Espiritismo
para crianças

por Célia Xavier de Camargo

 
O melhor pai do mundo


Carlinhos, um menino muito arteiro, entrou em casa sentindo-se chateado.

Estava no quintal jogando bola com os amigos e, sem querer, quebrou o vidro de uma das janelas.

O pai, que lia o jornal na varanda, percebeu o que tinha acontecido. Levantou-se na mesma hora e foi chamar a atenção do filho:

— Meu filho, tenha cuidado! Não chute a bola com muita força. Você quebrou um vidro da nossa janela. E se fosse da casa do vizinho? Seu pai teria que pagar! E se você tivesse machucado alguém?

— Mas, papai, eu não tive culpa!

— Seja como for, você causou um prejuízo e descontarei da sua mesada.    

Entrando na cozinha, Carlinhos sentou-se numa cadeira, revoltado. Maria, a empregada de sua mãe, que enxugava umas louças, perguntou:

— O que foi desta vez, Carlinhos?

— Meu pai brigou comigo só porque quebrei o vidro de uma janela. Disse que vai descontar da minha mesada. Sempre a culpa é minha! Tudo eu! Tudo eu!

Maria, que gostava muito do menino, com carinho respondeu:

— Carlinhos, todos temos que ser responsáveis pelas nossas ações. E seu pai estava apenas tentando ensinar-lhe responsabilidade, disciplina e respeito às coisas alheias.

— Maria, mas ele briga comigo o tempo todo! Para tomar banho, fazer a tarefa da escola, arrumar os brinquedos. Ufa! Estou cansado! Gostaria de ter outro pai. Olha, Maria, acho que nem vou dar presente a ele nos Dia dos Pais.

— Ele faz isso por amor, Carlinhos. E não é verdade que seu pai chama sua atenção o tempo todo. Pense bem!

Carlinhos, já mais calmo, pensou um pouco e concordou.

Lembrou-se de todas as vezes que o pai o tinha levado para passear, pescar, tomar sorvete, andar de bicicleta, ao parque de diversões. Todas as vezes que o pai tinha chegado cansado do serviço, mas se sentara para lhe ensinar os deveres da escola, que ele não conseguia fazer sozinho.

Mais ainda: lembrou-se das vezes que o pai tinha entrado na ponta dos pés em seu quarto para desejar-lhe boa-noite.   

— Você tem razão, Maria. Meu pai se preocupa comigo.

E Maria, que era uma mulher muito sofrida, colocou a mão da cabeça dele, sentou-se a seu lado e disse:

— Vou-lhe contar uma história, Carlinhos. Tem um rapaz que, desde pequeno, foi muito peralta, fazia coisas erradas, brigava com os vizinhos, não respeitava as pessoas, porém nunca teve alguém que o ensinasse. A mãe o amava muito e, como o menino já não tinha pai, ela não queria que ele sofresse. E assim, sempre desculpava tudo o que o filho fazia, cercando-o de cuidados e de atenções. Nunca acreditava nas professoras da escola e nem nas pessoas que vinham alertá-la sobre o péssimo comportamento do filho. Um dia, ele começou a roubar. No começo, eram pequenos furtos, depois passou a roubar coisas maiores, aparelhos de som, televisores e até carros.

Carlinhos ouvia com os olhos arregalados de espanto:

— E depois? — perguntou, interessado.

— Depois, acabou sendo preso. A mãe lamenta até hoje não ter dado a educação que ele precisava.

O menino estava impressionado.

— Você o conhece, Maria?

Com os olhos úmidos ela respondeu:

— Conheço sim, Carlinhos. Esse rapaz é meu filho.

Somente naquele momento o garoto percebeu que, embora Maria trabalhasse na sua casa desde que ele tinha nascido, nada sabia da vida dela.

Maria parou de falar, enxugou os olhos no avental, e completou:

— Por isso, agradeça a Deus todos os dias, Carlinhos, por ter um pai que se preocupa com você e que o ama muito. Se eu me tivesse preocupado em dar uma boa educação e orientações religiosas a meu filho, provavelmente hoje ele seria diferente.

Carlinhos, muito sério, lembrou:

— É por isso que o papai e a mamãe sempre dizem que o Evangelho de Jesus nos ajudará a sermos pessoas melhores.

— Isso mesmo, Carlinhos. Porém, na época, eu não sabia.

Voltando das compras, a mãe entrou em casa e Carlinhos correu ao seu encontro.

— Mamãe! Mamãe! Precisamos comprar o presente do papai!

— Calma, meu filho! Mas o que aconteceu para você estar assim tão ansioso?

— É que eu descobri que tenho um pai maravilhoso! O MELHOR PAI DO MUNDO!  
 

TIA CÉLIA

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita