Estudando as obras
de André Luiz

por Ana Moraes

 
Opinião Espírita

(Parte 13)


Damos continuidade nesta edição ao estudo sequencial do livro Opinião Espírita, obra lançada pela FEB em 1963, com textos de autoria de Emmanuel e André Luiz, psicografados, respectivamente, pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


Questões preliminares


A. Podemos dizer que a força mediúnica é neutra em si mesma?

Sim. Como acontece à energia elétrica, a faculdade mediúnica é neutra em si. Tanto pode ser utilizada para o bem como para o mal. A produção mediúnica resultará sempre das companhias espirituais a que o médium se afeiçoe. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

B. Em face dos riscos que sua conduta pode acarretar, como deve agir o médium imbuído de bons propósitos?

Ele é chamado a garantir-se na sinceridade com que se conduza e na abnegação com que se entregue ao trabalho dos Bons Espíritos que, em nome do Senhor, se encarregam do bem de todos. Agindo assim, nada pode o médium temer, em matéria de embustes, porque todos aqueles que se consagram e se sacrificam pelo bem dos semelhantes, jamais mistificam. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

C. Que André Luiz entende como testamento natural?

Testamento natural é, conforme expressão usada por André Luiz, aquele que a pessoa lega aos seus contemporâneos por meio dos seus exemplos. Em face disso, todos nós, ao desencarnarmos, legaremos a herança que nos é própria. Por isso, recomenda-nos André que vivamos de tal modo que os dias porvindouros nos bendigam a passagem. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)


Texto para leitura


234. Mediunidade e mistificação – Compreendendo-se que na experiência humana enxameiam espíritos desencarnados de todos os estalões, comparemos os médiuns, tão somente médiuns, aos instrumentos de comunicação usados pelos homens, no trato com os próprios homens. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

235. Médiuns de transporte. Vejamos o guindaste que opera por muitos estivadores. Tanto pode manejá-lo um chefe culto, quanto o subordinado irresponsável. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

236. Médiuns falantes. Observemos o aparelho de gravação. O microfone que transmitiu mensagem edificante assinala com a mesma precisão um recado indesejável. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

237. Médiuns escreventes. Analisemos o apetrecho de escrita. O mesmo lápis que atendeu à feitura de um poema serve à fixação de anedota infeliz. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

238. Médiuns sonâmbulos. Estudemos a hipnose. Na orientação de um paciente, tanto consegue estar um magnetizador digno que o sugestiona para a verdade, quanto outro, de formação moral diferente, que o induza à paródia. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

239. A força mediúnica, como acontece à energia elétrica, é neutra em si. A produção mediúnica resulta sempre das companhias espirituais a que o médium se afeiçoe. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

240. Evidentemente, o médium é chamado a garantir-se na sinceridade com que se conduza e na abnegação com que se entregue ao trabalho dos Bons Espíritos que, em nome do Senhor, se encarregam do bem de todos. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

241. Em tais condições, nada pode o médium temer, em matéria de embustes, porque todos aqueles que se consagram e se sacrificam pelo bem dos semelhantes, jamais mistificam, por se resguardarem na tranquilidade da consciência, convictos de que não lhes compete outra atitude senão a de perseverar no bem, acolhendo quaisquer embaraços por lições, a fim de aprenderem a servir ao bem com mais segurança, já que o merecimento do bem cabe ao Senhor e não a nós. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

242. Fácil reconhecer, assim, que não se carece tanto de ação da mediunidade no Espiritismo, mas em toda parte e com qualquer pessoa, todos temos necessidade urgente do Espiritismo na ação da mediunidade. (Opinião Espírita, cap. 47: Mediunidade e mistificação.)

243. Testamento natural – Por muito aspire o homem ao isolamento, pertencerá ele à coletividade que lhe plasmou o berço, da qual recebe influência e sobre a qual exerce influência a seu modo. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

244. Alguém pode, sem dúvida, retirar-se da atividade cotidiana com o pretexto de garantir-se contra os erros do mundo, mas enquanto respira no mundo, ainda que o não deseje, prossegue consumindo os recursos dele para viver. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

245. Qualquer pessoa, dessa forma, deixa, ao desencarnar, a herança que lhe é própria. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

246. No que se refere às posses materiais, há no mundo testamentos privados, públicos, conjuntivos1, nuncupativos2, entretanto as leis divinas escrituram igualmente aqueles de que as leis humanas não cogitam, os testamentos naturais que o espírito reencarnado lega aos seus contemporâneos através dos exemplos. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

247. Aliás, é preciso recordar que não se sabe, a rigor, de nenhum testamento dos biliardários3 do passado que ficasse no respeito e na memória do povo, enquanto que determinados gestos de criaturas desconsideradas em seu tempo são religiosamente guardados na lembrança comum. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

248. Apesar do caráter semilendário que lhes mercam as personalidades, vale anotar que ninguém sabe para onde teriam ido os tesouros de Creso, o rei, ao passo que as fábulas de Esopo, o escravo, são relidas até hoje, com encantamento e interesse, quase trinta séculos depois de ideadas. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

249. A terra que mudou de dono várias vezes não é conhecida pelos inventários que lhe assinalaram a partilha e sim pelas searas que produz. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

250. Ninguém pode esquecer, notadamente o espírita, que, pela morte do corpo, toda criatura deixa a herança do que fez na coletividade em que viveu, herança que, em algumas circunstâncias, se expressa por amargas obsessões e débitos constringentes para o futuro. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

251. Viva cada um, de tal maneira que os dias porvindouros lhe bendigam a passagem. Queira ou não queira, cada criatura reencarnada nasceu entre dois corações que se encontram por sua vez ligados a certa família – família que é célula da comunidade. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

252. Cada um de nós responde, mecanicamente, pelo que fez à Humanidade na pessoa dos outros. Melhoremos tudo aquilo que possamos melhorar em nós e fora de nós. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

253. Nosso testamento fica sempre; e sempre que o mal lhe orienta os caracteres é imperioso recomeçar o trabalho a fim de corrigi-lo. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

254. Ninguém procure sonegar a realidade, dizendo que os homens são como as areias da praias, uniformes e impessoais, agitados pelo vento do destino. A comunidade existe sempre e a pessoa humana é uma consciência atuante dentro dela. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.)

255. Até Jesus obedeceu a semelhante dispositivo da vida. Espírito identificado com o Universo, quando no mundo, nasceu na Palestina e na Palestina teve a pátria de onde nos legou o Evangelho por Testamento Divino. (Opinião Espírita, cap. 49: Testamento natural.) (Continua no próximo número.) 

 

Notas:


1
Testamento conjuntivo: é aquele em que duas ou mais pessoas, mediante um único instrumento, fazem disposições de última vontade acerca de seus bens. Esse tipo de testamento é proibido no Brasil.

2 Nuncupativo: feito de viva voz (ex.: testamento nuncupativo); nomeado de viva voz (ex.: herdeira nuncupativa).

3 Biliardário: o mesmo que bilionário.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita