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por Rogério Coelho

 

Neutralidade dinâmica


Os convites equivocados do mundo ainda encontram ressonância no imo dos seres

 
"Oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”  - Apocalipse, 3:15 e 16.

 

Este trecho do versículo pinçado da sétima carta à Igreja de Laodiceia nos remete a profundas meditações, pois se trata de um libelo contra o "ficar em cima do muro", isto é, contra a hesitação, a dissimulação...

Jesus também já nos conclamou à firmeza e coerência quando aconselhou[1]: "seja o vosso falar sim, sim; não, não".

Não obstante, existe uma neutralidade dinâmica que não se enquadra nas situações acima descritas, e que não deve ser descurada.

Toda criatura que deseja ascender na árdua escala evolutiva, deve assenhorear-se dessa neutralidade dinâmica, a fim de não engrossar o plantel dos equivocados e invigilantes, premunindo-se, destarte, contra os erros. 

O mundo material nos acena com inúmeros convites que - devido aos nossos ancestrais atavismos - ainda encontram ressonância no imo de nosso ser.

A questão se resume, portanto, na adoção de uma ética comportamental, vazada na aplicação equilibrada do livre-arbítrio, paramentado pelos imarcescíveis ensinamentos do Meigo Pegureiro.

Erram aqueles que fogem do mundo ou que adotam uma conduta ascética, severa, lúgubre, refratária à vida social. Há que se viver no mundo sem, no entanto, tornar-se-lhe escravo. Faz-se necessário executar a nossa parte no concerto social, isto é, fomentar o progresso, assumir responsabilidades, colaborar, participar!... Devemos atravessar o lodaçal sem nos deixar chapiscar pela lama, e, para isso, a posição ideal é a da neutralidade dinâmica.

Lembra-nos Joanna de Ângelis as figuras luminares que são exemplos vivos e definitivos, modelos acabados de neutralidade dinâmica, ao informar[2]: "todos seguraram a charrua, e, sem apegos  ao passado, carregaram suas cruzes, plantando-as no monte da sublimação: Maria de Magdala recuperou a virtude que a elevou às culminâncias da doação total; Saulo redirecionou sua vida, obedecendo  as balizas traçadas por Jesus; Gandhi ofereceu-se em holocausto,  tornando-se uma grande luz para milhões de vidas.

Hoje, como ontem, a humanidade necessita de criaturas que, tomando da charrua, não olhem para trás, seguindo animadas, depois de superadas as dificuldades habituais...

Portanto, se desejas seguir Jesus e tornar-te pleno; se almejas a renovação e a paz através do Evangelho; se queres a glória interior sem receios nem fronteiras, toma da charrua do amor clareado pela fé e, mediante a ação da caridade, não olhe para trás”.                      


 

[1] - Mateus, 5:37.

[2] - FRANCO, Divaldo. Antologia Espiritual. Salvador: LEAL, 1993, cap. 28.

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita