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por Inês Rivera Sernaglia

 

Traço da realidade


“A vida não vingou no planeta através do combate, mas através da parceria, do compartilhamento e do trabalho em rede.” 
Fritjof Capra


A vontade do Criador, na essência, é para nós a atitude mais elevada que somos capazes de assumir, onde estivermos, em favor de todas as criaturas. Seja qual for a experiência, Deus está conosco em todos os caminhos. Isso não significa omissão de responsabilidade. Não há consciência sem compromisso, como não existe dignidade sem lei. O peixe mora gratuitamente na água, mas deve nadar por si mesmo. A árvore é plantada livremente no solo e ali é chamada para produzir. Ninguém recebe talentos da vida para escondê-los ou reprimi-los. É necessário aprimorar, melhorar nossas imperfeições tanto quanto possível. Nascemos para realizar o progresso em nós e no meio em que atuamos e assim o faremos forçados pela lei de progresso.

Ante qualquer situação, não hesitemos quanto à atitude mais elevada a qual nos achamos intimidados pelos propósitos divinos diante da consciência. Para encontrá-la, basta realizar o melhor de si em benefício dos outros, porque a vontade de Deus, sustentando o bem de todos, nos atende ao anseio da paz e felicidade, conforme a paz e a felicidade que ofereçamos a cada um.

Cada um de nós vive ligado a um grupo de companheiros que constitui laços do pretérito ou objetos do agora, junto dos quais somos convidados a educar a vida e o coração para a existência Maior. Às vezes parecem inadequados, mas procuremos esquecer que são agora o que são, talvez porque um dia fomos nós dessa maneira ou ainda o somos e nem percebemos.

É no lar que iniciamos o apostolado da confraternização, meditando nas dificuldades de cada um, com solidariedade, tolerância, apoio e compreensão. Aceitemos o companheiro que não é ou não faz aquilo da forma como gostaríamos, como sendo criatura algemada a compromisso que desconhecemos. Usando o amor que o Evangelho nos indica a fim de que se nos reduzam as deficiências recíprocas, entendamos que sem a convivência desses companheiros mais difíceis, seríamos iguais a alunos obrigados à frequência da escola sem material de lição. Em verdade, todos nós estamos situados em intenso parque de oportunidades para o trabalho, a renovação e melhoria.

O tempo é comparável ao solo e o serviço é a plantação. Então, ninguém vive deserdado da participação das boas obras, pois cada um de nós colherá aquilo que semeou. A vida é troca incessante e aqueles a quem protegemos nos serão protetores um dia.

Hoje alguém surge diante de nós suplicando apoio. Amanhã, diante de alguém, surgiremos nós. Quase todos, porém, aguardamos a melhor situação para contribuir, de algum modo, com grandes realizações, plenamente esquecidos de que um rio se compõe de fontes pequenas e que nenhum de nós, em louvor do bem, deve esperar o amanhã para começar, porque ocasiões não faltam no campo de trabalho no qual fomos colocados para a tarefa redentora.

Apresentemos, pois, os resultados de nosso esforço na vida diária, auxiliando quanto, como, onde e sempre que pudermos para o erguimento do bem comum. Não esperemos para amparar os semelhantes, pois esta é a construção da própria felicidade e da almejada liberdade, uma vez que tudo o que damos à vida, na pessoa do próximo, é justamente aquilo que a vida nos restitui.

 

Bibliografia:


XAVIER, C. Francisco – VIEIRA, Waldo – Estude e Vida – ditado pelos espíritos Emmanuel e André Luís – 14ª edição – Brasília /DF/ Editora FEB – 2013.

XAVIER, C. Francisco – Pronto-Socorro – ditado pelo espírito Emmanuel – 1ª edição – Brasília /DF/ Editora FEB – 2015 – capítulo 24. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita