O Espiritismo responde

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, a leitora Elena M. escreveu-nos o seguinte:


Após o desencarne muitos espíritos vagam por dias, anos e até décadas sem rumo e não percebem que faleceram. Por que isso acontece, se todos nós temos um anjo guardião ou amigos e parentes que desencarnaram antes e que talvez possam orientá-lo?


É verdade. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é comum a todas as pessoas, embora sua duração dependa do grau de elevação de cada um. O Espírito que já está purificado se reconhece quase imediatamente, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.

O assunto é tratado em minúcias nas questões 164 e 165 d´O Livro dos Espíritos.

Em nota aposta em seguida à questão 165, Allan Kardec explica que por ocasião da morte tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.

Como dito, variável é o tempo que dura a perturbação post mortem. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. As pessoas que, desde sua passagem pela Terra, se identificaram com o estado futuro que as aguardava, são aquelas em quem a perturbação menos longa é, porque elas compreendem imediatamente a posição em que se encontram.

Outro fato que tem grande influência no estado de perturbação é o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, acidente, apoplexia e acontecimentos assemelhados, o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Se alguém lhe disser que seu corpo morreu, não acreditará e sustentará, de forma veemente, que continua vivo.

Existe, como se vê, uma limitação normal à ação dos protetores e amigos e há casos em que o Espírito tão perturbado está, que nem enxerga os familiares desencarnados que dele se aproximam.

Nesse estado, há situações em que ele se acerca das pessoas ainda encarnadas  a quem estima, fala-lhes e não entende por que elas não o ouvem. Se levado pelo seu protetor espiritual a uma sessão mediúnica, é exatamente isso que diz ao atendente, imaginando que seus familiares não querem conversar com ele por algum motivo que ele ignora.

Essa ilusão prolonga-se até que se dê o completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e passa a compreender que não pertence mais ao número dos chamados vivos.

Deduz-se, assim, que nesses casos é indispensável o concurso do tempo.

Embora curioso e, aparentemente, inexplicável, o fenômeno explica-se facilmente.

Vejamos como Allan Kardec se refere ao tema:


“Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê e ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo.

Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não creem dormir. É que têm o sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e veem, julgam naturalmente que não dormem.” (O Livro dos Espíritos, n. 165 - Comentário de Kardec.)


Esperamos que as explicações acima atendam à expectativa de nossa leitora. 


  
 


 
Para esclarecer suas dúvidas, preencha e envie o formulário abaixo.
 

Nome:

E-mail:

Cidade e Estado:

Pergunta:




Sua pergunta será respondida em uma
de nossas futuras edições.

 

 

     
     
 

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita