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por Yé Gonçalves

 

A visita certa na hora certa


Sabe daqueles amigos ou parentes, ou mesmo daqueles primos que chegam à sua casa para passar uns dias ou umas férias? Só que esses dias ou essas férias se delongam acima do programado, chegando a ultrapassar meses e meses a fio?

Pois, bem!

Nos primeiros momentos a festividade toma conta do ambiente, o coloquialismo se deslancha nas novidades e nas recordações dos instantes felizes de outrora. Tudo é motivo para comemoração.

No decorrer do tempo, nos ajustes e reajustes da nova etapa de convivência, os diálogos vão perdendo a força simpática e se transformando nos solilóquios das reclamações.

E aí começam os inconvenientes. As piadas e as brincadeiras, ou até mesmo um agrado, já não têm o sentido de antes. A presença do amigo ou parente, ou daquele primo, já não está mais agradando. Mandá-lo embora... é falta de educação, é deselegante. E agora???

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Assim também, caro leitor, acontece com uma irmãzinha e amiga de sempre, que de quando em vez, assim que se faz necessário, vem nos visitar, alertando-nos de algo ou condutas que devemos adotar para evitar sofrimentos.

Nos primeiros momentos, acomodamo-nos com a sua presença. Mas, no decorrer do tempo da convivência, ela vai se tornando um incômodo, levando-nos às inconveniências de uma relação cada vez mais complicada. Mandá-la embora... é falta de educação, é deselegante. E agora???

Estou me referindo à dor, caro leitor, essa irmãzinha querida, essa amiga que chega sempre nas horas certas, no exato momento necessário para nos alertar de que algo estranho está acontecendo conosco e que é preciso tomar providências urgentes para evitar mal maior.

E o que acontece???

Na maioria das vezes, assim como procedemos com os amigos ou parentes, ou mesmo com aquele primo, não os ouvimos com a devida atenção o motivo de suas presenças e nos perdemos em festividades, piadas e risos... até que um dia as suas presenças se tornam um sofrimento.

Quem sabe aquele amigo ou parente, ou mesmo aquele primo, precisava apenas de uma resposta ou de uma resolução de nossa parte para prosseguir o seu caminho?

Assim também é a dor. A sua presença será sempre breve, se soubermos ouvi-la atenciosamente e adotar as providências necessárias para que ela prossiga os seus caminhos alhures.

Como exemplos, podemos citar:

a) uma dor de dente avisando-nos quanto à necessidade urgente e emergente de um tratamento odontológico;

b) uma dor na coluna vertebral, sinalizando-nos que devemos ir, o mais rápido possível, ao ortopedista;

c) uma dor de cabeça devido ao aperto financeiro, o endividamento, as contas não fecham, chamando-nos a atenção para, com urgência e emergência, cortar gastos desnecessários, os famosos supérfluos;

d) uma dor devido a um problema de relacionamento conjugal, propondo-nos a busca do entendimento e da compreensão das dificuldades um do outro;

e) dentre tantos exemplos...

E assim, a dor, através de suas visitas preventivas de todo e qualquer sofrimento, com toda a sua simpatia, nem sempre; mas com toda a sua inquestionável empatia, sim, prossegue o seu trabalho em favor de todos aqueles que a ouvem.

As dores, os amigos ou os parentes, ou mesmo aquele primo, são e serão sempre visitas agradáveis e bem-vindas, e que possamos ouvi-los e aceitá-los com sabedoria, entendendo e compreendendo que todos somos irmãos de caminhada.

É como dizia o poeta: A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.


Nota do autor:
Yé Gonçalves é nome artístico adotado por nosso colaborador Hyerohydes Gonçalves dos Santos.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita