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por Ricardo Orestes Forni

 

Mas, cada uma!...

 

“Tudo quanto vemos é uma visão do invisível.” – Anaxágoras (500 a.C.)

 

Se você achou o título estranho, espere só para ler o que encontrei na página de abertura de um determinado Provedor, no dia 23/7/2014. Vamos lá: Um pesquisador criacionista está pedindo pelo fim das buscas por vida extraterrestre. Ele diz que “provavelmente, não existe vida fora da Terra e, se existir, todos os aliens irão para o inferno”. As informações são do The Huffington Post.

Esse mesmo pesquisador afirma que utilizou passagens da Bíblia para justificar a sua opinião. Diz ele, segundo a mesma reportagem: A Bíblia deixa claro que “o pecado de Adão afetou todo o universo”. Logo, seres de outros planetas também seriam afetados. No entanto, por não serem descendentes de Adão, eles não podem ter a salvação, afirmou em seu blog.

Honestamente, não sei se a notícia é hilária ou lamentável, porque é oriunda de um pesquisador! Como sabemos, a tese criacionista do Universo é que tudo quanto existe foi criado por Deus exatamente no instante em que tudo começou a existir. Contrariamente, a tese evolucionista de Charles Darwin admite a evolução das espécies, o que encontra respaldo na opinião da Doutrina Espírita.

Mas, nessa mesma reportagem, encontramos uma notícia alvissareira quando ela nos anuncia que: Especialistas da NASA, no entanto, dizem que esperam encontrar evidências de vida extraterrestre nos próximos 20 anos. “É altamente improvável que, na vastidão ilimitada do Universo, nós, humanos, estejamos sozinhos.”

Como podemos concluir, nem tudo está perdido. Diríamos que nada está perdido. Nas questões de número 17 e 19 de O Livro dos Espíritos, aprendemos que Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo. A Ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele, porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.

Recorramos a A Gênese, de Allan Kardec, cap. VI, itens 14 e 15: “Do mesmo modo, o Universo, nascido do Eterno, remonta aos períodos inimagináveis do infinito de duração, ao Fiat Lux! do início. O começo absoluto das coisas remonta, pois, a Deus. As sucessivas aparições delas no domínio da existência constituem a ordem da criação perpétua. Que mortal poderia dizer das magnificências desconhecidas e soberbamente veladas sob a noite das idades que se desdobraram nesses tempos antigos, em que nenhuma das maravilhas do Universo atual existia; nessa época primitiva em que, tendo-se feito ouvir a voz do Senhor, os materiais que no futuro haviam de agregar-se por si mesmos e simetricamente, para formar o templo da Natureza, se encontraram de súbito no seio dos vácuos infinitos; quando aquela voz misteriosa, que toda criatura venera e estima como a de uma mãe, produziu notas harmoniosamente variadas, para irem vibrar juntas e modular o concerto dos céus imensos!”

Recordemos ainda, segundo Joanna de Ângelis no livro Estudos Espíritas, as palavras de Einstein: “Minha religião consiste em humilde admiração do Espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber com os nossos Espíritos frágeis e duvidosos. Essa convicção profundamente emocional na presença de um poder raciocinante superior, que se revela no incompreensível universo, é a ideia que faço de Deus”.

Continuemos com Joanna no mesmo livro citado: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”– asseverou sabiamente Jesus, e, após ensinar as lições da fraternidade e do amor, partiu para o Seu Reino, preparando para o homem – sua meta sublime, seu fanal! – a morada definitiva, onde a sombra, a dor e a morte, não possuindo dimensão ou legitimidade, são fantasmas desvanecidos pelo sopro da realidade”.

Como podemos constatar, os espíritas estão muito bem respaldados e creem firmemente que nada está perdido, nem mesmo as criaturas que se localizam fora do acanhado planeta Terra e que vivem esplendidamente em outras regiões desse Universo infinito que é a Casa do Pai.

Esperamos, dessa maneira, ter defendido Adão, para o qual pedimos a absolvição que o isente da acusação inicial de ter “contaminado” todo o Universo com a sua inocente maçã.

Da mesma forma, pedimos clemência para Eva, veículo através do qual o fruto proibido chegou até o companheiro. E, até mesmo, por que não, para a cobra envolvida na história do paraíso inicial. Afinal, somos todos criaturas de Deus destinadas à perfeição pela estrada da Vida fora do Éden.
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita