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por Raul Franzolin Neto

 

Os Espíritas devem avançar!


A evolução na Terra caminha a passos largos. Novos avanços surgem com criatividade e inovação constantes.

Diante da evolução espiritual que se faz em duas vertentes básicas, a intelectual e a moral, podemos imaginar que muitos Espíritos que estão reencarnando apresentam aspectos evolutivos avançados, tanto intelectual quanto moral.

Não é por menos que estamos observando nascerem crianças com ampla sede pelo saber em todas as áreas do conhecimento, assim como, com preocupações sublimes para o bem comum.

Crianças com apenas alguns anos conseguem dominar uma pequena ferramenta num computador ou celular, mesmo em joguinhos complexos para muitos adultos. Outras não deixam a curiosidade oculta e não cansam de fazer perguntas difíceis de serem respondidas ou mesmo que exigem raciocínio cuidadoso.

Por que a gente tem que morrer? Como podemos ajudar a não destruir a natureza? Por que os países são tão diferentes? E aí vão as inúmeras perguntas de iniciantes sobreviventes no planeta Terra, mas que de iniciantes não têm nada, pois trazem bagagem evolutiva de longos tempos.

Ao atingirem a fase adulta que nem mesmo sabemos definir quando, sentem vontade inata de contribuir para o avanço da humanidade. Embora a luta pela vida force todos a buscarem um espaço na grande competitividade social de uma região, nação ou mundial, sempre haverá um espaço vazio em seu ser que deve ser preenchido diretamente a favor do bem comum.

Não importa quanto tempo demore, um dia esse espaço se abre no coração daqueles que sonham por uma vida melhor em comunidade. Pessoas evoluídas têm sede em atuar em várias áreas da vida em sociedade: a justiça clamando pela responsabilidade e deveres eliminando a corrupção devastadora e vantagens indevidas; a preservação do meio ambiente, a liberdade de pensamentos e ações dentro do limite do respeito ao próximo; o combate à desigualdade social; a retidão na honestidade; a dedicação à área da saúde e à vida saudável; em áreas como a segurança, economia, política, educação, ciência, enfim, em tudo o que uma sociedade precisa para viver da melhor maneira possível.

A religiosidade sempre esteve presente na vida em sociedade. O oculto mistério da morte, o porquê da vida e o medo do desconhecido após a morte levam grupos a se unirem em busca do conforto da consciência.

Na ânsia de novos conhecimentos sobre a vida, o Espiritismo trouxe um caminho mais seguro com as instruções daqueles que não estão mais vivendo na Terra sob as bênçãos de Deus. Somos nós mesmos do outro lado da vida. Somos os seres integrados no espaço e tempo. Somos seres individuais em forma de uma energia indestrutível; passando do imaterial ao material, de lugar em lugar, em aperfeiçoamento constante e vivendo sempre em comunidade espiritual.

Em cada local, somos aclamados a nos aperfeiçoarmos em avanço intelectual e moral, seguindo por caminhos dos mais diversos possíveis. Cada um tem seu papel em cada tempo de vivência social. Todos devemos caminhar em benefício da construção universal rumo ao equilíbrio e harmonia da felicidade eterna.

Com o avançar dos tempos e a cada nova missão somos chamados a contribuir mais do que poderíamos necessitar. São tempos de construção de projetos de preservação do meio evolutivo.

Com Espíritos inferiores a Terra não seria capaz de suportar os desmandos e desrespeitos gerados pelos sentimentos imorais desses habitantes. Num mundo inferior, guerras e conflitos extremamente fortes e potentes podem levar o planeta a ter condições inabitáveis a seres humanos.

A conscientização de responsabilidades eleva o patamar de atuação da vida comum. Desenvolver novos desafios é uma atividade nobre que só o Espírito pode sentir com a verdadeira satisfação pessoal e felicidade sublime de um dever bem cumprido.

O Espiritismo dá ao homem essa nova visão da vida responsável diante de cada um e do universo em continuidade constante. Ele promove a reflexão constante e incentiva a todos a seguir no caminho do bem, tendo, em vista, se tratar de uma vida temporária na Terra. O futuro será sempre melhor que o presente, conforme o mérito pessoal conquistado. Ensina que o homem deve preservar a vida e buscar evoluir o máximo possível dentro do tempo que ele tem disponível.

No início do desbravamento espírita, a sociedade despreparada para a boa nova, foi extremamente rude e infiel para com ele. Os espiritas foram perseguidos e explorados em suas liberdades de pensamentos. Manter a comunicabilidade com os Espíritos era e é algo inaceitável para os intolerantes e os guardiões da verdade divina.

Só o tempo é capaz de curar a insanidade e transformar o que deve ser reposicionado em seu devido lugar.

Atualmente reconhecemos que muita coisa avançou. O Espírita no Brasil ainda pode ser discriminado e taxado como um ser ludibriado pelo demônio. No mundo é muito pior ainda. E o que isso importa para quem de fato sente a evolução infinita?

Ao encontrar mentes evoluídas no rumo da bondade e sabedoria, o Espiritismo se ampara em terreno fértil e, juntamente com água e temperatura adequadas, a semente germina e frutifica, multiplicando-se e espalhando-se sempre.

Os espíritas devem avançar mais! Assumir o verdadeiro papel do exemplo de vida em todas as partes da sociedade para a melhoria do bem comum. Por exemplo, atuar com dedicação e responsabilidade na política. Ninguém pode questionar a nobreza de um trabalho junto à política edificante. A política implica no trabalho da organização social em benefício de todos. Mas, como tudo na vida, há que se refletir seriamente antes do uso impróprio com a má conduta, como ocorre com os políticos desonestos e corruptos. A oportunidade perdida em causa própria irá custar longo tempo de reparos em reencarnações dolorosas. Há que se reparar cada prejuízo causado a todos os envolvidos direta e indiretamente. Por outro lado, todo o mérito também ocorrerá de cada benefício que o bom trabalho na política proporcionar.

 Dessa forma perguntamos: Qual o problema de termos espíritas declarados seguindo a carreira política ou a de magistrados, etc.? Historicamente temos poucos exemplos de espíritas políticos. Um deles é o dedicado médico dos pobres, Dr. Bezerra de Menezes, que deixou seu grande legado de vida exercendo a nobre política no Ceará.

Um verdadeiro espírita, ao estudar e avaliar leis que modificam tanto a vida em sociedade, deverá pensar e trabalhar para o bem comum e nunca em jogo pessoal e momentâneo. Assim, avançaremos muito mais em todo o mundo. A gente não ouve falar em grupos ou mesmo bancada espírita em Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas Estaduais ou no Congresso ou mesmo em partidos políticos. Será que não temos?

Devemos sim viver numa sociedade heterogênea com divergências em opiniões, pois isso eleva a percepção do melhor caminho a seguir. Outrossim, a união em torno de princípios nobres fortalece uma boa causa em definir ações pertinentes a serem implantadas.

Qual o problema de eu querer votar e confiar num espírita que queira trabalhar em prol de uma sociedade mais humana? O espírita deve viver numa sociedade de trabalho em base de solidariedade e fraternidade, mesmo em ambiente competitivo. Qual o problema em incentivar os princípios da caridade e trabalhar para o desenvolvimento social, independentemente de credo religioso, mas assumir a simpatia e afinidades espíritas?

O caminho abrirá espaço para intrusos e oportunistas do poder, entretanto, a responsabilidade é de cada um e sempre haveremos de lutar, extinguindo a erva daninha para florescer a boa colheita.

Os espíritas devem ser respeitados como qualquer outra pessoa. Devem avançar sempre e enfrentar todas as dificuldades sob a bandeira dos princípios da continuidade da vida após a morte, a solidariedade e fraternidade universais e a evolução espiritual eterna, ou seja, sob a bandeira espírita.

Afinal, sou ou não espírita?


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita