olavo Amarante foi chamado ao palco para representar as caravanas nacionais e internacionais presentes. Demétrio Ataíde Lisboa, presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e Mansão do Caminho; Marcel Mariano, Ruth Brasil Mesquita e Divaldo Pereira Franco completaram o palco sob a supervisão da organizadora do Movimento Telma Sarraf. João Araújo, mestre de cerimônias, coordenou as apresentações. O Movimento Você e a Paz reafirma o desejo de querer paz, buscando construir uma sociedade mais solidária, mais fraterna e com mais beleza. Pensar em paz e agir com pacificação, exteriorizando-a de tal forma que ela se estabeleça onde estejas e com quem te encontres, é a orientação da Mentora Joanna de Ângelis. A paz em mim ajudará a paz no mundo, vencendo a violência, o maior flagelo da atualidade.

Ruth Brasil Mesquita classifica o ser humano como potência de paz. Ela destacou que a falta de comunicação entre as criaturas humanas tem gerado grandes transtornos, até mesmo para compreender a atitude de crianças classificadas como hiperativas. Algumas há, que em aprendendo a matéria de pronto, se desinteressam por outras quaisquer explicações ou orientações. Duas meninas, gêmeas, pelo comportamento que apresentavam, sempre irrequietas, foram levadas ao psiquiatra a pedido da escola. Na consulta se comportaram exemplarmente, agindo como duas meninas tranquilas, normais, motivando o psiquiatra dizer que o problema eram os pais e a escola, sinalizando que os adultos precisam apreender a conviver com essas mentes férteis e indóceis.

O ser humano se encontra consigo mesmo quando a paz está dentro dele. Assim, outras criaturas que escapam aos modelos tradicionais de comportamento, sofrem pela incompreensão e desconhecimento de seus potenciais. É necessário buscar uma qualificação apropriada para se trabalhar com criaturas que vem inovando atitudes comportamentais no seio da sociedade humana.

Marcel Mariano, apresentando um quadro estatístico do índice de violência no Brasil, superior aos dos países envolvidos em conflitos bélicos, ressaltou a necessidade de uma educação qualificada e que desenvolva o sentimento de cidadão responsável para atuar na sociedade. Para tal, disse ser necessária a mudança da grade curricular para as escolas brasileiras, introduzindo disciplinas voltadas a formação do caráter e do civismo. Hoje, o ser tecnológico perdeu o interesse pelo seu semelhante e distanciando-se, frequentando as redes sociais, não percebe que as relações humanas se diluem.

Os tratados de paz firmados entre as nações não são duradouros. O acordo é quebrado logo após, pois que o ser humano, belicoso, não se pacificou. É preciso desenvolver uma cultura de paz, começando pela família, levada para a escola e para as ruas, gerando gentileza, brandura e serenidade. O Movimento Você e a Paz está nas ruas para contribuir na pacificação do ser humano que pouco a pouco aprende a conjugar o verbo pazear. A paz deixou de ser somente um substantivo, para se tornar um verbo, já constante nos dicionários, indicando que para se ter paz será necessário agir, isto é, pazear.

Divaldo Pereira Franco, o idealizador de magnífico movimento pacifista, frisou que Israel, após 400 anos de grande provação, experimentando o silêncio dos deuses que haviam deixando de mandar as suas mensagens de ternura e amor, experimentava as injunções violentas, passando a pertencer aos sírios sob o império romano, ditando-lhes comportamento e impondo-lhes a cultura. A história avança, o pensamento grego de Esparta cedeu lugar ao canto de Atenas.

Caio Júlio Cesar Otaviano governou para um povo feliz, que experimentava um pouco de paz e o povo feliz possui como referência a casa imperial, assinalando o século em que viveu. Neste mesmo período nasceria aquele que seria a luz do mundo, Jesus, o filho de José. Seu berço dividiu a história da humanidade, passando a ser contada em antes e depois. Pacífico e pacificador, Sua mensagem é o amor. Em apenas três anos Ele mudou um panorama que perdurava há sete mil anos. Qual era a sua peculiaridade? Dava sentido à vida dos sofredores e que com suas mãos curou e amparou, atendendo e dando o licor da alegria de viver.

O Homem Jesus servia e cumpria a lei, havendo em si autoridade moral, e por isso o chamavam de Senhor. Ele curou cegos, dobrou os orgulhosos, seus feitos de amor e de paz ecoavam nos vales e montanhas despertando as consciências tumultuadas. Em cada caso, um novo ensinamento, uma nova maneira de ver e entender a vida.

Para ilustrar o poder do amor e da paz, Divaldo contou a história de Mohamed, o Justo. Era muçulmano. Examinava todos os casos segundo a ótica do livro sagrado. Possuía um sentido apurado sobre justiça, amor e caridade. Em determinada ocasião, segue contando Divaldo, o monarca meditava passeando em seus jardins, quando teve sua atenção despertada por uma balbúrdia. Acercou-se e viu uma mulher em andrajos. Estava agachada e chorava. Com ela havia algumas frutas. Seu Grão-Vizir, ou primeiro ministro, acusava-a.

Ante o quadro, Mohamed - O Justo indagou seu ministro sobre os acontecimentos, sendo informado que aquela mulher havia furtado frutos do pomar real, e isto era um crime. Mohamed dirige-se à mulher e pergunta-lhe sobre a acusação. Ela disse que era viúva e tinha um filho muito doente em casa, que estava faminto, à beira da morte. Desesperada saiu a mendigar. Nada conseguiu. Havia ido à feira para, pelo menos, recolher as sobras, os descartes naturais. Inacreditavelmente, neste dia, nada sobrou ou foi descartado.

Retornando ao lar, sem nada levar, e ao passar pelo pomar real observou inúmeras frutas no chão, que por certo não seriam aproveitas. Sabia ser proibido colher frutas naquele pomar e que poderia ser punida. Sua angústia era demasiada. Pensava no filho à beira da morte. Recolheu algumas frutas na barra de sua saia. Foi apanhada cometendo o crime.

Inteirado que a sentença seria a lapidação, propôs Mohamed - o Justo que passassem à execução ali mesmo onde o crime havia acontecido. Seu Grão-Vizir disse-lhe que a criminosa deveria ser apedrejada no templo, local sagrado onde estavam depositadas as pedras para tal mister, e que ali, onde se encontravam, não haviam pedras. Mohamed, então, retirou seus anéis, apanhou as pedras preciosas que adornavam suas vestes, sugerindo aos demais que fizessem o mesmo. Começou a lançar suas joias contra a criminosa. Fez o mesmo com a gema que adornava seu turbante. Os demais, relutantes, o acompanharam.

A mulher estupefata não compreendeu e, aturdida ouviu seu Soberano dizer-lhe para recolher todas as pedras e que as vendesse para dar de comer aos seus filhos, estando livre a partir daquele momento, pois que a sentença havia sido cumprida, e que Alá a abençoasse e que não voltasse mais a fazer o que fizera.

Destacou o lúcido orador que o brasileiro fez uma inversão de valores. Voltamo-nos contra as vítimas, enquanto os algozes são tratados com deferência e falsa postura. Onde estão os títeres, os sádicos, os administradores venais? De onde eles vieram? São frutos da sociedade violenta que ajudamos a construir, pois que a violência está em cada indivíduo. É uma herança do primarismo do homem que gastou um bilhão e quinhentos mil anos para desenvolver a sensação de medo e de ira, e somente a menos de cem mil anos é que o homem começou a desenvolver o sentimento do amor.

No período da razão, dos sentimentos, deveria o homem a aprender a desarmar-se contra o seu semelhante para passar a amá-lo. A criatura conflitada consigo mesma se constitui belicosa, aceitando toda e qualquer provocação ou ofensa, agredindo por que não sabe amar. Há que se viver, disse o Semeador de Estrelas, de tal forma que o mal dos maus não lhe faça mal, mas que o bem dos bons produza harmonia e progresso espiritual.

O psicólogo e teólogo norte-americano Rollo May afirma que a sociedade humana perdeu o rumo por abandonar as tradições, a solidariedade. Jesus, o homem dócil, acolhedor, amoroso e dotado de profunda compaixão com os que sofrem, possui um coração pleno de amor. A vida não é constituída somente por aflições. O céu e as estrelas nos convidam a desenvolver a paz interior, respeitosa, construída na intimidade de cada indivíduo.

Declamando o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo finalizou o seu discurso, passando todos, então, a entoarem o hino do Movimento Você e a Paz: a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel. Com sentida emoção os presentes se abraçaram formulando votos de paz uns para os outros, congraçando almas, produzindo paz íntima.

Entrevista à TV Bahia

Você é uma estrela de paz, sendo natural, ainda, sentir ira, medo, que tenha raiva, porém, que não se permita fazer o mal. (Divaldo Franco)

Em 19 de dezembro o Movimento Você e a Paz completou 20 anos de divulgação sistemática da não violência, levando aos corações sedentos de paz a mensagem do amor que liberta os indivíduos das amarras do ódio, da raiva, da indiferença, da solidão, da miséria moral. Desde o seu momento inicial, o movimento tem arregimentado multidões, tanto no Brasil, quanto no Exterior, apresentando reflexões que conduzem as criaturas a perdoar, a amar, a respeitar o seu semelhante como gostaria de ser respeitado.

Idealizado por Divaldo Pereira Franco, o Você e a Paz, em Salvador, capital da Bahia, o dia 19 de dezembro é reverenciado como data oficial, cívica e cultural do município. Todos os anos, na Praça Dois de Julho, no Campo Grande, acontece o evento de culminância das atividades anuais, marcando o seu encerramento com a presença de milhares de pessoas que buscam uma proposta da paz apresentada por diversas personalidades dos campos sociais, filosóficos e religiosos. Este é um grande acontecimento ecumênico e apolítico.

Cercado de carinho e de sentimento de gratidão, Divaldo Franco foi recebido, na parte da manhã, como de hábito, pelos funcionários e profissionais da área da comunicação social da Rede Bahia de Televisão. Desde o momento em que chegou às instalações, foi avidamente disputado para entrevistas, cumprimentos, elogios e fotos, atendendo-os com o seu característico sorriso e bonomia. No programa Bahia Meio-Dia, Divaldo em sua entrevista destacou, com sua concisão de sempre, que a paz interior construída na intimidade de cada indivíduo torna-o uma criatura pacificada. Frisou a necessidade de os cidadãos compreenderem que os governantes saem do seio da sociedade, e, portanto, é o próprio cidadão o responsável pelo que acontece no campo político e social da nação. Na atualidade já há um sentimento, um desejo de pacificação, com avanços importantes que levam o homem e a mulher a um despertar de suas potencialidades.

Apresentando flashes da Mansão do Caminho, com suas diversas atividades, a reportagem da TV Bahia designou-a como a “cidade da fé”, “a casa de amor”, para dizer que no seu interior as desigualdades não existem, conforme depoimento de seus assistidos, com alguns se constituindo, hoje, em dedicados voluntários. Ali são resgatados os valores morais de crianças e pais. O discurso na Mansão do Caminho se torna real, promovendo a paz através da aplicação do bem.

A violência, destacou o nobre médium e humanista Divaldo Franco, é uma doença do Espírito, da alma, e como tal deve ser tratada, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde. A Mansão do Caminho é uma instituição que atende o cidadão sem considerar a sua crença religiosa, por que o amor é universal. Salientou que preserva a sua crença na criatura humana, amando-a sem outras considerações.

Sua mensagem foi de que a vida é aquilo que dela o indivíduo faz. Assim, seja você aquele que faz ao outro o que gostaria que te fosse feito. O homem, depois de tentar outras formas de agir, e que não produziram resultados bons, deve tentar, agora, o amor, a salvação para a humanidade.

Campo Grande

O homem moderno, tecnológico, deve aprender a servir, saindo um pouco de dentro de si para doar-se ao seu próximo. Esse homem deve se tornar um servidor do bem, desfrutando da felicidade relativa, com alegria, tendo a coragem de cantar a melodia da ternura. (Divaldo Franco)

Ao entardecer, a Praça Dois de Julho, no Campo Grande, foi tomada pelo público formado por milhares de pessoas para assistir o magno evento Você e a Paz. Destaque seja feito ao ingente e perseverante, exaustivo e produtivo trabalho realizado nos bastidores, executado no silêncio e no anonimato pelas mãos de inúmeros voluntários e funcionários sob a coordenação segura e agregadora de Telma Sarraf, vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e Mansão do Caminho.

O momento artístico, animando o público, esteve sob a responsabilidade de Nando Cordel; Assis Diomar, Cristiane e Luanna; e da cantora lírica Anatasha Meckenna. A música é a voz de Deus na Terra, dizem os poetas. A Banda de Música do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil se apresentou magnificamente, estimulando o público.

O Governador do Estado da Bahia, Rui Costa esteve representado por Olívia Santana, titular da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda, Esporte e Políticas para as Mulheres, Olívia Santana. Outras autoridades municipais e estaduais estiveram presentes ou representadas, bem como vários líderes sociais e religiosos que acolheram o convite para a participação desse movimento ecumênico e apolítico.

Foram agraciados com o Troféu Você e a Paz, na categoria pessoa física que se doa, os seguintes: Wania Howard, do Projeto Crescer; Dalvacy Gomes e Edmar Dias, do Projeto Terapeutas do Riso; Adailton José dos Santos Filho, do Projeto Superação; Major PM Denice Santiago Rosário, da Ronda Maria da Penha; e Divaldo Pereira Franco, da Mansão do Caminho. Na categoria instituição que realiza foram agraciadas: Instituição Teto; Instituto Central de Cidadania; e Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral. Na categoria empresa que viabiliza o premiado foi o Instituto João Carlos Pereira Mendonça. Igualmente foram homenageados com placas comemorativas a 20ª edição do Você e a Paz, seis personalidades que realizaram permanentes esforços para que a paz se estabeleça, construindo relações de boa convivência.

O Movimento Você e a Paz possui o compromisso inarredável de construir a fraternidade, uma mudança de comportamento que leve os indivíduos a desenvolverem a consciência de paz, construindo um mundo pacificado e que o amor e a humanização nas relações sejam constantes.

Pronunciaram-se, estimulando a paz íntima e a convivência pacificada com os demais membros da sociedade humana, construindo a paz nas mentes e corações, a Secretária Olívia Santana; Comandante-Geral da PM do Estado da Bahia, o Coronel PM Anselmo Alves Brandão; Sheik Abdul Ahmad, do Centro Cultural Islâmico da Bahia; Marcia Maria Ferreira de Brito, representando as religiões de matriz africana; o Pastor Djalma Torres, representando os Evangélicos; o Monge Budista Kelsang Tenchog; e o Padre Manoel Olavo Amarante, representando os católicos.

Divaldo Franco, o idealizador do Movimento Você e a Paz, humanista e grande divulgador do Espiritismo no Brasil e no Exterior, discorreu sobre as duas faces que o ser humano possui, se expressando através de uma ou de outra, conforme a situação em que vive e os sentimentos que são despertados nestas condições. Uma das faces pode espelhar serenidade, mansuetude e solidariedade quando tudo lhe é favorável e agradável, por exemplo; e outra, bem diversa, quando o indivíduo se deixa dominar pelo ódio, a ira, o rancor, com desejos de vingança, chegando, inclusive, vivenciando essa face negativa, a cometer crimes. A face da bondade retrata os sentimentos nobres, já a face da maldade, o indivíduo se apresenta sob a aparência do sofrimento.

O homem, na sua estrada ascensional, em seus primórdios, onde os instintos predominavam, o medo foi a primeira emoção desenvolvida. A essa se seguiu, em continuidade, a ira. A angústia e o pavor tomaram conta daquela criatura primitiva, assim permanecendo por milênios. Mais tarde, isto é, muito recentemente, há cerca de 100 mil anos, surgiu o amor, uma emoção ainda imatura, sob a influência do ego, necessitando de educação e aprimoramento. O Medo é a base, a ira é a sua consequência, o amor é jovem, recente, construindo um homem dotado com as bases dos sentimentos. O homem ainda se expressa ora com a face de Jesus, ora com a de Judas, de acordo com os sentimentos que vive e as circunstâncias do momento.

Destacando as qualidades de Jesus e seus ensinamentos, Divaldo indagou, que homem é esse? Jesus foi o maior filósofo que a humanidade jamais viu. É lembrado por todas as frases que proferiu. Dos demais filósofos, somente poucas frases são lembradas. Na senda evolutiva será necessário que o homem se conscientize de que é filho de Deus, criado para a plenitude. Jesus veio ensinar como alcançar essa plenitude. Assim, evoluindo, o homem será capaz de mudar o mundo através da sua transformação moral, construindo-o a partir de si mesmo. Pelo autoconhecimento e a natural transformação moral para melhor, o homem conhecerá a felicidade.

Você é essa estrela de paz, asseverou o nobre conferencista, alertando que é natural sentir ira, medo, que tenha raiva, porém, que não se permita fazer o mal. É necessário observar que há pessoas dedicadas ao bem. Em linhas gerais, as criaturas pertencem a classe do amor. Esse é um período de bênçãos. Os seres humanos devem aprender a não maldizer os demais, todos são oriundos do seio da mesma sociedade em que se está inserido, somos todos irmãos, portanto. Os homens estão experimentando uma nova fase, as máscaras de muitos estão caindo e naturalmente há um movimento em sentido contrário provocando perturbação social, balburdia.

O homem moderno, tecnológico, deve aprender a servir, saindo um pouco de dentro de si para doar-se ao seu próximo. Esse homem deve se tornar um servidor do bem, desfrutando da felicidade relativa, com alegria, tendo a coragem de cantar a melodia da ternura. A paz do mundo começa em cada ser humano. Ela não está fora, pelo contrário, está dentro de cada um. Encerrado o ato sob aplausos intensos, o hino do Movimento Você e a Paz - Paz pela Paz, de Nando Cordel -, foi entoado por todos com sentida emoção e felicidade pelo encontro pacifico e pacificador. Os abraços e votos de paz, de exaltação ao natal de Jesus, destacando a recepção ao Ano Novo, possibilitou que as pessoas se demorassem para sair daquele ambiente luarizado pela paz, pelo amor, pelas bênçãos divinas. Assim se encerrou a vigésima edição do Movimento Você e a Paz, em momento grandioso, ante milhares de pessoas.

 

 

Nota do autor:

As fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.
 


 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita