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por Wellington Balbo

 

Cuidado com sua língua... e com o teclado também...


Vivemos atualmente tempos de julgamentos dos mais severos. Dirão alguns que já fomos piores, já julgamos mais e com mais severidade, o que quer dizer: estamos melhorando.

Penso, todavia, que a ideia de que já fomos piores faz-nos marcar passo na senda evolutiva porque é um convite à acomodação. Ora, se estamos melhores hoje, não há razão para preocupações ou esforço para melhorar ainda mais.

Estamos melhores e isto é o que importa. Contudo, não é bem assim...

Mas, vamos em frente...

Com o avanço da tecnologia e a chegada das redes sociais na vida do cidadão, as opiniões sobre os mais diversos assuntos deixaram o local restrito dos churrascos em família para ganharem o mundo.

Hoje todo mundo sabe de tudo. Se o Juca do Brasil gosta de azul, o Ronaldovski da Rússia sabe disto.

Se o príncipe do Castelo Rintintim almoçou caviar, o Josué da Albânia está sabendo.

Atualmente poucos são os homens discretos neste mundo que conseguem não opinar sobre tudo, ou, então, não postar uma selfie quando está no restaurante com a família.

E, naturalmente, além das opiniões, os julgamentos também são proferidos na mesma velocidade e intensidade.

Hoje todos colocaram a toga a julgar o comportamento alheio sem qualquer constrangimento. A pretexto de liberdade de expressão, sentenças são dadas e reputações execradas. Interessante notar: a maioria dos que se arvoram a juízes denomina-se cristãos.

Esquecem, provavelmente, a máxima expressada por Jesus há dois mil anos e anotada por Mateus:

“Não julgueis, pois, para não serdes julgados; porque com o juízo que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós”. (Mateus, VII: 1-2)

Allan Kardec vai no mesmo tom de Jesus ao estabelecer a escala espírita e informar que apenas os Espíritos prudentes, isto já na terceira classe, é que podem fornecer um julgamento mais preciso dos homens e das coisas.

Quando estudamos o tema – Escala Espírita -  compreendemos que ainda somos Espíritos que pertencem à categoria de imperfeitos. Logo, nossos julgamentos não têm base sólida, porquanto ainda estamos muito apegados aos preconceitos da Terra e, além disto, falta-nos capacidade intelectual e distanciamento emocional para julgar os homens e as coisas.

Vale a reflexão:

Quantas vezes nos equivocamos em relação às pessoas?

Quantas vezes já nos pegamos tendo de reconhecer nossa precipitação ao afirmar que fulano é assim ou assado?

As lições de Jesus sobre o julgamento e o trabalho de Kardec na escala espírita são importantes para darem um norte de nossa real condição e, assim, não nos comprometermos pela língua ou o teclado.

Aliás, se antes o homem tinha de tomar cuidado com sua língua, hoje também deve fazer o mesmo com seu teclado.

Coisas da evolução, coisas da evolução...
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita