Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

 
Perante a felicidade
 


O problema da felicidade está sempre condicionado ao foro íntimo. E porque, ainda mesmo nos assuntos mais transcendentes, não podemos prescindir da simplicidade, em auxílio à nossa argumentação, invocamos a natureza, em cujos degraus evolutivos é possível observar as crisálidas de consciência nas limitações relativas a que se ajustam.

Vemos que cada ser, nos círculos inferiores à escola humana, possui as alegrias que lhe são próprias.

Para o corvo, a felicidade é a penetração nos detritos.

Para a serpente, é a absorção do veneno com que se fortalece na defensiva.

Para a coruja é a excursão nas trevas.

Para a lesma é a ociosidade incessante.

Para a andorinha é o culto da primavera onde a primavera fulgure.

Para a fonte é o serviço a todos.

Para a árvore é a incansável beneficência.

Para o sol é o privilégio de servir em luminosa doação de si mesmo.

Cada espírito, qual acontece aos elementos mais simples, demora-se mais ou menos na atitude mental que se lhe afigura como sendo a aspiração satisfeita.

Para muitos, a felicidade é a imersão na preguiça e no ódio, na discórdia e na crueldade, na penúria e na ignorância, no desalento e na rebeldia.

Entretanto, para as almas acordadas na Revelação do Cristo, a felicidade é a construção de si mesmas para a comunhão ideal com Deus.

Se já despertaste para a verdade, aceita o trabalho e a renúncia, as aflições e as penas da estância física por abençoado material de tua própria edificação.

E, aprendendo e servindo infatigavelmente, sem qualquer inventário de sacrifícios e sem qualquer preocupação pelo tempo adequado ao reajuste, conseguirás o equilíbrio interior, tecendo com a própria luta as asas com que librarás nos cimos da vida, em pleno triunfo.


Do livro Nós, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita