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por Édo Mariani

 

A fé e a fidelidade


A palavra fé vem do latim FIDE. Quer dizer crença religiosa. Designa também fé conjugal: fidelidade conjugal; fé de ofício: que se funda na honra do cargo que atesta ou abona.
Também se emprega como fé púnica: deslealdade, perfídia; a falsa fé: falsidade, traição.
Da palavra fé originou-se a palavra fidelidade: qualidade do fiel, lealdade, firmeza de caráter.
Jesus quando se referiu à fé o fez no bom sentido. No Evangelho de Marcos, cap. XVII, vv. 14 a 20, encontramos a seguinte anotação: Quando Ele veio de encontro ao povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: – “Senhor, tem piedade de meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos seus discípulos, mas eles não o puderam curar”. Jesus respondeu, dizendo: – “Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando sofrerei? Trazei-me aqui esse menino”. E tendo Jesus ameaçado o demônio (Espírito maldoso), este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: – “Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio (Espírito maldoso)?” Respondeu-lhes Jesus: – “Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: ‘Transporta-te para ali’, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível”.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, um dos livros que compõem a obra da codificação espírita, o seu autor, Allan Kardec, argumenta com todo o seu bom senso, da seguinte forma: ... “entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ele dar lugar a que se executem grandes coisas”. 

Allan Kardec ensina ainda que “Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos”.

Quando Jesus afirma que a fé do tamanho de um grão de mostarda transporta montanhas, Ele não se refere, naturalmente, às montanhas de terra e pedra, mas às montanhas das nossas dificuldades que são muito grandes e podem ser equiparadas ao tamanho de uma montanha.

Trata-se da confiança no poder que todos possuímos, quando dispomos de boa vontade.  Conseguiremos transplantar as dificuldades e as mazelas enraizadas em nosso íntimo com o trabalho constante de renovação moral, crescimento intelectual e espiritual.    

Todos poderemos adquirir a fé referida por Jesus e bem esclarecida por Kardec. É necessário iniciarmos pela confiança dos nossos propósitos para conosco, para com o nosso próximo e para com Deus, nosso Pai.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita