Brasil
por Paulo Salerno

Ano 11 - N° 524 - 9 de Julho de 2017

 

 

Divaldo Franco: “A vida é única, as existências são múltiplas”


Extremamente compromissado com o Cristo, Divaldo Franco esteve realizando significativo trabalho de divulgação da Doutrina Espírita em terras paranaenses no período de 28 a 30 de junho de 2017, precisamente nas cidades de Foz do Iguaçu, Cascavel e Pato Branco. Superando seus próprios limites, e dificuldades outras, o Semeador de Estrelas se apresentou magnificamente, sempre solícito, compreensivo e atencioso, envidando esforços para ofertar conhecimento e consolação aos que buscam em Jesus a orientação segura para suas vidas.

Em Foz do Iguaçu, no dia 28, o dedicado servidor do Cristo com seu verbo iluminado, consolou e acalentou as almas e os corações sequiosos de amor, ávidos de luz e de esperança.

 Repetindo esse gesto há 49 anos, neste ano ele encerrou a XII Semana Espírita, que teve por tema 160 anos de O Livro dos Espíritos: Luz para a Humanidade.

Aos noventa anos de idade, o Semeador de Estrelas, uma legenda do movimento espírita nacional e internacional, proferiu empolgante conferência sobre o Cristo Consolador, para um público estimado em 2.500 pessoas, lotando as dependências do auditório do Hotel Recanto Cataratas. Estiveram presentes caravanas de diversos Estados, do Paraguai e do Uruguai.

Esparzindo luzes, Divaldo discorreu sobre diversos acontecimentos que envolveram o Império Romano e Israel, preparando o advento do Cristo entre os homens. Eram dias difíceis. Os interesses de cunho pessoal superavam o coletivo. Após mais de 600 anos de guerras, os romanos experimentavam a paz e a justiça. A chegada de Jesus estava sendo preparada.

Incomparável, Jesus palmilhou as terras da Galileia, de Nazaré e outras, ensinando o amor, acolhendo os aflitos, estimulando a mudança de atitudes para com o próximo. Nas palavras do escritor e psicólogo Ernest Renan (1823-1892), Jesus foi um homem incomparável, tão extraordinário que dividiu a história da humanidade. A nobre psicanalista alemã Dra. Hanna Wolff classificou Jesus como sendo o maior psicoterapeuta da humanidade.

Na atualidade, como no passado, disse o ínclito orador, a humanidade se encontra deprimida. Há nela dois tipos de criaturas: a que é ponte e a que é parede. Os que são pontes aproximam uns aos outros, favorecendo, permutando, auxiliando, amando. Os do tipo parede são os que somente recebem, permanecendo estagnados, fenecendo. Aquele que dá enriquece-se, o que recebe somente armazena. Com esses dois exemplos Divaldo perguntou: - De que lado você está? Ponte ou Parede?

O homem dúlcido que viveu entre os miseráveis optou pelos que sofrem. A dor, disse Divaldo, é a necessidade do progresso antropossociopsicológico do homem. Jesus postulava que a vida deve ter um sentido psicológico. Homens de ciência como Viktor Frankl (1905-1997) e Carl Gustav Jung (1875-1961), entre outros, concluíram que todo indivíduo deve ter um sentido para viver, um sentido psicológico para a vida.

Pensadores da antiguidade nunca se referiram ao amor como o fez Jesus. O maior hino de amor que a humanidade conhece está contido nas Bem-Aventuranças, que tão bem foram completadas e vivenciadas por Francisco de Assis, enriquecendo a alma humana com o hino de louvor a todas as criaturas de Deus, inclusive louvando a irmã morte e destacando o amor incondicional.

O homem, sem compreender realmente a Lei Divina, foi estabelecendo condutas para ajustar os seus próprios desvios na expectativa de se furtarem à ação da Lei Natural. Avançando em conhecimento, o homem foi-se distanciando de Deus, tanto no passado como no presente. Sempre que isso ocorre, o sofrimento visita as criaturas criando oportunidades para voltarem a se enquadrarem na lei de amor.

Como o homem nunca ficou ao desamparo, ao experimentar o materialismo, surgiu no decorrer, a Doutrina Espírita. Em 18 de abril de 1857 o homem conheceu a Era Nova, a síntese do pensamento filosófico da humanidade. Vinha a lume O Livro dos Espíritos, com um conteúdo indispensável, facultando ao homem a possibilidade de entrar no reino dos céus. Esse gigante da literatura espírita alcançou a casa de mais de cem milhões de exemplares vendidos, em português. Ante a evidência dos fatos, muitos materialistas se tornaram espíritas, como bem registra a história. Homens de ciência, e a própria ciência em determinados pontos, têm posto de lado conceitos puramente materialistas para adentrarem-se nos postulados espíritas, ou seja, na transcendência do homem. A reencarnação tem sido a grande resposta às indagações antes insolúveis, tornando-se fato inconteste.

Cada indivíduo possui a família de que necessita para a sua evolução. A proposta da Doutrina Espírita é apresentar o cristianismo em sua maior pureza e clareza, divulgando o amor e a presença psicoterapêutica de Jesus que cura e enriquece o indivíduo que ama. Jesus é o modelo e o guia para o homem e para a mulher que estão em crise, transitando para um mundo melhor, possibilitando-os a sorrir, a amar, a ter esperança, permitindo-lhes alcançar a plenitude, que será atingida com ações em favor do próximo, principalmente aos excluídos, aos invisíveis da sociedade, os desvalidos de recursos materiais e morais.

90 anos do orador é lembrado em Cascavel – Cascavel recebeu carinhosamente o seu Cidadão Honorário no dia 29 de junho, como tem feito desde o recuado dia 23 de julho de 1968, quando ali esteve pela primeira vez desenvolvendo uma atividade doutrinária.

No Clube Tuiuti, na presença de mais de três mil espectadores, Divaldo Franco foi homenageado pelo seu 90º aniversário, transcorrido em maio próximo passado. A homenagem, realizada pela 10ª União Regional Espírita/FEP, promotora do evento, se constituiu no destaque de expressivos textos contidos na trilogia de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada pelo insigne orador baiano: Transição Planetária; Amanhecer de uma Nova Era; e Perturbações Espirituais. Nos trechos destacados estão contidas músicas que foram belamente interpretadas pelos liderados do Professor Jocimar, emocionando a todos.

Stanislav Grof (1931-), psiquiatra tcheco, estudou os transtornos de natureza esquizofrênica, os estados alterados de consciência, constatando a reencarnação e a influência dos Espíritos na vida das pessoas. A psique humana não desaparece com o decesso do corpo físico, expressando-se para além da dimensão meramente física. O psiquiatra tcheco foi um dos fundadores da Psicologia Transpessoal, a denominada quarta força. Radicado nos Estados Unidos da América, desenvolveu pesquisas sobre os estados alterados de consciência – EAC -, utilizando-se de experiências com o ácido lisérgico como meio de atingir esses estados, juntamente com Aldous Huxley (1894-1963), escritor inglês. Assim, os homens de ciência, com seus estudos aprofundados sobre a mente humana, têm contribuído para o bem-estar de muitos, aliviando, e até mesmo curando, esses transtornos psiquiátricos.

Conceitos como Deus, a imortalidade, as obsessões estão sendo estudados, permitindo que o homem se conheça em maior amplitude, possibilitando ações que levam ao bem-estar, ao conforto espiritual e moral, onde a morte não significa mais do que um portal para a dimensão extrafísica, permanecendo o ser em plena lucidez, expressando-se para além da dimensão do cérebro físico.

Outro fator abordado pelo eminente orador foi o das experiências de quase morte, que ao narrar sua própria experiência, evidenciou a expressão inteligente se manifestando para além do equipamento cerebral, isto é, de natureza transcendente, guardando perfeito equilíbrio emocional e racional. O pensamento se expressa com lucidez, embora estando fora do cérebro físico. É a vida, em continuum, além da fronteira física.

A vida é única, as existências são múltiplas. O Espírito é imortal, reencarnando-se para aprimorar-se, crescendo em conhecimento e espiritualmente, construindo, desde agora, o Reino dos Céus em sua intimidade. A reencarnação é a base fundamental do Espiritismo. Os filósofos pré-socráticos detinham as suas pesquisas e pensamentos na barreira chamada morte. Sócrates foi o divisor de águas ao expressar-se com base em uma doutrina de natureza ética, espiritualista, que avança para além do corpo meramente físico.

O pensamento humano se expande, alcançando compreensão e clareza sobre os fatos. O bem, em contínuo desenvolvimento, se expressa através da ação de homens lúcidos, evangélicos, como é o caso do atual Papa Francisco e de João Paulo II que afirmavam que as comunicações entre vivos e os mortos são reais, atestando que a vida é enriquecedora, possuindo objetivos nobres. Cada indivíduo é o autor de suas próprias vidas.

Dinâmico, prático e lúcido, Divaldo Franco prendeu a atenção ao narrar experiências, suas e de outros, destacando a imortalidade, a comunicabilidade, a reencarnação, a pluralidade das existências e a sublime presença de Deus na vida de Suas criaturas. O Espiritismo dá ao homem, nestes dias tormentosos, a alegria de viver, dada a certeza da imortalidade. O ser humano transfere-se de uma para outra dimensão sem solução de continuidade.

O momento é glorioso, o homem vai vencendo o mal, abrindo espaços para o bem se expressar generosamente. O espírita deve ser o exemplo do bom cristão, tornando-se, até mesmo, em exceção no meio nefasto do mal. No conceito de Rollo May (1909-1994), psicólogo americano, o homem ao adotar como filosofia de vida o individualismo, o sexismo e o consumismo tem construído a sua própria infelicidade, atormentando-se em ter, esquecendo-se de ser.

Há esperança de uma nova era, quando o bem superar insofismavelmente o mal, construindo uma sociedade melhor, equilibrada, ética e moral, sendo feliz hoje, vivenciando a felicidade agora, pois que a imortalidade é uma realidade. O fardo é leve, o jugo é suave, assim se expressou o Mestre Galileu, destacando que cada um deve ajustar-se à Lei Divina, reencarnando sucessivamente para desenvolver o amor ao próximo e a si mesmo, construindo um mundo melhor, melhorando-se, alcançando o estado numinoso, de individuação, no conceito de Carl Gustav Jung. Cada indivíduo, destacou o nobre e incansável orador, deve agradecer as suas tribulações de vida, agindo com galhardia, confiança, guardando a certeza da imortalidade.

Em Pato Branco, a conferência derradeira – O Clube Pinheiros, de Pato Branco/PR, em 30 de junho, ficou superlotado.

Foram mais de duas mil e quinhentas pessoas presentes que assistiram Divaldo Franco falar sobre Jesus e de como Ele toca as almas sedentas de amor. Sob a coordenação da 14ª União Regional Espírita, da Federação Espírita do Paraná, e estando presentes as lideranças espíritas da cidade, região e do Estado, o evento serviu também para homenagear o ilustre orador, porta-voz dos Espíritos benévolos, pelos seus 70 anos de oratória.

A homenagem foi materializada através de uma placa, registrando os atributos de fidelidade e de incansável mensageiro do Cristo, que há 64 anos desenvolve atividades doutrinárias no Paraná.

Marcelo Archetti, cantor, músico e compositor, encantou o público ao apresentar-se e homenagear Divaldo. Suas excelentes apresentações sensibilizaram os presentes, harmonizando-os através de melodias cuidadosamente selecionadas.

Esparzindo luzes, tocando os corações e sensibilizando as mentes, Divaldo Franco, com sua voz cristalina, esclarecedora, vai servindo o Cristo onde quer que se encontre, acolhendo os aflitos, levantando-lhes o ânimo através do emprego do código divino, o amor, destacando a esperança em dias melhores, mais justos, com equilíbrio ético e moral.

Divaldo agradeceu a honra de ser bem recebido, desde a primeira vez em que esteve em terras paranaenses, encontrando e reencontrando almas que lhe estão vinculadas, expressando que a maior dívida, segunda a escritora sueca Selma Lagerlöf (1858-1940), é a da gratidão. A gratidão é uma estrela que fulge em a noite dos sentimentos.

A mensagem de Jesus, ínsita em o Novo Testamento, tem, ao longo da história, sensibilizado o homem sedento de justiça e paz. São inúmeros os exemplos de criaturas que ao conhecê-Lo abandonaram velhas posturas, conceitos e hábitos para tomarem para si os postulados do Cristo, transformando suas próprias vidas, e de outros, em hinos de amor a Deus, ao próximo e a si mesmo.

Fiódor Dostoievski (1821-1881), escritor, filósofo e jornalista russo, afirma, em sua obra O Idiota, que a beleza salvará o mundo; Léon Tolstói (1828-1910), escritor russo, autor da obra Guerra e Paz; Mohandas Karamchand Gandhi (1869—1948), libertador do povo indiano e paquistanês, pacifista por excelência; e Martin Luther King Jr. (1929-1968), pastor protestante e ativista político estadunidense, possuem em comum o desejo de paz, de amor ao semelhante. Encontraram as premissas e as ações para o estabelecimento da paz e da conquista do amor na profunda mensagem de Jesus. Esses, e muitos outros, mudaram de atitudes ao conhecerem Jesus, narrado em o Novo Testamento.

Sir James Jeans (1877-1946), astrônomo, matemático e físico inglês, afirmava que a criatura humana vive em um Universo onde o amor é a força motriz. Essa ideia é igualmente compartilhada por Albert Einstein (1879-1955), físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos, que asseverava que além das quatros grandes forças sustentadoras e mantenedoras do Universo há uma ainda mais poderosa, o amor.

Allan Kardec, o insigne codificar da Doutrina Espírita, ao apresentar o Espiritismo para a humanidade, estabeleceu que a crença em Deus, na imortalidade da alma, na comunicabilidade entre os homens e os Espíritos, a pluralidade das existências e dos mundos habitados, bem como a existência da ética moral do evangelho, são princípios norteadores para a construção de um indivíduo capaz de amar, pacífico e pacificador.

No campo da ciência o homem fez grandes conquistas, dominando vários mecanismos e seus aspectos, desde os infinitamente pequenos ao macrocosmo. Conhecendo-se os efeitos, o homem sensato terá que admitir que há uma causa geratriz. Contudo, esse mesmo homem, tem negligenciado em se fortalecer. Ao adquirir hábitos éticos e morais compatíveis com as leis divinas, possuindo um sentido, um significado, para a vida, como tão bem esclarecem alguns eminentes pesquisadores da psique humana, tais como Viktor Frankl e Carl Gustav Jung, o homem dignifica-se, tornando-se em alguém melhor.

O homem é um Espírito no caminho da imortalidade. Entre o mundo corpóreo e o mundo dos Espíritos há somente a mudança do estado energético onde se encontra a criatura, construindo a sua felicidade, tomando por desafio amar, descobrindo o Cristo interno, autodescobrindo-se.

Orador por excelência, didático, Divaldo narrou exemplos de como o amor opera em a intimidade do homem, transformando a criatura para melhor. A Doutrina Espírita, um tesouro inigualável, tem a tarefa de educar as almas, destacar a beleza da imortalidade, o sentido da vida, o amor ao próximo e a si mesmo. Todo aquele que ama não adoece, embora possa ter doença, afirmou o Professor de Feira de Santana, na Bahia.

A depressão e as dores íntimas, e que se adentram aos lares de milhões, devem ser trabalhadas com os ingredientes do amor, principalmente aos que estão mais próximos. O momento atual é de crises individuais, que formam a grande crise estrutural do Planeta, somando-se. Para essas misérias humanas o convite é reencontrar a alegria de viver, abandonando o Ego, adotando a solidariedade, pois que as criaturas não são autossuficientes, necessitando uma das outras para o crescimento interno e externo.

Os que amam sabem encontrar os invisíveis da sociedade, isto é, aqueles que não são notados em suas dores e aflições. É necessário que cada um procure descobrir esses invisíveis, minorando-lhes o sofrimento, sendo solidários, partícipes, abraçando-os, colocando o evangelho de Jesus na prática, levando em conta que o jugo é suave e que o fardo é leve.

Finalizando a magnífica conferência, Divaldo concitou a que se adotem como mecanismo de vida os postulados de Jesus, compreendendo que Ele está de volta, convidando a estar com Ele, sem se deixar abater pelas dores próprias ou de outrem. Não permita que o mal dos maus te faça mal, perdoe, faça-se merecedor da felicidade, não carregue mágoas, iras. O amor, a solidariedade, o sentido da vida são bases para a felicidade, sentenciou Divaldo Franco.

Amplamente reconhecido, Divaldo Franco colheu os saborosos frutos da gratidão que lhe foram ofertados em forma de aplausos, sorrisos, apertos de mãos, abraços.

  Gestos de carinho, de amor ao irmão dedicado que se tem doado, inconteste, ao próximo, independente de crença, de posição social, cultural, ou outra adjetivação qualquer. É o semeador do verbo, do amor, da esperança, do exemplo, tendo sempre por divisa o Mestre Nazareno. Reabastecendo-se nas fontes do amor, o semeador devotado segue intimorato, vivamente feliz, porque ama. A semeadura foi realizada, cabe a cada um preparar o próprio solo íntimo para acolher as sementes do Cristo. Concluído mais esse roteiro doutrinário em terras do belo Estado do Paraná, o semeador incansável foi em busca de outros solos. Onde? Não importa, pois que o semeador semeia, semeia, semeia...
 

Nota do autor: 

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita