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por Leila Cristina dos Santos Mourão

 
A Teoria atual do caos


Teoria do caos consiste na ideia de que pequenas mudanças no início de um evento podem desencadear alterações drásticas, profundas e imprevisíveis ao longo do tempo. (Edward Lorenz, 1917-2008.)

Atualmente, muito se fala do caos instalado na nossa cidade, no nosso estado, no nosso país e nosso planeta. Meditando sobre isso, começo a perceber que Deus permite que isso aconteça porque, infelizmente, o indivíduo só começa a se movimentar, reagir e modificar após a famosa dor, que pode ser física, moral ou material. Eu chamaria essa dor, como alguns já citaram, o caminho da cura. A dor que nos ensina a não errar nas nossas escolhas.

Todos os dias, ficamos estarrecidos com a violência que impera em nosso Estado. Dizemos: isso é o caos!  Ficamos indignados com tanto desamor, descaso e incompetência de vários matizes das autoridades, pois as que têm o dever de defesa ficam engessadas pelo medo, pelo despreparo, pela indiferença, não conseguindo ir além do horizonte, que ainda não está perdido.

É a partir do caos que as grandes mudanças na Humanidade acontecem. Precisamos ter tido o conhecimento do ocorrido na Segunda Guerra Mundial e no atual Estado Islâmico, para entendermos o horror da guerra. Necessitamos presenciar tsunamis, furacões, vendavais, entre outros, para podermos praticar a solidariedade entre povos.

Necessitamos presenciar operações como Lava Jato, Calicute, entre outras, para termos a esperança de uma mudança, mesmo que pareça tardia. Quem poderia imaginar que um dia os grandes cairiam? E a eliminação da sujeira que ainda impera nas esferas superiores é questão de tempo. Muitos ainda cairão.

Verificamos, a partir desse caos, a queda das máscaras daqueles que outrora se diziam perseguidos pela ditadura, que também está contida no caos. Hoje, revelam-se loucos, defendendo ideologias e governos que mostram ser dos mais tirânicos da história; empenham-se na defesa de um socialismo hipócrita, cuja ideologia tem como finalidade transformar seres humanos em robôs com deveres e sem direitos. Afinal, um povo com barriga cheia e com pouca cultura é mais fácil ser manipulado. Usar o dinheiro do povo, para um grupo que não tinha necessidade de utilizar a Lei Rouanet, foi na realidade moeda de troca para os defenderem em praça pública, mesmo após todas as falcatruas cometidas. Afinal, isso, sim, que é golpe!

Verificamos, hoje, as ditas comunidades vendidas a grupos fascistas que ditam normas e tomam seus filhos para serem soldados do crime organizado. Pessoas de bem nessas comunidades ainda não conseguem entender que são a maioria e que poderiam mudar o rumo da história, não permitindo que eles se instalassem em seus espaços. Muitos vão me dizer: É fácil falar! Você não vive nessas comunidades! É verdade, mas lido com pessoas dessas comunidades e verifico que, se elas soubessem dos seus potenciais de mudança, tudo seria diferente. O caos ainda não as despertou, mas já estão levando uma sacudidela.

Por muito tempo me disseram que eu sofria de síndrome de Poliana, pois sempre achava que as pessoas não eram más, não eram invejosas e que tudo era azul. Comecei a levar sacolejos da vida. Comecei a perceber que dizer a verdade, ser tolerante, saber ouvir o próximo incomodava a muitos. Com isso, já fico mais cautelosa em lidar com o outro, estou exercitando a sabedoria do caos.

Mas o que este relato tem a ver com o caos?

Porque é através do caos que começamos a retirar o lodo escondido no fundo do nosso eu; começamos a transformar a inércia em ação no bem; começamos a prática da caridade; começamos a reagir às ações danosas dos governantes; e começamos a entender os desígnios de Deus, que nos mostram verdadeiramente o caminho que devemos seguir. Se soubermos olhar com os olhos de ver, temos que agradecer o caos que, por hora, estamos vivenciando. Pois, senão, estaríamos eternamente deitados em berço falsamente esplêndido. Então, que venha o caos para o vencermos e ele não se instalar mais entre nós.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita