Artigos

por Wellington Balbo

 

Desbravador baiano

 

Ano de 2017, século XXI, e a imprensa espírita goza de grande saúde, liberdade e um vasto campo para suas publicações.

Tem jornais espíritas impressos e virtuais para todos os gostos: há jornais que, aliás, especializaram-se em determinados assuntos. Abordam apenas questões pertinentes ao Espiritismo científico, outras publicações tocam na temática do magnetismo e outras, ainda, são dirigidas a quem gosta de mensagens.

Impossível, portanto, colocar em estatísticas quantos jornais e boletins espíritas temos hoje em circulação, isto sem contar as revistas e livros.

Por muitos anos tive o prazer de participar de um desses jornais. Estive como colaborador do JOE – Jornal Olhar Espírita, da USE Intermunicipal de Bauru. Distribuíamos o JOE até em bancas de jornais, a fim de que o público não espírita tomasse nota dos artigos e textos espíritas. Quando chegávamos para entregar o jornal nas bancas éramos bem recebidos e os jornais bem aceitos pelo público.

Claro que, para desfrutarmos de tamanho prestígio degustando o “filé” foi preciso que em tempos recuados alguém tivesse roído o “osso”. Desculpe-me a comparação vulgar, amigo leitor, mas osso é um nome bem aplicado para mostrar o quão foi difícil a missão do pioneiro do Espiritismo no Brasil, o baiano Luís Olímpio Teles de Menezes.

Aliás, a Bahia é um estado extremamente rico em termos de cultura, arte, culinária e, também, religião.  A terra que comporta a primeira capital do Brasil, Salvador, deu ao país gênios do quilate de Rui Barbosa, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro e tantos outros.

A Bahia de Mãe Menininha, Caetano Veloso, Gal e Maria Bethânia também foi a terra em que nasceu o primeiro jornal espírita e o primeiro centro espírita de nosso país.

O jornal foi o Ecos de Além-Túmulo e o primeiro centro espírita chamava-se Grupo Familiar do Espiritismo.

E fundados por quem?

Luís Olímpio Teles de Menezes, que nasceu em 26 de julho de 1825.

O Grupo Familiar do Espiritismo foi fundado quatro anos antes do desencarne de Allan Kardec, portanto, em 1865, no dia 17 de setembro, e tornou-se o primeiro centro espírita brasileiro.

Telles de Menezes correspondeu-se, aliás, com a Revista Espírita, fundada por Allan Kardec e por ele dirigida por 11 anos, de 1858 até 1869, ano de seu desencarne.

Já o jornal Ecos de Além-Túmulo teve sua primeira circulação um pouco depois da fundação do Grupo Familiar do Espiritismo, em julho de 1869.

A Revista Espírita deu, inclusive, nota sobre a fundação do jornal Eco de Além-Túmulo em terras brasileiras na edição de novembro de 1869, porém Kardec já havia desencarnado em março do mesmo ano.

Vale ressaltar que Teles de Menezes foi alguém muito destemido, pois, em pleno século XIX, época de violenta intolerância religiosa: fundar um centro espírita e um jornal são iniciativas de muita coragem e idealismo.

Defendeu o Espiritismo após ataques da Igreja Católica, refutando com veemência as críticas infundadas da religião dominante à época.

Homem de grande vigor cultural, Teles de Menezes dominava o inglês e o latim, além de ter sido escritor.

Mudou-se para o Rio de Janeiro e lá desencarnou no ano de 1893. Foi embora seu corpo, mas não foram suas ideias e seus ideais, pois como bem o sabemos, a imprensa espírita é, neste segmento, a mais atuante de todo mundo.

Isto, claro, deve-se ao empenho do desbravador baiano Luís Olímpio Teles de Menezes.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita