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por Altamirando Carneiro

  
Amor e sabedoria


Ao constatar o constante interesse do público pelo livro espírita, lembramos as palavras do Espírito de Verdade em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI: O Cristo Consolador: "Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos ensina o objetivo sublime da prova humana".

Na época de Moisés, quando vigorava o olho por olho, dente por dente, o grande missionário recebeu do Mundo Espiritual os Dez Mandamentos, que pediam ao homem da época o amor a Deus sobre todas as coisas. Séculos depois, Jesus nos traz os seus ensinamentos e, complementando as Leis recebidas por Moisés, pede-nos que amemos a Deus e ao próximo. Mais alguns séculos depois e o Espiritismo diz: "Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento;  instruí-vos, este o segundo".

O amor e a sabedoria são as duas asas do Espírito. O ideal seria que marchassem juntas. Porém, a evolução do homem se faz de maneira muito lenta. Por isso, o progresso científico e o progresso intelectual do homem estão sempre à frente e o progresso moral, bem atrás.

Castro Alves, pela psicografia de Jorge Rizzini, diz, no poema A Criação Divina:

      

       Povo escravo não tem pausa,

       No trabalho à luz do archote:

       E monumentos, impérios,

       São erguidos com o chicote!

       Cresce a cultura Imortal,

       Mas pouco avança a Moral,

       - E da lei, o pedestal,

       É a força, a cruz, o garrote!

 

A Doutrina Espírita tudo explica à luz da razão. Seus ensinamentos, recebidos dos Espíritos Superiores e codificados por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno e A Gênese, são verdades eternas e para serem bem compreendidas, é necessário que não apenas as estudemos, mas as compreendamos.

Para tanto, é preciso não somente ler, mas apreender realmente o conteúdo da leitura. Isso demanda tempo, paciência, horas de dedicação. O verdadeiro espírita tem a obrigação de ter o mínimo de conhecimento da Doutrina Espírita. É o que se espera do adepto de qualquer religião.

A literatura espírita é uma das mais vastas, das mais completas, com informações seguras e abalizadas. Por isso o sucesso do livro espírita, que não só mata a sede de conhecimentos e de saber, como também suprime a penúria moral.

Na obra Na Escola do Mestre (Edições Feesp), Vinícius diz que "Educar é tirar do interior" e que "a diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não. O sábio se tornou tal, exercitando com perseverança os seus poderes intelectuais. O justo alcançou santidade, cultivando com desvelo e carinho sua capacidade de sentir. Foi de si próprios que eles desentranharam e desdobraram, pondo em evidência aquelas propriedades, de acordo com a sentença que o Divino Artífice insculpiu em suas obras: Crescei e multiplicai".

Por outro lado, o espírita, verdadeiro privilegiado pela obtenção de tantos conhecimentos, não deve guardá-los somente para si, mas levá-los até o semelhante. E deve colocar em prática esses ensinamentos, cujo teor moral nos conduz ao exercício da caridade e do amor ao próximo. "A fé sem obras, é igual às obras sem fé", ou "a fé sem obras é morta"; ou, como advertiu Paulo, se falarmos as línguas dos homens e dos anjos, se tivermos o dom da profecia, se tivermos toda a fé e não tivermos caridade, seremos como o metal que soa e o sino que tine.

A caridade é a ponte que une a criatura ao Criador. Como diz André Luiz, no capítulo 19 do livro Ação e Reação (FEB), pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, "a evolução para Deus pode ser comparada a uma viagem divina. O bem constrói sinal de passagem livre aos cimos da Vida superior, enquanto o mal significa sentença de interdição, constrangendo-nos a paradas mais ou menos difíceis de reajuste".

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita