O Espiritismo responde

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Em mensagem publicada na seção de Cartas desta edição, o leitor Mauricio Monteiro de Oliveira (Fortaleza, CE) escreveu-nos: “Continua ainda muito subjetiva para mim a questão de princípio inteligente ou espiritual: é ou não a mesma coisa?”

Os autores, incluindo Allan Kardec, utilizam as expressões princípio espiritual e princípio inteligente com o mesmo sentido, conforme já foi dito nesta revista em mais de uma oportunidade. Em uma delas, nesta mesma seção, na edição 321, que os interessados podem ler clicando neste link

Na obra da codificação kardequiana fica evidente a opção pela expressão princípio inteligente em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, como comprovam os textos abaixo:

“Que é o espírito? – O princípio inteligente do Universo.” (L.E., questão 23.)

“Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material? – Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.” (L.E., questão 79.)

“Que definição se pode dar dos Espíritos? – Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.” (L.E, questão 76.)

“Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados? – Do elemento inteligente universal.” (L.E., questão 606.)

“Seja qual for a ideia que dos Espíritos se faça, a crença neles necessariamente se funda na existência de um princípio inteligente fora da matéria.” (L.M., cap. I, item 1.)

“Numerosas observações e fatos irrecusáveis, de que mais tarde falaremos, levaram à consequência de que há no homem três componentes: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente, onde tem sua sede o senso moral; 2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que ele se revestiu temporariamente, em cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo.” (L.M., cap. I, item 54.)

"Depois da morte do animal, o princípio inteligente que nele havia se acha em estado latente e é logo utilizado, por certos Espíritos incumbidos disso, para animar novos seres, em os quais continua ele a obra de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há, errantes, Espíritos de animais, porém unicamente Espíritos humanos." (L.M., cap. XXV, item 283, pergunta 36ª.)

Ocorre que em sua última obra – A Gênese – o codificador do Espiritismo preferiu a expressão princípio espiritual, como podemos verificar no cap. IV, item 16, e no cap. XI, itens 1 e 2. Chama-nos a atenção, nessa obra, o trecho adiante reproduzido, em que Kardec utiliza princípio espiritual com o mesmo sentido de princípio inteligente mencionado em O Livro dos Espíritos:

“A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. E, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios.” (A Gênese, cap. XI, item 1.)

Contudo, na Revue Spirite, em inúmeras passagens, Kardec usa a expressão princípio inteligente como sinônimo de alma, o que é possível verificar na Revue de 1861, pág. 242; na Revue de 1864, pp. 138 e 139; na Revue de 1865, pág. 95, e na Revue de 1868, págs. 259 e 260, conferindo à expressão princípio espiritual a ideia de elemento espiritual, em oposição a elemento material.

Concluindo, entendemos que se trata de expressões sinônimas, contudo seria mais prudente usar a expressão princípio espiritual como elemento, em oposição a princípio material, reservando a expressão princípio inteligente para os casos em que queremos referir-nos à parte imaterial individualizada presente nos seres vivos e que sobrevive ao fenômeno da morte. No caso dos animais e dos homens, a essa parte imaterial individualizada o Espiritismo dá o nome de alma.
 


 
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