Estudando as obras
de André Luiz

por Ana Moraes

 
Opinião Espírita

(Parte 14)


Damos continuidade nesta edição ao estudo sequencial do livro Opinião Espírita, obra lançada pela FEB em 1963, com textos de autoria de Emmanuel e André Luiz, psicografados, respectivamente, pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


Questões preliminares


A. Como André Luiz classifica a abstenção do serviço no bem?

Ele entende que abstenção do serviço no bem é uma forma de deserção vestida de alegações simplesmente acomodatícias, dentro da qual o crente foge das responsabilidades que lhe cabem. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

B. Que pensar da laborterapia para que os enfermos da alma se recuperem?

Sobre o tema, André Luiz é direto e categórico: “O mundo atual prescinde de quantos se transformam em ascetas e eremitas de qualquer condição. Até a penalogia moderna procura imprimir utilidade às horas dos presidiários, valorizando-lhes a reeducação em colônias, à busca de regeneração moral e social. E a própria psiquiatria, presentemente, institui a laborterapia para que os enfermos da alma se recuperem, pela atividade edificante”. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

C. Na estrada da vida, o trabalhador espírita deve esperar somente flores?

Claro que não. Certamente colherá flores, mas, para isso, terá de defrontar muitos espinhos. Injuriado nos pontos de vista, ferido nas próprias aspirações, contrariado em todos os desejos, sacrificado nas menores aquisições, tentado a quedas morais em cada momento, à maneira de viajante numa estrada marginada de abismos... Qual acontecia ao cristão simples e verdadeiro da era apostólica, assim viverá todo espírita sincero que aspire à renovação de si mesmo, realmente consagrado a servir com Jesus pela vitória do Evangelho. (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)


Texto para leitura


256. Privações do corpo e provações da alma – O homem, não raro, nas horas difíceis, lança mão de recursos extremos e, por vezes, ilógicos, para diminuir o sofrimento próprio ou alheio, qual acontece nas provas desesperadoras, no sentido de suprimir agonias morais ou curar doenças insidiosas. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

257. Daí nasce o contrassenso dos ofícios religiosos remunerados de que decorrem antigos e piedosos enganos, como sejam: a recitação mecânica de fórmulas cabalísticas; os sacrifícios inúteis visando a prioridade e concessões; as promessas esdrúxulas; os votos inoportunos; as penitências estranhas; os autocastigos em que a vaidade leva o rótulo da fé; os jejuns e as mortificações a expressarem suicídios parciais; o uso de amuletos; o apego a talismãs; o culto improdutivo do remorso sem qualquer esforço de corrigenda na restauração do caminho errado... (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

258. Ao espírita cristão, porém, compete despojar-se de semelhantes conceitos acerca do Criador e da Criação, cristalizados na mente humana através de numerosas reencarnações. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

259. Para nós, não mais existe a crença cega. Em razão disso, não mais nos acomodamos à ideia do milagre como sendo prerrogativa em favor de alguém sem merecimento qualquer. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

260. De igual modo, urge compreender os mecanismos das Leis Divinas, dispensando-se, ante os lances atormentados da existência terrestre, toda a atitude ilusória ou espetacular. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

261. Omissão não resolve. Em matéria de comportamento moral e renovação da vida, abstenção do serviço no bem é deserção vestida de alegações simplesmente acomodatícias, dentro da qual o crente não apenas foge das responsabilidades que lhe cabem, como também ainda exige presunçosamente que Deus se transforme em escravo de suas extravagâncias. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

262. Situa-nos a Doutrina Espírita diante de nós mesmos. Estamos espiritualmente hoje onde nos colocamos ontem. Respiraremos amanhã no lugar para onde nos dirigimos. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

263. Usemos a oração para compreender as nossas necessidades, solucionando-as à luz do trabalho sem o proposto de ilaquear os poderes divinos. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

264. A Lei é equânime, justa, insubornável. A criatura – gota igual às demais no oceano imenso da humanidade Universal – não é cliente de privilégios. Eis por que, ao invés de procurar, espontaneamente, penitências improdutivas para nós, é imperioso buscar voluntariamente o auxílio eficiente aos semelhantes. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

265. Espiritismo é sublime manancial de energia espiritual. Haurindo forças, acatemos sem revolta aquilo que a Vida nos oferece, trazendo paz na consciência e entendimento no coração. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

266. O mundo atual prescinde de quantos se transformam em ascetas e eremitas de qualquer condição. Até a penalogia moderna procura imprimir utilidade às horas dos presidiários, valorizando-lhes a reeducação em colônias, à busca de regeneração moral e social. E a própria psiquiatria, presentemente, institui a laborterapia para que os enfermos da alma se recuperem, pela atividade edificante. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

267. Para o espírita, portanto, a Vida e o Universo surgem ajustados à lógica e esclarecidos na verdade. Apelemos para os recursos da prece, a fim de que sejamos sustentados em nossos próprios deveres, reconhecendo, porém, que Deus não é vendedor de graças ou doador de obséquios, em regime de exceção, e sim o Criador Incriado, perfeito em todos os seus atributos da justiça e de amor. (Opinião Espírita, cap. 51: Privações do corpo e provações da alma.)

268. Natural e inevitável – Natural e nem podia ser de outro modo. Respirará na Terra por alvo de permanente observação à guisa de ator supliciado na ribalta da vida... Caminhando sob a ironia de muitos qual um peregrino sem pouso certo... Incompreendido nos melhores propósitos, figurando-se pobre sentenciado a sistemático abandono sem apelação de qualquer natureza... (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)

269. Considerado na categoria de louco, muita vez, pelos entes mais caros... Dilapidado nos interesses imediatos, como se estivesse automaticamente deserdado de todos os bens... Preterido onde se encontre qual se fosse irresponsável... Experimentado por golpes e zombarias, sob o guante da antipatia gratuita... (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)

270. Sobrecarregado de obrigações à maneira de escravo, submetido às exigências e caprichos de muita gente... Espancado nos sentimentos qual se trouxesse no peito um coração de mármore... Perseguido nas realizações, cercado de desafetos que ajuntou sem querer... Mal interpretado nas palavras que profira, qual forasteiro a expressar-se por idioma desconhecido... (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)

271. Desajustado onde more, apontado por estrangeiro no próprio rincão natal... Injuriado nos pontos de vista, parecendo o indesejável representante de detestada minoria... Ferido nas próprias aspirações, como se nunca devesse necessitar de carinho... Contrariado em todos os desejos, qual criança que vagueia, enjeitada de todos... (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)

272. Sacrificado nas menores aquisições, lembrando um pária sem apoio e sem rumo... Tentado a quedas morais em cada momento, à maneira de viajante numa estrada marginada de abismos... Condenado sem culpa qual inocente no banco dos réus... Humilhado sem razão à feição do homem reto inconsideradamente relacionado por malfeitor... (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.)

273. Qual acontecia ao cristão simples e verdadeiro da era apostólica, assim viverá todo espírita sincero que aspire à renovação de si mesmo, realmente consagrado a servir com Jesus pela vitória do Evangelho. (Opinião Espírita, cap. 53: Natural e inevitável.) (Continua no próximo número.) 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita