Estudando as obras
de Manoel Philomeno
de Miranda

por Thiago Bernardes

 

Entre os Dois Mundos

(Parte 1)

 
Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco no ano de 2004.


Questões preliminares


A. Qual é o objetivo e o conteúdo da obra cujo estudo ora iniciamos?

Conforme explicações do seu autor, este livro aborda uma das experiências de socorro aos nossos irmãos da Terra com tarefas definidas em favor da cristianização das criaturas, sob as luzes vigorosas dos postulados espíritas. A obra relata os processos socorristas e as providências tomadas para que fossem evitadas ou diminuídas as falências morais e os comprometimentos infelizes, em atendimento a verdadeiros missionários, uns anônimos, outros mais conhecidos, de forma que pudessem concluir o ministério assumido com elevação e fidelidade total ao Senhor. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

B. Qual é para nós a importância do chamado mundo espiritual?

Permanente, real, causal – eis adjetivos aplicáveis ao mundo espiritual, cuja relevância é indiscutível. Entre as duas dimensões – mundo físico e mundo espiritual – existe uma ininterrupta movimentação de seres espirituais em intercâmbio contínuo. Difícil dizer que são dois mundos diferentes. Mais próprio asseverar que são duas dimensões de constituição específica, uma das quais é a condensação da energia em apresentação própria como a matéria e a outra é de natureza cósmica, especial, de onde surgem os condensados orgânicos e objetivos. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

C. Segundo os ensinos espíritas, podemos afirmar que é inevitável o processo de crescimento a que estamos submetidos?

Sim. Afirma o autor desta obra que é impossível fugirmos do processo de crescimento imposto pelas soberanas leis da vida. Tudo nasce para transformar-se, morrendo na forma e permanecendo na essência, acumulando habilidades que impulsionam para o progresso, mesmo quando acontecimentos imprevistos parecem reter a marcha do desenvolvimento. Não existe estagnação no Universo, e no seguimento da evolução não há retrocesso, apresentando-se sempre formas de melhorarmos e de crescermos. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)


Texto para leitura


1. Entre os dois mundos –
Diariamente mergulham na névoa carnal milhares de espíritos abençoados pela sublime dádiva do recomeço. Simultaneamente, milhares de outros abandonam o casulo físico, carregando as experiências que vivenciaram durante o trânsito orgânico. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

2. Enquanto uma verdadeira multidão desce ao proscênio terrestre para desenvolver os valores que jazem no âmago do ser, compacta massa humana retorna ao porto de origem, concluídos (ou não) os compromissos que assumiram antes do renascimento. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

3. Espíritos imortais que somos, jornadeamos em sucessivas experiências fisiológicas, saindo do primarismo de onde procedemos no rumo da plenitude que nos está destinada. Atavicamente dependentes das afeições e das atitudes desenvolvidas, quase sempre repetimos os processos a que nos amoldamos, sem grandes estímulos para o prosseguimento. É nesse comenos que o sofrimento, na condição de lapidador de arestas morais, se expressa, conclamando­nos à mudança de comportamento que propicia bem-estar e harmonia. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

4. Nem sempre, porém, é ele aceito conforme seria desejável, em face das sensações desagradáveis e dos limites de movimentação que impõe, gerando rebeldia e insatisfação. Nada obstante, da mesma maneira que o processo evolutivo desenvolve-se etapa a etapa, inevitavelmente é aceito quando as suas tenazes ferreteiam com força dominadora. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

5. Após os estertores da revolta, ante a impossibilidade de remover o incômodo processo educativo, afrouxam-se-nos as resistências e surge a compreensão necessária para a aceitação da ocorrência, que se transforma em benefício anelado. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

6. Nesse entretempo, ocorrem desvarios, surgem culpas, estabelecem-se inimizades, nascem respeito e consideração, aspira-se por liberdade e alegria, num caleidoscópio de sucessos que definirão os rumos existenciais futuros. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

7. Impossível fugirmos do processo de crescimento imposto pelas soberanas leis da vida. Tudo nasce para transformar-se, morrendo na forma e permanecendo na essência, acumulando habilidades que impulsionam para o progresso, mesmo quando acontecimentos imprevistos parecem reter a marcha do desenvolvimento. Não existe estagnação no Universo, e no seguimento da evolução não há retrocesso, apresentando-se sempre formas de melhorarmos e de crescermos. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

8. O mundo físico é o abençoado campo de aprendizagem e de experimentação dos dons que se encontram em germe, aguardando que os fatores que lhes propiciam o surgimento e o progresso imponham a sua poderosa ação. É transitório, de duração efêmera, com finalidade específica estabelecida pela Divindade. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

9. O mundo espiritual é permanente, real, causal, de onde se origina a vida e para onde retorna após os processos de adiantamento intelecto-moral. Entre as duas dimensões há uma ininterrupta movimentação de seres espirituais em intercâmbio contínuo. Muito difícil dizer, pois, que são dois mundos diferentes. Mais próprio asseverar-se que são duas dimensões de constituição específica, uma das quais é a condensação da energia em apresentação própria como a matéria e a outra é de natureza cósmica, especial, de onde surgem os condensados orgânicos e objetivos. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

10. Intermediando-os, existem inúmeras outras esferas de constituição própria, nas quais a vida exulta e pulsa, de maneira específica, compatível com a finalidade para a qual foram elaboradas. Nem poderia ser diferente. Aceitar-se a existência de mundos fixos e separados, sem qualquer fonte de vitalização e de intercâmbio entre eles, seria muita pobreza da Criação, tendo-se em vista que em tudo há uma graduação de estrutura desde a mais tênue, no campo absoluto da energia, até a mais grosseira, expressando a densidade material conforme é conhecida. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

11. Constituídas essas esferas por vibrações próprias, servem de pousos para refazimento, de hospitais transitórios que albergam recém-desencarnados incapazes de alcançar mais elevadas zonas espirituais, de núcleos de sofrimentos compatíveis com as experiências infelizes que se hajam permitido aqueles que são atraídos por afinidade de ondas mentais e morais. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

12. Mais distante da crosta terrestre, respira-se psicosfera superior, que antecede as regiões felizes, enquanto que, mais próximas, permanecem as condensações de energia eliminada pelos pensamentos, aspirações, vivências embrutecidas dos que prosseguirão aprisionados nos seus complexos meandros de sombra e de dor, de revolta e de insensatez, de ódio e de pesar. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

13. A situação mais grave encontra-se na intimidade do planeta, onde existem sítios de angústia incomum e de expiações mui dolorosas, todos construídos em faixas de ondas psíquicas perversas e grosseiras, em que ainda se comprazem muitos habitantes desencarnados. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

14. Nesse incessante ir e vir dos espíritos na faina evolutiva são estabelecidos critérios e paradigmas de comportamento que facultam o êxito dos candidatos à educação transcendental. Assim sendo, cada um gera campo emocional de identificação com uma esfera equivalente entre os dois mundos, passando a habitá-la desde então, mediante a nutrição ideológica mantida. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

15. Eis por que a ascensão é feita passo a passo ou é conquistada de assalto, quando existe a resolução de alterar, por definitivo, a maneira de encarar a existência e de entregar-se aos objetivos sublimes que a todos aguardam. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

16. Dos melhores exemplos desse assalto ao Reino dos Céus, entre outros, destacam-se Saulo de Tarso, convertido em Paulo apóstolo e Francisco Bernardone, transformado no pobrezinho de Assis, saltando da faixa em que se encontravam para os esplendores da vida abundante, onde se instalaram após as refregas que os santificaram. Não o conseguiram por privilégios, que não existem, mas sim pelo empreendimento de total entrega a Deus e a Seu Filho, seguindo-Lhe as pegadas e abraçando o sofrimento da Humanidade como de sua própria necessidade evolutiva. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

17. Assim, é natural que nem todos aqueles que se candidatam à santificação consigam desembaraçar-se do cipoal das paixões a que se encontram atados, necessitando de reforço de energia e de encorajamento, a fim de poderem enfrentar os desafios externos e os impulsos interiores que procedem dos vícios não superados e das paixões inferiores não sublimadas. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

18. Investimentos espirituais de alto valor são realizados em benefício de reencarnações importantes, que nem sempre redundam em êxito, como decorrência das fixações anteriores e dos hábitos perniciosos de que não se conseguiram libertar esses candidatos à elevação. Muitas vezes, malbaratando a ensancha nobre, porque ressumam os condicionamentos que os tomam por completo, tombam nos resvaladouros do insucesso, retornando, aflitos e infelizes, passando por longo período de convalescença, a fim de volverem a futuras experiências iluminativas. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

19. Noutras circunstâncias, reencontrando aqueles aos quais prejudicaram, sofrem-lhes as injunções penosas, as perseguições contínuas, sendo arrastados a processos lamentáveis de obsessões, em que se perturbam gravemente, distanciando-se dos deveres que deveriam cumprir mesmo que mediante sacrifícios continuados. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

20. Em outras ocasiões, experimentando os efeitos danosos dos atos transatos, debilitam-se diante de enfermidades dilaceradoras ou de transtornos na área da afetividade, que os empurram a fugas espetaculares na direção de depressões graves, que redundam em suicídios danosos e de consequências imprevisíveis. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

21. Objetivando a diminuição dos problemas, em face dos graves compromissos assumidos, amigos espirituais devotados, em nome do amor constantemente visitam­lhes, de modo a tornar-lhes menos ásperas as provações e a auxiliar-lhes na desincumbência das responsabilidades que lhes dizem respeito. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

22. Este livro aborda uma dessas experiências de socorro aos nossos irmãos da Terra, procedentes de nossa esfera de ação, com tarefas definidas em favor da cristianização das criaturas, sob as luzes vigorosas dos postulados espíritas, conforme herdamos do insigne Codificador Allan Kardec. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

23. Sob a égide espiritual do mártir cristão Policarpo(1), que não trepidou em oferecer a vida a Jesus em sublime holocausto na arena romana, foram formadas cem equipes aproximadamente, para atender ao maior número possível de espíritos comprometidos com a Mensagem, que se en­contravam em situação delicada ante as injunções que vive o Planeta e as dificuldades pessoais em cada um vigentes. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

24. Procuramos relatar, sem muitas minudências, os processos socorristas e as providências tomadas para que pudessem ser diminuídas as falências morais e os comprometimentos infelizes, mantendo-se todos em clima de atividade edificante sob qualquer situação penosa que se apresentasse. Durante um mês, o nosso grupo esteve em diligência espiritual, atendendo a verdadeiros missionários, uns anônimos, outros mais conhecidos, de forma que pudessem concluir o ministério assumido com elevação e fidelidade total ao Senhor. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

25. Procuramos utilizar nesta obra uma linguagem simples e acessível a diferentes níveis intelectuais, de modo que o aproveitamento da nossa realização faça-se amplo e claro, conscientizando os nossos leitores sobre atividade de tal monta que lhes proporcione abertura mental para beneficiar-se também de recursos dessa natureza. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

26. Esperamos que o nosso despretensioso esforço encon­tre ressonância nas mentes e nos corações, facultando um intercâmbio lúcido entre nós e eles, a fim de que o futuro da Humanidade seja menos aflitivo e a desencarnação se apresente como passaporte que faculta a entrada segura no país da imortalidade. (Entre os Dois Mundos. Prefácio.)

 

(1) Policarpo foi um mártir cristão que nasceu presumivelmente na Ásia Menor, antes de 69 e que morreu em Esmirna, por volta do ano de 155. Entre as extraordinárias realizações do seu ministério, escreveu diversas epístolas, uma das quais dirigidas aos filipenses, narrando a viagem de Santo Inácio, constituindo-se um documento valioso a respeito do Cristianismo primitivo. Não nos referimos a essa personagem, senão outrem, que nasceu e morreu posteriormente, mas que é também seu homônimo. (Nota do autor espiritual)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita