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por Maria Margarida Moreira

 

Nova era, novos rumos


“Para que na Terra os homens sejam felizes, é necessário que ela seja povoada, apenas, por bons Espíritos encarnados e desencarnados que se dediquem ao bem. Tendo chegado tal tempo, uma grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam, de novo, perturbações e confusão; seriam obstáculo ao progresso. Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar entre si a Justiça, a paz e a fraternidade.”¹

No cumprimento das leis da natureza na Terra, é o momento da grande transição de mundo de provas e expiações, para mundo de regeneração. “Antes, porém, de chegar-se esse momento, a violência, a sensualidade, a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço, enquanto as enfermidades degenerativas, os transtornos bipolares de conduta, os cardiopatas, os cânceres, os vícios e os desvarios sexuais clamarão por paz, pelo retorno à ética, à moral, ao equilíbrio... frutos das paixões das criaturas que lhes sofrerão os efeitos em forma de consumpção libertadora, e lentamente surgirão os valores da saúde integral, da alegria sem jaça, da harmonia pessoal, da integração no espírito cósmico da vida.”²

As alterações que se observam são de natureza essencialmente moral, convidando o ser humano à mudança de comportamento para melhor, transformando os hábitos viciosos, enfermiços, para que aqui se instalem os paradigmas do dever, da ordem, da justiça e do amor.

Anunciada essa transformação que se encontra inserida no processo da evolução, desde o Sermão Profético, anotado pelo Evangelista Marcos, no capítulo XIII do seu livro, quando o Divino Mestre apresentou os sinais dos futuros tempos, após as ocorrências dolorosas que assinalariam os diferentes períodos da evolução do Planeta Terra.

Felizmente, o fim do mundo de que falam as profecias refere-se à moralidade, sem dúvida, com a ocorrência inevitável de sucessos trágicos, que arrebatarão comunidades, propiciando a renovação social; que a ausência do amor ensinado por Jesus não consegue alcançar, como seria de desejar. Esses momentos difíceis surgirão exigindo equilíbrio e oração fortalecedora.

Um sinal característico desse período em que entramos, é a reação evidente que se opera na aceitação das ideias espiritualistas. Supondo-se que a maioria dos homens são imbuídos de tais sentimentos, as modificações que os mesmos trarão para as relações sociais como: caridade, fraternidade, benevolência para com todos, tolerância para com todas as crenças serão a divisa. Isso só será possível com a prática do Evangelho que trará o reinado do bem e resultará na queda do reinado do mal. É o fim do velho mundo e de todas as más paixões a que o Cristo alude ao dizer: “Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, é então que o fim chegará”. É aí, que se dará a era da renovação das ideias, a regeneração do planeta. É o objetivo pelo qual se orientará a humanidade, apesar das forças refratárias.

Essa obra transformadora caberá à nova geração que marchará para a realização de todas as ideias humanitárias, compatíveis com o grau de adiantamento a que houver atingido, aptos a secundar o movimento regenerador. Os homens de progresso encontrarão nas ideias espíritas uma possante alavanca, e o Espiritismo encontrará nos homens novos Espíritos predispostos a acolhê-los.

Esta fase se revela por ideias grandiosas e altruístas e começam a encontrar eco no Espiritismo que cria a renovação; é a madureza da humanidade que faz de tal renovação uma necessidade, pela potência moralizadora, por suas tendências progressivas, pela amplitude de suas vistas e generalidade das questões que abraça.

O homem, em face das situações críticas experienciadas nas várias encarnações, gerando complicações afetivas, porque distante das emoções sublimes do amor, agindo mais pelos instintos, especialmente, aqueles que dizem respeito à preservação da vida, à sua reprodução, à violência, para a defesa sistemática da existência corporal, agride, quando deveria dialogar, acusa no momento em que lhe seria lícito silenciar a ofensa ou agressão, dando lugar aos embates infelizes, geradores do ressentimento, do ódio, do desejo de vingança, esses filhos inconsequentes do egoísmo dominador.

As pessoas parecem anestesiadas em relação aos tesouros da alma, à vivência do amor, conforme ensinado e vivido por Jesus. Mesmo entre alguns daqueles que abraçam a revelação espírita, os conflitos de várias ordens permanecem na condição de mecanismos de defesa contra a abnegação, a aceitação e a entrega total ao Messias de Nazaré.

As mudanças, os fenômenos não se encontram programados para tal ou qual período, num fatalismo aterrador, mas para um largo período de transformações, adaptações, acontecimentos favoráveis à vigência da ordem e da solidariedade entre todos os seres.

É compreensível que a ocorrência mais grave esteja, de certo modo, a depender do livre-arbítrio das próprias criaturas humanas, cuja conduta poderá apressar ou retardar, ou mesmo modificar a sua constituição, suavizando-a ou agravando-a. Se as mentes humanas, em vez do cultivo do egoísmo, da insensatez, da perversidade, emitirem ondas de bondade e de compaixão, de amor e de misericórdia, certamente alterar-se-ão os fenômenos programados para a grande mudança que já vem ocorrendo.

O amor de nosso Pai e a ternura de Jesus para com o seu rebanho diminuirão a gravidade dos acontecimentos mediante, também, a compaixão e a misericórdia, embora exista a severidade da Lei de Progresso. Todos encarnados e desencarnados estão comprometidos com o programa de renovação planetária para melhor. Por isso, todos devem se empenhar no trabalho de transformação moral interior para auxiliar a marcha evolutiva, pois o impositivo do progresso é inadiável.

Infelizmente, o despertar da criatura humana tem-se feito muito lentamente, dando lugar aos desmandos que se repetem a todo momento, às lutas sangrentas terríveis. Predominam, desse modo, as condutas arbitrárias e perversas na sociedade atual, em contraste chocante com as aquisições tecnológicas e científicas, alcançadas na sucessão dos tempos. Observam-se, amiúde, os preliminares dos sentimentos bons, quando alguém é vítima de uma circunstância infeliz, movimentando grupos de socorro, ao mesmo tempo que outras criaturas se transformam em seres bomba, assassinando fanática e covardemente outros que nada têm a ver com as tragédias que pretendem remediar, por meios mais funestos e inadequados do que aquelas que pretendem combater.

Movimentos de proteção aos animais sensibilizam muitos segmentos da sociedade, no entanto, incontáveis pessoas permanecem indiferentes a milhões de crianças, anciãos e enfermos que morrem de fome, cada ano, não por falta de alimento que o planeta fornece, mas por total ausência de compaixão e solidariedade. São esses e outros paradoxos da vida em sociedade que serão alterados.

As criaturas que persistirem na acomodação perversa da indiferença pela dor do seu irmão, que assinalarem a existência pela criminalidade, conhecida ou ignorada, que firmarem pacto de adesão à extorsão, ao suborno, aos diversos comportamentos delituosos do denominado crime do “colarinho branco”, mantendo conduta egoísta, tripudiando sobre as aflições do próximo, comprazendo-se na luxúria e na drogadição, na exploração indébita de outras vidas, por um largo período, não disporão de meios de permanecer na Terra. Serão exilados para mundos inferiores, onde irão ser úteis, limando as arestas das imperfeições morais, a fim de retornarem mais tarde, ao seio generoso da mãe-Terra que, hoje, não quiseram respeitar.

Outros partem para retemperar numa fonte mais pura, pois uma permanência no mundo dos Espíritos basta para descerrar os olhos, porque, ali, veem o que não podiam ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista poderão, pois, voltar com ideias inatas de fé, de tolerância e de liberdade, em vez de fazer oposição às novas ideias, pois serão seus auxiliares.

Em O Livro dos Espíritos, Cap. VI e VIII, o insigne mestre de Lyon estuda as causas e razões dos desequilíbrios produzidos pelo ser humano e constata que é realmente necessário que tudo se destrua a fim de poder renovar-se física e moralmente, observando a importância e o respeito às Leis de Deus.

Para auxiliar nessa transformação, Espíritos de outras dimensões, ao lado dos nobres missionários do amor, da caridade, da inteligência, do sentimento do bem, trabalham nas sombras terrestres ensejando o estabelecimento do Reino Divino nos corações dos homens. Equipes de Apóstolos da caridade no Plano Espiritual descem, também, ao Planeta, a fim de contribuir em favor das mudanças que vêm operando, atendendo aqueles que se encontram martirizados pela desencarnação violenta, inesperada, padecendo o jugo de obsessões cruéis ou fixados em revolta injustificável, considerando-se adversários da luz, facilitando, assim, o trabalho dos mensageiros de Jesus, esses que vêm trabalhando desde há algum tempo.

Em todos os momentos, nota-se providencial misericórdia divina, através de Cristo, sempre atento às ocorrências planetárias, minimizando as aflições humanas e abrindo espaço ao dia radioso do amanhã que se aproxima, rico de bênçãos e de plenitude, em todo seu esplendor.

O Evangelho está aí, como presente dos céus, para que o ser humano se replete com suas bênçãos, se inunde de suas luzes, se revigore com as suas energias, se enriqueça com os seus ensinos eternos.

 

Bibliografia:


1 - KARDEC, Allan – A Gênese – Capítulo VXIII – 17ª edição – 1990 – LAKE – São Paulo – Brasil.

2 - FRANCO, Divaldo Pereira – Transição Planetária - pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda – 2ª edição – 2010 – Livraria Espírita Editora – Salvador, Bahia – Brasil.

3 - FRANCO, Divaldo Pereira – Amanhecer de uma Nova Era, - Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda – 2ª edição – 2016 – Livraria Espírita Alvorada Editora – Salvador, Bahia – Brasil.

4 - KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo I – Instruções dos Espíritos, e Capítulo III – Mundos Regeneradores – 3ª edição – 1991 – FEESP – São Paulo, SP – Brasil.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita