Questões vernáculas

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Da lista de erros frequentes no uso do idioma que falamos, eis mais seis exemplos:

1. Em sua fala ele explicou porque era contrário ao decreto em foco.

2. Amigo, quando puder, assista o filme de que lhe falei.

3. Alguns jovens não teem nenhuma compreensão da realidade que os cerca.

4. Preconceito, má fé, ignorância... Que mais está faltando?

5. A maioria dos estudantes teem ido mal no Enem.

6. O público gostou do palestrante, pois o mesmo soube responder bem às perguntas apresentadas.

Aqui estão os textos depois de corrigidos, bem como as justificativas cabíveis:

1. Em sua fala ele explicou por que era contrário ao decreto em foco.

Justificativa: o vocábulo “motivo” está oculto, porém subentendido na locução “por que”. É como se disséssemos: “... ele explicou por que motivo era contrário ao decreto em foco”.

2. Amigo, quando puder, assista ao filme de que lhe falei.

Justificativa: com o sentido expresso na frase, o verbo “assistir” pede objeto indireto. Assistimos ao filme, ao teatro, à novela.

3. Alguns jovens não têm nenhuma compreensão da realidade que os cerca.

Justificativa: na conjugação do verbo “ter”, o presente do indicativo apresenta as formas seguintes: tenho, tens, tem; temos, tendes, têm. Observe que a forma plural é escrita com acento circunflexo.

4. Preconceito, má-fé, ignorância... Que mais está faltando?

Justificativa: má-fé, má-criação, má-formação são escritas com hífen.

5. A maioria dos estudantes tem ido mal no Enem.

Justificativa: com os chamados coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria etc.), o verbo fica no singular ou no plural. Exemplos: A maioria dos estudantes foi mal na prova. A maioria dos estudantes foram mal na prova. Metade dos alunos viajou no final de semana. Metade dos alunos viajaram no final de semana.

6. O público gostou do palestrante, pois ele soube responder bem às perguntas apresentadas.

Justificativa: em vez de: “o mesmo soube responder”, é preferível: “ele soube responder”. Vários estudiosos do idioma português, como Napoleão Mendes de Almeida e Luiz Antonio Sacconi, entendem que é um erro o emprego do demonstrativo “mesmo” com função pronominal em construções como esta.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita