Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

 
O cronista do Diário Carioca estava mais preocupado com assuntos do além do que assuntos políticos e econômicos da época. Impressionado com os versos do Parnaso de Além-Túmulo, ele pediu uma opinião sobre o livro ao colega de academia e de redação Augusto de Lima e ouviu uma ironia: Chico seria a versão mineira do Barão de Münchhausen e estaria às voltas com fantasias mirabolantes. Humberto desconsiderou o ceticismo do amigo.

Após esmiuçar os poemas do caipira de Pedro Leopoldo, enterrou de vez a hipótese de Chico escrever a la manière dos poetas mortos e convocou outros críticos: "Parnaso de Além-Túmulo merece a atenção dos estudiosos, que poderão dizer o que há nele de sobrenatural ou de mistificação".

A convocação surtiu efeito. O poeta e escritor José Álvaro Santos leu as críticas, comprou Parnaso de Além-Túmulo, analisou os poemas e, em janeiro de 1933, desembarcou em Pedro Leopoldo para conhecer o autor do livro. Encontrou o rapaz atrás do balcão no armazém de José Felizardo Sobrinho, visitou sua casa pobre, repleta de irmãos, e ficou impressionado com a rotina do rapaz. Trabalho braçal das 7h da manhã às 8h da noite por um salário de quarenta mil-réis mensais. O poeta não merecia perder tanto tempo com questões menores.

José Álvaro Santos fez uma proposta a João Cândido Xavier: arrumaria um bom emprego para seu filho em Belo Horizonte. Bastava que Chico o acompanhasse até a capital mineira. Em três meses, no máximo, o rapaz estaria contratado. Os olhos do pai cresceram diante da perspectiva. O dinheiro andava curto demais.

João argumentou com o filho e, mais tarde, Chico recorreu a seu amigo invisível, Emmanuel. Escutou conselho contrário ao do pai - deveria continuar onde estava - e tomou a decisão: ficaria com a família. No dia seguinte, João Cândido voltou a pedir socorro e Chico voltou a pedir uma orientação ao guia. A contraordem veio do além - a tentativa é inoportuna e desaconselhável, mas não desejamos que contraries teu pai. (Continua)


Do livro As Vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita