Internacional
por Ênio Medeiros

Ano 11 - N° 522 - 25 de Junho de 2017

 

 

Divaldo Franco: “O caminho para a plenitude sempre será o amor”


Na noite de terça-feira, dia 6 de junho de 2017, após ter sido recepcionado pelos amigos do Verein für spiritistische Studien Allan Kardec - VAK/Viena no entardecer da segunda-feira, Divaldo Franco realizou conferência na sede da Sociedade Espírita que ele ajudou a fundar.

Ainda no ano de 1989, no quarto do pequenino apartamento do querido amigo Josef Jackulak, aconteceu a primeira reunião espírita na Áustria após a II Guerra Mundial, da qual participou um pequeno grupo de cinco pessoas. Dessa modesta reunião se originou, mais tarde, a fundação do VAK/Viena, que até hoje prossegue fiel aos postulados da amada Doutrina Espírita e a Allan Kardec.

Divaldo falou sobre a temática das Vivências em Família, contando com a eficiente tradução ao idioma alemão de Edith Burkhard. De imediato, Divaldo apresentou o amigo Dr. Juan Danilo Rodríguez, médico equatoriano, que destacou a importância da participação e convivência em sociedade e, referindo-se à família, frisou ser ela um dos mais belos presentes que Deus oferece aos seres humanos, sendo uma oportunidade de redenção no caminho do amor.

Divaldo Franco fez uma retrospectiva histórica sobre a família, termo originado do latim famulus, ou seja, servo, referindo-se às famílias romanas, que se caracterizavam pelo número de servidores que atendiam ao clã.  Porém, em uma análise contemporânea, pode-se observar que a família possui, segundo sua natureza, duas configurações: a biológica e a espiritual. A família é a célula da sociedade e, em assim sendo, quando a família adoece, a sociedade se desorganiza.

Apresentando dados sobre os estudos realizados pelo Dr. Rollo May (1909-1994), teólogo e psicólogo dos Estados Unidos da América, o lúcido orador explicou que a violência urbana se tornou muito mais grave em razão da dissolução dos costumes da família. Vivemos uma explosão na busca da liberdade, os laços de respeito entre as pessoas afrouxaram-se. A família de hoje é a da libertinagem, caminhando para um momento onde a solidão tomará conta da sociedade. As linhas básicas da educação foram transferidas para a escola, os pais tentam diminuir, a cada dia, a sua responsabilidade na formação do caráter dos filhos, muito em razão de serem pais ainda jovens, que se uniram mais por impulso do que por amor. Esses jovens pais não suportam os desafios que uma vida em família exige, dando surgimento aos filhos órfãos de pais vivos.

A família é o laboratório sublime da sociedade. Nesse núcleo, seus integrantes aprendem, através daqueles que são "nossos", a amar aos que são "dos outros".  Temos hoje, asseverou o experiente orador, uma sociedade culta, civilizada, rica de tecnologia e pobre de paz. Cabe aos indivíduos o exercício que os leve a uma mudança interior para melhor.

O Dr. Miguel Ruiz (1952-), descendente de uma cultura indígena no México, com mais de 5.000 anos de história, elaborou uma pequena síntese para uma vivência saudável em sociedade:

1º - Ser impecável com a palavra.

2º - Nunca levar nada para o lado pessoal.

3º - Não tentar tirar conclusões apressadas.

4º - Dar sempre o melhor de si.

Utilizando-se de sua vastíssima experiência como educador de almas, Divaldo penetrou nas intrincadas questões da educação, com a firmeza semelhante aos caminhos desvelados por Jesus, dos milhares de crianças que passaram pela obra assistencial Mansão do Caminho, explicitando como a Doutrina Espírita pode auxiliar na grandiosa tarefa de educar, salientando, ainda, que a grande divulgação do Espiritismo é a própria conduta dos espíritas. A sociedade humana está cansada de palavras, aguarda por vivências, pela exemplificação através dos atos, confirmando a teoria. “Não podemos falar em educação sem falar em exemplo”, afirmou Divaldo Franco.

Encerrada a conferência, Divaldo ainda respondeu diversas questões, aprofundando alguns pontos, sempre com a alegria que lhe habitual, oferecendo a simpatia e o sorriso aos que lhe buscavam a atenção.

Encerramento do roteiro de luz - Na noite de 8 de junho, quinta-feira, nas instalações do Regina Hotel, no centro da bela Viena, foi onde se deu o encerramento do que podemos denominar um roteiro de luz.

Estava, pois, sendo concluída mais uma grande jornada de divulgação da Doutrina Espírita no Velho Mundo. Ao longo dos últimos 30 dias, o incansável orador percorreu 12 países e 22 cidades da Europa levando-lhes sua palavra de estímulo, sua alegria de viver, a renovação e a esperança a muitos corações afetuosos e a todos que o ouviram. Somente os obstinados possuem as fibras necessárias para realizar uma atividade dessa magnitude. Foi um trabalho hercúleo, levando os ensinamentos de Jesus Cristo aos famintos da alma que todos somos.

Desenvolvendo o tema autoiluminação, atendendo ao convite dos amigos do Verein für spiritistische Studien Allan Kardec - VAK/Viena, e contando com o valioso auxílio de Edith Burkhard, que verteu a conferência para o idioma alemão, Divaldo Franco, com seu verbo iluminado, sensibilizou os presentes, tocando-lhes as suas fibras íntimas, falando-lhes ao coração sobre a fundamental importância da transformação interior.

Como habitualmente fez na jornada, Divaldo apresentou seu amigo, que o acompanhou por todo o percurso, Dr. Juan Danilo Rodríguez, médico, fundador de uma instituição holística em Quito, no Equador, dedicada ao tratamento e cura do autismo, e também fundador do primeiro centro espírita do Equador. Dr. Juan fez referência à sincronicidade e à Lei de Causa e Efeito, segundo a qual cada indivíduo encontra-se no local e na situação de que necessita para evoluir, referindo-se especialmente àqueles que deixaram o país onde nasceram para florescer em outras pátrias, buscando, todos, a autoiluminação, o crescimento espiritual.

trator de Deus, nas palavras de Chico Xavier, Divaldo Franco, asseverou que a criatura humana necessita alcançar a finalidade para qual veio à Terra, isto é, a plenitude, o estado numinoso, o Reino dos Céus. Esta é uma busca inevitável, uma vez que todos marchamos na direção do progresso. Segundo o experiente expositor, o progresso moral não atingiu, ainda, os mesmos níveis do progresso intelectual, pois a humanidade prossegue sob o jugo das paixões inferiores, dos instintos agressivos e das necessidades imediatas do ego.

O psicólogo e professor Mira y Lopez (1896-1964), em seus estudos, concluiu que existem gigantes devoradores de vidas. Assim, ele escreveu o livro Os Quatro Gigantes da Alma, comprovando que esses gigantes conduziram e ainda conduzem os homens às paixões, afastando-os da plenitude. A solidão, a ansiedade, o medo e o sexo tomaram conta do pensamento humano. Outros pensadores apresentaram projetos de autoajuda, em uma tentativa de buscar a própria paz. Muito se tem feito em benefício da humanidade. No Oriente, por exemplo, a prática da meditação, a contemplação, as artes marciais são propostas para a conquista da autoiluminação.

O Espiritismo, uma ciência filosófica e moral, veio a lume em 1857, apresentando recursos para iluminar a criatura humana. Descobriu-se que o grande problema do homem é o próprio homem, que, atribuindo aos outros suas culpas, se permite vitimizar, sem coragem para assumir a realidade de sua fragilidade. O grande vazio que o ser humano enfrenta é a falta de um sentido existencial, vivendo sem um rumo norteador, sem objetivos.

Apresentando exemplos de pessoas estoicas, que não se curvaram diante das negativas da vida e, sem desistir, triunfaram, deixando um legado de ensinamentos, Divaldo demonstrou ser possível alcançar a plenitude, sentindo-se feliz onde e como se encontra a criatura humana.

Com sua verve característica, Divaldo narrou, na sequência, a bela Lenda da Calhandra, ou do Rouxinol, história real vivida e atribuída a Ernestine Schumann-Heink, famosa cantora de ópera, e Elizabeth Gladich, a pequena violinista. Inspirado, o incansável orador sensibilizou os ouvintes. A lenda é um exemplo de amor à vida, de valorização da presença de Deus no ser humano, assim destacou o Embaixador da Paz no Mundo, afirmando que todos somos calhandras de Deus, que a cada um de nós falou: Vai e faz a tua parte, seja ela qual for. Assim, cantando as Glórias de Deus, os indivíduos devem buscar a felicidade, construindo-se no amor e plenificando-se.

O Espiritismo, afirmou o nobre orador, propõe a autoiluminação através da caridade, por ser a mais nobre autotransformação para melhor. A maior caridade é transformar o coração, amando-se, para poder amar aos outros. Espíritos nobres, interessados em nossa plenitude, são atraídos e nos ajudam a compreender que só estaremos realmente bem quando tudo ao nosso redor estiver bem, salientou o venerando orador. A verdadeira felicidade está na alegria de encontrar-se bem, fazendo todo o bem possível. A maioria das pessoas deseja uma felicidade sensorial, que cansa, enquanto uma felicidade transcendental plenifica. Quando damos, repartimos o amor, multiplicamos e nos plenificamos.

Concluindo a brilhante conferência, Divaldo deixou algumas interrogações com o objetivo de estimular reflexões:

- Qual é o ideal que você abraça?

- Qual o anseio que você possui para uma vida melhor?

- O que você está fazendo para o mundo melhorar?

Ao encerrar, deixando mais um estímulo, Divaldo Franco propôs o desenvolvimento da fraternidade, do amor, afinal o caminho para a plenitude sempre será o amor.

Após a conferência o querido expositor ainda respondeu a vários questionamentos, apresentando respostas calcadas em sua vasta experiência de vida, o que muito enriquece os que o ouvem, pois a sua história se constitui em uma longa existência dedicada ao amor, ao próximo e à educação.

Para sua surpresa, os amigos locais o presentearam com uma linda torta, alusiva ao seu 90º aniversário transcorrido no último 5 de maio.

Todos saíram repletos de alegria e felizes pela abençoada oportunidade de estar na companhia desse querido amigo, um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. 


Nota

As fotos desta reportagem são também de Ênio Medeiros, de Santa Cruz do Sul (RS). 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita